A Caçadora

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ATENÇÃO!!! História não recomendada para menores de 18 anos. 

Violência ao extremo, sequestro, cárcere privado, estupro, tortura, assassinato, mutilação, transtornos mentais dentre outras temáticas que podem causar gatilhos a pessoas sensíveis. A responsabilidade de seguir com a leitura é total de vocês. Não incentivo nem defendo nenhuma das temáticas que abordo. Só viso entreter e trazer reflexão ao contar uma história. Fiquem avisados.

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Eu amo caçar.

A sensação da adrenalina que corre em minhas veias enquanto persigo meus alvos é tão satisfatória quanto um orgasmo.

Depois que enfim consigo matá-los, eu levo seus corpos para casa como verdadeiros troféus. Às vezes eu demoro para matá-los, atingindo-os em alguma parte não letal para poder fazer algumas experiências. Acontece que sempre fui curiosa. Me intriga simplesmente fazer algo e descobrir qual reação causará nos outros.

Taxidermia é um hobby antigo, começou na minha infância graças ao meu falecido pai. Era a única coisa que tínhamos em comum, sendo sincera. O gosto pelas coisas mórbidas. Ele sempre preferiu ficar perto de animais mortos do que interagir com outras pessoas. Era o tipo de cara esquisitão que sofreu bullying na época da escola e foi morar numa região isolada.

Gatos, cachorros, corujas, raposas, lobos... Há uma variedade de espécies espalhadas pela minha enorme casa. Entretanto, eu tenho uma preferência inegável por cervos. Desde criança sempre amei cervos. Eles parecem animais muito indefesos por conta de suas caras, chegam a transpassar um ar de doçura a todos nós. Não à toa há filmes e desenhos sobre estes animais. Mas ainda assim eles são fortes e apresentam uma arma muito eficaz contra seus inimigos: os chifres.

Sou uma obcecada pelos chifres dos cervos e de seus semelhantes. São armas mortais nas mãos erradas. Nas minhas... Bem, são instrumentos de trabalho.

Na minha sala há uma cabeça de cervo empalhada na parede. Foi o primeiro que cacei sozinha e empalhei por conta própria ainda na adolescência. Hoje em dia perdi as contas de quantas outras cabeças eu tenho guardadas no sótão, lugar onde faço meu trabalho.

Gosto de pensar que meu trabalho é caçar e sobretudo colecionar. Porém, exceto pessoas iguais a mim, o mundo lá fora não dá credibilidade aos meus esforços e não enxergam tudo o que eu faço. Eles acham que a coisa toda se resume a um hobby esquisito, mas não é. O que eu faço é trabalho duro. É, em muitos aspectos, arte.

Meu falecido pai Henry foi quem me trouxe o amor à taxidermia, mas ironicamente quem me ensinou a caçar com oito anos de idade foi minha mãe Ingrid. Eles faziam um casal estranho, é verdade, incrivelmente diferentes, porém complementares. Meu pai era taciturno, detalhista. Era o tipo feminino. Minha mãe tinha um gênio difícil, era expansiva, falante e tinha a agressividade masculina que a fazia amar o esporte chamado caça. Não despropositadamente me presenteou com minha primeira faca aos seis anos de idade. Uma faca bem grande e afiada, diga-se de passagem. Ela queria se certificar de que eu não puxaria os genes "fracos" do meu pai, como ela mesma gostava de dizer.

Sou uma mistura perfeita dos dois. Puxei a melhor parte de ambos. Sou cuidadosa em meu trabalho, perfeccionista, de fato. Presto atenção em cada detalhe para que tudo fique o mais perto possível da perfeição, mas sempre me frustro com os resultados finais. É algo com o qual ainda estou aprendendo a lidar: a frustração.

Se do meu pai puxei a cautela, a sabedoria do silêncio e o dom de dar vida aos mortos, da minha mãe herdei a ira dos Deuses, o desejo insaciável por sangue que me torna alguém altamente competitiva, perigosa e com um instinto muito, muito bom.

A Caçadora [harlivy]Onde histórias criam vida. Descubra agora