Capítulo oito: Eu sempre te amei!

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Entro no casarão e já me deparo com Eduardo me esperando logo na entrada. Ele parecia estranhamente inquieto. O que não era normal. Eduardo sempre foi o mais pacional e tranquilo possível, nunca o vi sair forra de si, nunca o vi alterado, nem tão pouco, inquieto.

Ele me olha atentamente e se vira, andando em direção ao escritório que vovô Tide tinha na casa. Sem ter outra alternativa, o sigo.

Ao entramos no escritório, noto que já havia alguns papéis em cima da mesa. Eduardo se senta junto a mesa e começa a mexer nos papéis.

— O que posso fazer para ajudar? - pergunto já que claramente ele não irá me dizer.
— Preciso que analise o contrato com a rede de supermercados, precisei fazer algumas alterações a pedido do cliente. - diz ele sem olhar para mim.

Eu não se bem o que me deu, acredito que tenha sido a frustração do dia misturado com as doses de caipirinha que tomei, mas, aquilo me incomodou, e muito.

— Eduardo, o que está acontecendo com você? - pergunto seriamente. Ele me olha. Espantado, talvez.
— Não entendi. - diz ele meio confuso.
— Pois vou fazer você entender. - digo andando alguns passos em sua direção parando bem a sua frente do outro lado da mesa. O olho seriamente. — Você precisa de mim, pede minha ajuda, atrapalha minha noite e nem sequer se dá ao trabalho de pedir por favor! Não sabia que era tão mau educado. - quando dei por mim já tinha falado. Mas não poderia voltar atrás eu já estava farta. Ele me olha surpreso.
— Me desculpe Malu, eu, eu estou um pouco estressado, estou trabalhando muito nesse investimento, é muito importante para a empresa esse contrato. Me desculpe. - desabafou ele. E confesso, isso amoleceu meu coraçãozinho mole.
— Tudo bem. - falo e em seguida me sento a sua frente pegando a pequena pilha de papéis que estava a minha espera.


Não sei por quanto tempo fiquei ali, analisando cada folha, cada detalhe, mas enfim acabei. E me sentia exausta.

— Está tudo certo! - falei entregando os papéis para Eduardo.
— Obrigado. - disse ele os pegando. Apenas fiz que sim.
— Precisa de mim para mais alguma coisa? - pergunto.
— Não, era apenas isso. - diz ele. Me levanto e quando me viro para sair Eduardo fala.
— Amanhã depois que a reunião com o cliente terminar, marquei com o advogado da empresa que está cuidando do processo do divórcio, ele irá lhe explicar tudo o que precisa saber.
— Está bem. - digo apenas e saio.


Subo as escadas com as lágrimas já caindo de seus olhos. Estava acontecendo mesmo.

Me sento no sofá ainda em lágrimas, aquele seria o fim de anos de amor reprimido. Amor esse que nunca veio a tona, que nunca foi dito, que nunca foi demonstrado. Amei Eduardo desde sempre, e ele nunca soube. E agora, ele mesmo estava dando um fim a isso. E isso me doía e muito.

Abro os olhos sentindo que estou sendo, carregada. Olho para cima e vejo Eduardo. Eu ainda estava sonolenta, e um tanto alterada pela a caipirinha, mas, me lembro bem disso.

— Por que Eduardo? - pergunto o olhando. Só então Eduardo percebe que acordei. Ele para de andar e me olha. Sem entender minha pergunta, ele apenas me olha atentamente. — Por que você nunca me notou? Eu sempre te amei! - e antes de adormecer novamente, ainda consigo ver a feição de surpresa e confusão de Eduardo. E assim eu apago. Literalmente.


Acordei no dia seguinte sentindo que minha cabeça ia explodir. Eram os efeitos da noite passada. Vejo que estou na cama e que não há mais ninguém no sofá, Eduardo já havia saído. Ao lembrar dele, me vem a mente  a cena  dele me carregando para a cama, eu estava em seus braços e ele cheirava tão bem... E então eu me declarei.

Meu Deus. Eu me declarei para Eduardo. Isso não estava acontecendo. Minha cabeça dói ainda mais quando penso na burrada que fiz. Naquele momento eu queria me matar. E como se não pudesse piorar, a porta do quarto é aberta e Eduardo entra por ela.

— Bom dia. - diz ele.
— Bom dia. - falo sem jeito.
— Trouxe sal de frutas, pra aliviar a... - deixou o resto das palavras no ar, então se aproximou e me entregou o copo com o sal de frutas já misturado.
— Obrigada. - digo apenas. Eu estava morta de vergonha. Bebi o líquido sob o olhar vigilante de Eduardo.
— Como se sente? - pergunta ele.
— Um pouco melhor. - respondo.
— Todos já se foram, saíram  cedo. - diz ele me fazendo lembrar da viagem a capital que vovô Tide fez.
— Dormi demais, nem me despedi. - falei decepcionada.
— Eu disse a eles que você estava dormindo, estava cansada. Eles entenderam. - disse ele gentilmente.
— Obrigada Eduardo. - digo o olhando. Eduardo sorri. E aquela era a primeira vez que eu o vi fazendo isso. Mas, antes que eu pudesse me alimentar de novas esperanças, meu cérebro já mandou a mensagem para o meu coração, ele quer o divórcio. E então esses pensamentos foram frustrados.
— Precisamos ir para a empresa. - diz ele. Ah claro, era por isso que ele estava sendo tão atencioso, ele queria cuidar logo do assunto do divórcio. É, realmente eu sou uma idiota.
— Está bem, vou me arrumar. - digo e ele faz que sim em seguida saí do quarto.


E assim, me levanto e me arrumo, o dia seria cheio. E longo.

Meu futuro ex-maridoOnde histórias criam vida. Descubra agora