Capítulo nove: O destino

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Partimos para a empresa em total silêncio.

Com óculos escuros no rosto, não ousei olhar para a direção de Eduardo, que dirigia em total silêncio também. Já havia passado da hora de eu me libertar daquela obsessão.

Sim, obsessão!

Eu não o amava, eu era apenas obsecada por Eduardo. O filho do patrão, o neto preferido, o certinho, que fazia tudo direitinho, o calado que mesmo sem abrir a boca deixava as meninas loucas por ele. Eduardo havia se tornado uma obsessão, e eu precisava me libertar disso. Já havia perdido muito tempo com isso.

Chegamos na empresa e fomos direto para a sala de reuniões, aos poucos, as pessoas foram chegando. Eduardo me apresentou para o advogado da empresa, um simpático senhor de cabelos brancos. Susan também estava lá é claro. E pouco tempo depois, o cliente havia chegado, acompanhado é claro. Vi dois homens passarem através da parede de vidro, mas não pude ver bem seus rosto, até que eles entrarão. E ao ver o homem cruzar a porta, fico literalmente de boca aberta ao ver Carlos, sorrindo vindo até nós.

Ele estava mais elegante que nunca num conjunto de terno azul marinho e camisa azul claro sem gravata, Carlos exibia um lindo sorriso que me fez perder a fala.

Que mundo pequeno!

— Como vai senhor Tsunaga? - perguntou Eduardo ao apertar a mão de Carlos.
— Vou bem. E você? - retrucou ele.
— Bem também. - respondeu Eduardo. — Esse é meu advogado o senhor Magno, minha secretária Susan, e, Maria Luiza, ela é representante de uma das acionistas da empresa. - disse ele. Eu simplesmente não sabia o que fazer, nem o que falar. E Carlos percebeu.
— Mundo pequeno esse não é Malu?! - disse Carlos com um sorriso. E como se saísse de um transe respondi.
— Pequeno demais! - falei.

Eduardo e Susan ficarão espantados.

Carlos se aproximou de mim e me cumprimentou com um beijo na bochecha, fiquei sem ação.

— O destino! - disse ele baixinho em meu ouvido. — Eu sabia que iria te ver de novo. - e assim ele se afastou. Fiquei imóvel, acredito que cheguei até a aparar de respirar.

— Vamos começar. - disse Carlos como se nada tivesse acontecendo.

E assim a reunião começou.

Eduardo encaminhou a reunião da melhor forma possível, ele estava decidido a fazer Carlos aceitar sua proposta. Eu apenas observava tudo, inclusive Carlos que não perdia a oportunidade de me olhar sempre que tinha uma chance, e isso me fez pela a primeira vez me sentir, desejada. E essa era uma sensação maravilhosa.

— Bom Eduardo, eu vou passar mais alguns dias aqui na cidade, tenho alguns assuntos especiais para resolver. - disse Carlos me olhando. Correi. — Em dois dias lhe dou a resposta final, mas, gostei muito da sua proposta. - disse ele e em seguida se levantou. Todos se levantaram.

Após apertar as mãos de todos para se despedir, Carlo me olha.

— Malu, tem um minuto? - pergunta ele chamando a atenção de todos. Fico constrangida. Olho para Eduardo que faz que sim  com a cabeça.

Então, sigo com Carlos para fora da sala de reuniões.

Nos afastamos um pouco da porta mas ainda pude ver os olhares vigilantes de Eduardo enquanto conversava com os advogados. Susan passou por nós e seguiu.

— Então você é o nosso cliente! - falei. Carlos sorriu.
— Sim, me desculpe não ter te contado antes, queria deixar tudo nas mãos do destino. - disse ele. Então foi a minha vez de sorrir.
— Nunca fui do tipo supersticiosa, mas, confesso que isso mudará a partir de agora. - falei.
— E pode ter certeza que eu vou aproveitar de sua crença. - disse ele. Correi. — Vamos almoçar novamente? - perguntou ele, direto e reto.
— Dois dias seguidos, isso realmente não é comum. - falei. — Tudo bem, vamos sim.
— Ótimo, te pego aqui ao meio-dia.
— Vou esperar. - falei com um sorriso bobo. Carlos sorriu e me deu um beijo de despedida no rosto. Um beijo um tanto demorado, mas confesso que gostei.

E então Carlos fez sinal para seu advogado e ambos saíram me deixando para trás de pernas bambas.

— Você sabia que seu amigo era nosso cliente? - perguntou Eduardo.
— Não, eu não sabia. - falei. Ele apenas me olhou.
— Vamos, o senhor Magno está nos esperando. - disse ele.

É claro, a bendita reunião sobre o divórcio.

Eu tinha ido do céu ao inferno em questão de segundos.

Meu futuro ex-maridoOnde histórias criam vida. Descubra agora