Capítulo dezoito: Carlos

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Paula tinha razão, ela havia colocado uma bomba em meu colo e eu simplesmente não sabia o que fazer para controlar aquela situação.

Tentei agir normalmente, tentei ser eu mesma, e tentei encontrar a verdade, mas, seis meses se passaram e eu continuava como estava, no escuro.

Eduardo não mudou, agia como sempre, me cercando de carinho, estando sempre ao meu lado. E aos poucos, fui deixando aquelas desconfianças de lado, afinal, nada mudou, então certamente eu estava receosa a toa.


- Senhora Maria Luiza, preciso que assine essa autorização para o depósito do dinheiro para a empresa que irá cobrir o evento. - disse Susan ao entrar na sala que ainda dividia com Eduardo.

Susan parecia ter aceitado o término com Eduardo tranquilamente, ouvi até boatos de que ela já estava com outro, e tudo parecia seguir bem.

- Pronto. - falei ao assinar a autorização. Susan pegou o documento e saiu.
- Como está tudo para a festa? - perguntou Eduardo a minha frente.
- Graças a Deus, tudo está em ordem. Com a ajuda de Paula consegui organizar tudo, tenho certeza que será uma bela festa. - falei.
- Sei que sim. - respondeu ele.

Em dois dias faríamos uma.grande festa na empresa em comemoração aos trinta anos de sua existência. Vovô Tide estava animado, e todos os funcionários não falavam de outra coisa.

*****

Enquanto dava os últimos retoques em minha maquiagem, não pude deixar de me sentir feliz ao ver no espelho o quanto eu estava bonita. Sentia orgulho de mim mesma pois, a imagem que via diante daquele espelho era a imagem de uma mulher completamente diferente daquela que um dia partiu dali. Me sentia de certa forma mais madura, era como se eu estivesse chegado a um outro nível. Vestida em um longo vestido de festa rosa claro com uma fenda lateral, desci as escadas para irmos ao evento.

Todos já estavam lá, todos exceto Eduardo.

- Você está linda minha filha. - disse vovô Tide ao me ver. Sua saúde já estava um pouco frágil, sua pressão estava sempre osilando e vovô se sentia mais cansado que o normal.
- Obrigada vovô. - falei com um sorriso.
- E Eduardo? - perguntou vovó Mara.
- Eu não sei, achei que estivesse aqui. - falei.
- Paulo... - disse Márcia como se estivesse dando uma ordem silenciosa. Paulo fez que sim e então se afastou com o celular já em mãos. Olhei para Paula que parecia estar tensa, impaciente.
- Ele já está na empresa. Disse que está nos esperando lá. - disse Paulo.
- Então vamos. - disse vovó Mara. E assim todos saímos.

A verdade era que naquela semana, eu não tive tempo para Eduardo como eu queria. Aquela festa estava tomando todo o meu tempo. Claro que eu senti que Eduardo também estava um tanto distante, já tinha semanas que ele não me procurava mais, mas, com a correria da festa, deixei isso passar.

Ao chegar na empresa fomos direto para a área externa dos fundos, onde seria realizada a festa. Tudo estava perfeito. A decoração rústica, os convidados importantes empresários que eram clientes de vovô, os funcionários, todos estavam ali. Vovô entrou e foi recebido com uma salva de Palmas. Emocionado, se apoiando em sua bengala, vi meu avô de consideração derramar algumas lágrimas, ele estava feliz. E naquele momento me senti realizada. Eu havia feito algo por alguém que sempre fez tudo por mim. E aquela era a melhor das recompensas.

- Você está linda! - diz Eduardo ao me abraçar por trás. Me viro e o olho. Eduardo sorria e parecia leve, mas, havia algo de estranho em seu olhar, algo que eu não sabia bem o que era.
- Te esperei em casa, você não estava lá. - falei.
- Me desculpe, um dos clientes me chamou para beber antes da festa. - disse ele. Mas antes que eu pudesse dizer algo, um homem que estava a alguns metros de nós fez sinal para Eduardo e ele me deu um beijo rápido na bochecha e saiu ao seu encontro.

E aquele foi o sinal. Algo não estava certo ali. Agora eu tinha certeza disso.

A festa se seguiu, todos pareciam felizes e animados. Eduardo estava a todo o tempo conversando com funcionários e clientes, até que alguém familiar cruzou meu campo de visão. Era Carlos.

Vestido num conjunto de terno e colete preto, Carlos parecia ainda mais bonito do que da última vez que o vi. Com um copo de bebida na mão, ele o ergueu e me cumprimentou a distância. Confesso que o ver assim, depois de tanto tempo, me fez sentir um leve arrepio. E logo suas palavras voltaram a minha mente.

Almas gêmeas são destinadas a se encontrarem mas não a ficarem juntas.

O que estava acontecendo comigo?

Caminhei em sua direção e fui até ele. Meu coração estava alegre, e logo um sorriso se formou em meus lábios.

- Carlos! - falei ao parar a sua frente. Ele sorriu.
- Malu! - disse ele olhando fundo em meus olhos. - Você está linda! - disse ele ainda olhando em meus olhos.
- Você também está. - falei. - Quando chegou?
- Na cidade há dois dias, aqui, há poucos minutos. - disse ele.
- E por que não me procurou?
- Deixei a cargo do destino! - disse ele.
- Bom, essa festa é na empresa em que trabalho, então, seria certo me encontrar aqui. - falei sorrindo. Ele sorriu em resposta.
- Estou tão feliz em te ver Malu. - disse ele de uma forma gentil. Carlos olhava atentamente em meus olhos, como se enxergasse minha alma.
- Eu também Carlos. - falei. E um clima sereno pairou no ar.
- Confesso que esperei por uma visita sua. - disse ele para minha surpresa. Correi.
- Eu não fui para a capital. Se tivesse ido, teria ido lhe ver com certeza. - Carlos sorriu.
- Eu sei que sim Malu. - disse ele com convicção. - Malu, sobre o que eu lhe disse na última vez que a vi, apesar de ter sido rápido, foi sincero... Sinto que você é minha alma gêmea, acredito nisso. Desde que tombei com você na rua, sinto que o destino nos uniu. Mas, depois que descobri que você é casada, perdi as esperanças mas não a certeza... Você é especial Malu, mais do que possa imaginar. - ao ouvir isso, sinto que meu coração pode parar a qualquer momento. E isso me deixou ainda mais confusa.
- Carlos, vamos manter nossa amizade. É só o que posso te dar. - falei. Ele sorriu.
- Sim eu sei Malu. E não fico triste por isso, muito pelo o contrário, fico feliz em saber que você está feliz. Isso é amor não é?! - disse ele me deixando ainda mais surpresa, afinal, eu havia dito aquelas palavras a Eduardo meses atrás quando ele queria o divórcio porque estava apaixonado por Susan. Sorri sem graça. - E seu marido? - perguntou ele.
- Ele está.... - tentei encontrar Eduardo com os olhos mas não o vi. - Ele estava ali agora mesmo, vou procurá-lo. - ao dizer isso, saio. A verdade era que eu precisava me afastar de Carlos.

Procuro Eduardo por toda a festa e não o encontro. Então, decido voltar para o hall de entrada do prédio e fico sabendo pelo o controlador de acesso que Eduardo havia subido para sua sala acompanhado por... Susan.

Meu coração parou ao ouvir essa informação.

Eduardo estava em seu escritório com Susan, a sós. Um medo me dominou, uma incerteza me atingiu, e apesar de não querer, entrei no elevador e apertei o botão para o último andar, onde ficava nossa sala.

Meu futuro ex-maridoOnde histórias criam vida. Descubra agora