Meu futuro ex-marido

Capítulo dez: O beijo

Ao entrar novamente na sala de reuniões, sinto um frio na barriga me dominar. Em apenas uma conversa tudo estaria resolvido. Tudo estaria acabado.

Nos sentamos e logo o tal advogado começou a falar.

- Como o Dr. Eduardo havia me pedido, fiz o acordo de divórcio da melhor forma possível para ambos. - diz ele ao me entregar uma folha de papel. - Como a senhora pode ver, o acordo é bem generoso para a senhora. Ficará com um apartamento na capital, um prédio com salas comerciais e uma mesada de 10 mil por mês. Ficará bem amparada senhora Maria Luiza. - concluiu ele.
- Está bem, mas, eu não quero nada disso. Assino o divórcio assim que todo o processo estiver pronto, mas, não quero nada. - falei convicta. O tal advogado e Eduardo se olharam espantados.
- Malu, por mais que nosso casamento não tenha sido de uma forma convencional, eu quero que aceite o que eu estou lhe dando. Quero que fique bem amparada, que não tenha que passar por dificuldades futuramente. Você sabe que vovô não está bem de saúde, ele não viverá pra sempre, vovó também não, e a vida segue. Não quero que no futuro algo de ruim lhe aconteça, fomos criados juntos, tenho muito carinho por você, quero que fique bem. - disse Eduardo.
- Eduardo, obrigada por suas palavras, por seu gesto, e por, seus presentes. Mas, eu não os quero. E não se preocupe, eu ficarei bem, não serei um fardo nem um peso para sua família no futuro, sei cuidar de mim, e, só entre logo com o pedido doutor, assim que estiver pronto eu assinarei, tenho pressa. - ao dizer isso, me levanto e saiu daquela sala.

Aquela situação já havia passado de todos os limites. Estava insustentável. Eduardo nunca me amou, nunca me notou, agora queria o divórcio porque havia se apaixonado, no entanto, queria garantir que eu não seria um fardo para ele no futuro. E isso eu não admitiria. Nunca. Entro na sala que eu dividia com Eduardo sentindo a raiva me dominar. Passei por Susan na recepção como uma bala, não queria nem sequer olhar para a amante do meu marido, aquilo tudo já era demais pra qualquer pessoa aguentar.

E como se não tivesse como piorar, Eduardo entra na sala fechando a porta. É claro que aquela conversa não teria acabado ali. Tentei respirar, me manter calma, passiva, mas, a raiva era grande, a frustração também.

- Malu, o que está acontecendo? - pergunta ele ao parar a minha frente. Respiro fundo.
- Nada Eduardo, não está acontecendo nada! - digo já cansada de tudo aquilo.
- Não, tem algo que está te incomodando, você não é assim, me diga, o que está acontecendo com você?! - insistiu ele.
- E o que você acha que está acontecendo comigo Eduardo? - pergunto olhando atentamente em seus olhos. E isso foi a minha perdição. Meu descontrole. - Estamos há cinco anos num casamento de mentira, vivendo uma mentira apenas para agradar vovô Tide, passei os últimos cinco anos da minha vida num casamento arranjado e morando em outro país, quando eu finalmente volto para casa, você não estava lá, todos estavam, você não. E o melhor, eu sei bem onde você estava, quer dizer com quem você estava. - ao ouvir isso, Eduardo fica sem ação. Vi que o peguei. - Sim Eduardo, eu já sei que a mulher por quem você está apaixonado é a Susan, vocês deveriam ser mais discretos se não quiserem um escândalo! - falo nervosa.
- Malu, eu...
- Eu não terminei Eduardo. Você não quer saber o que está acontecendo comigo? Pois bem, vou lhe contar. Você acha que tem sido fácil pra mim viver esses últimos cinco anos assim? Não Eduardo, não tem sido fácil. Eu sei que você não sente nada por mim, nunca sentiu, mas, a tonta aqui, sente algo por você. Sim, eu sinto. Sempre senti, foi por isso que aceitei esse absurdo, que aceitei o casamento, na verdade, eu tinha esperanças de que um dia você finalmente me notaria, mas, depois que voltei e vi que você já está com outra, finalmente percebi que isso nunca irá acontecer. Você quer o divórcio? Tudo bem, eu te dou, mas, não quero nada de você, não quero nenhuma migalha. Fique com seu dinheiro, com seus imóveis, com sua vida. Apenas me deixe viver a minha, você mesmo sem saber já me fez muito mau Eduardo. E isso acaba aqui. - ao dizer isso, retiro de dentro da minha bolsa a aliança de casamento que um dia Eduardo colocou em meu dedo. - Tome! Ela é sua. - digo ao lhe entregar a aliança. Eduardo apenas a pega, sem dizer mais nada. - Está acabado Eduardo. Finalmente eu consegui dar um ponto final a isso. Siga sua vida com Susan, sejam felizes. Um de nós merecemos isso. - ao dizer isso, pego minha bolsa e saiu dali.

Entro no elevador passando por Susan novamente que me olha confusa. Aperto o botão do térreo mas, antes mesmo que o elevador fechasse a porta, Eduardo entra por ele, percebo que Susan tenta o seguir com alguma desculpa esfarapada, mas, ele a ignora. A porta do elevador se fecha e desse um andar. Nesse momento, Eduardo aperta o botão que para o elevador, e eu o olho confusa e cheia de mágoa.

- O que pensa que está fazendo? - pergunto seriamente.

Eduardo apenas me olha, nada diz. Sinto meu coração acelerar, meus olhos não param de olhar os seus, e o tempo parece parar. Eduardo se aproxima alguns passos de mim, e continua a me olhar. Sinto nossas respirações se cruzarem no ar de tão próximos que estávamos, e com isso, Eduardo toca em meu rosto. Um simples gesto mas que foi capaz de mexer com todas as estruturas do meu ser. Sim, Eduardo ainda mexia comigo de uma forma inexplicável.

- Não, por favor! - imploro ao sentir seu toque, e nesse mesmo momento fecho meus olhos. Eu não queria que ele me tocasse, mas também não queria que ele parasse. Era um misto de sentimentos incontroláveis.

Eduardo continua acariciando meu rosto de uma.forma tão suave e sensível que me sinto desmanchar em suas mãos. Sinto raiva de mim mesma por isso, eu estava tão decidida, confiante, e naquele momento, no momento em que Eduardo me tocou, tudo acabou, e eu voltei a estaca zero.

Sinto Eduardo se aproximar ainda mais de mim, até que sinto seus lábios tocarem em meu pescoço.

Seus lábios eram tão macios, suave. Um arrepio me dominou, eu estava entregue com apenas um toque. Que tipo de poder Eduardo tinha sobre mim? Pensei.

Eduardo deu um.beijo suave e sensível em meu pescoço e então senti ele se afasta, mas por breves instantes. Em seguida, sinto seus lábios tocarem os meus. E nesse momento sinto algo bem no meio de minhas pernas estremecer.

Que sensação era essa?