Cinco

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No dia seguinte, William acordou um pouco tarde. Ele estivera longas horas na festa, apesar de se ter retirado antes da festa terminar. Tinha chegado tarde a casa. E quando chegou, o seu mordomo entregou-lhe uma carta com uma notícia terrível. A carta dizia que o seu primo estava gravemente doente, à beira da morte e que ele deveria ir ter com o seu primo o mais depressa possível. Ficara destroçado!

Quando olhara para o relógio era uma e meia da manhã. Mas antes de se ir deitar ficara na sua biblioteca a ler vezes e vezes sem conta a terrível carta e a beber alguns goles de uma garrafa de brande (ou talvez a garrafa toda, pois ao acordar, encontrou-a em cima de uma mesinha ao lado da sua poltrona, completamente vazia). Também estivera a pensar na sua noiva, Elizabeth.

Acordara na biblioteca, deitado na sua maravilhosa poltrona de couro. Doíam-lhe as costas e a cabeça. Levantou-se da poltrona e chamou Hendy, o seu mordomo. Hendy entrou rapidamente na biblioteca e fez uma vénia respeitosa.

- Chamou-me, milorde? - Perguntou Hendy, sabendo já a resposta, mas fazendo a pergunta só por cortesia.

Os olhos azuis intensos de William poisaram no rosto envelhecido e cansado de Hendy.

- Sim, chamei. - Respondeu, por fim. - Hendy, quero que mandes prepararem-me um banho.

Depois, William virou costas, colocou um dedo sobre o lábio inferior e, com um ar pensativo, pôs-se a pensar no que iria fazer. Tinha de ir ter com o seu primo o mais rápido possível, mas também tinha de tratar da sua noiva.

Precisava que Elizabeth fosse com ele. Queria-a com ele naquele momento tão difícil. Mas teria de ser rápido. Então, ... teve uma ideia.

Virou-se, novamente, para o seu mordomo com um olhar malicioso.

- Prepara-me uma carruagem, Hendy. - Disse, com os olhos a brilhar e um sorriso leve a aflorar-lhe os lábios. - Tenho de ir buscar uma dama.

- Com certeza, milorde. - Assentiu Hendy, com expressão impassível como sempre.- Mais alguma coisa?

- Não, podes ir!

Hendy saiu, deixando William com os seus pensamentos. Serviu-se de um copo de conhaque e sentou-se, novamente, na sua poltrona de couro.

Elizabeth Ravensberg. Não havia dúvidas de que era a mulher mais fascinante que conhecera na sua vida.

William olhou fixamente para o chão. Pela milésima vez, tentou convencer-se de que os seus sentimentos pela sua noiva não eram profundos, mas tentara o mesmo muitas vezes e acabara por desistir. Aquela mulher tinha qualidades surpreendentes.

William bebeu um gole de conhaque e ficou a revirar o copo nas mãos. Os seus sentimentos por Elizabeth eram profundos. Gostava imenso dela. Amava-a. Desejava-a. E por mais que tentasse contradizer o que sentia, chegava sempre à mesma conclusão: Amava Elizabeth. Queria-a nos seus braços. Queria estar com ela. E queria que ela fosse com ele para Bath. Queria que ela o apoiasse quando estivesse com o primo, que considerava como um irmão.

Depois de ter tomado o seu banho, de se ter arranjado e de ter ido de carruagem para casa de Elizabeth, William bateu à porta da grande mansão. Gordon, o mordomo dos Ravensberg, abriu-a e olhou para William com um ar surpreendido.

- Quer falar com Mr. Ravensberg? - Perguntou o mordomo, abrindo um pouco mais os olhos.

- Eu sei que vim sem avisar, mas se fizesse favor, poderia chamar Mr. Ravensberg? - Indagou, com o seu ar mais educado.

- Com certeza! - Assentiu Gordon. - Por favor, siga-me até à sala de visitas.

William seguiu o mordomo até à sala de visitas e sentou-se numa poltrona bege que havia no centro da sala e esperou que Mr. Ravenberg entrasse.

Prometida ao IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora