A Vítima

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Acho que estou meio paranoica e preciso me controlar em relação a isso.

Não posso mudar o fato de que antes de mim, existiram outras cobaias na vida de Pamela. Nem que a tal de Kaya tenha a feito se apaixonar. Não consigo controlar minha raiva em relação a tais fatos, especialmente ao último, mas não posso continuar surtando toda hora por causa disso, muito menos descontando meu ódio em Ivy, senão vou acabar estragando tudo entre nós e essa é a última coisa que eu quero.

Depois da minha última "crise", não toquei mais no assunto, tampouco Ivy. Ela me conhece muito bem, sabe como manejar as coisas e tem toda aquela frieza para se manter calma em situações que me enervam. Por um lado, isso é ótimo. Traz equilíbrio a nossa relação. Por outro, significa que realmente há algo de errado com ela, o que não é novidade a essa altura do campeonato.

Pamela é antissocial, tem algum nível de psicopatia, é uma assassina, sequestradora e estupradora confessa. Não apresenta remorso de nada nem culpa. Estou ciente disso e mesmo assim decidi continuar aqui. Não que eu tenha, de fato, poder de escolha. Se ela quiser, eu nunca mais coloco meus pés do lado de fora dessa cela que chamamos de quarto. Mas, na época em que Ivy me ofertou a possibilidade de partir, eu decidi ficar. De livre e espontânea vontade.

Sou louca. Tanto quanto ela ou mais. Não há dúvidas. Mas eu não me importo. Ivy é a única pessoa que me enxergou de verdade, que viu quem eu sou e que gosta de mim, que se importa com meu bem estar mesmo vendo o meu pior lado. Ela vê a minha loucura, o meu destempero, minha dependência emocional, meu descontrole, minha aflição, e mesmo assim me escolheu.

Já se passaram alguns dias desde a nossa última briga. As coisas estão bem entre nós, mas não voltamos a avançar sexualmente, embora eu não desgrude dela todas as vezes que Ivy passa por aquela maldita porta. Eu pulo em seus braços e a beijo o tempo todo, querendo aproveitar cada instante, porque é um martírio cada vez que sou deixada aqui sozinha, mesmo que por pouco tempo.

Confesso que não estou aguentando mais me segurar. Viver de masturbação é horrível quando eu tenho ao alcance das minhas mãos uma ruiva tão linda dessas. Pamela é perfeita. O queixo quadrado projetado para frente, os olhos verdes hipnotizantes, a pele super branca e cheia de sardas, os pequenos e firmes seios que ficam contra os meus enquanto a gente se amassa, os lábios rosados e bem desenhados que me enlouquecem, o pescoço longo, a cintura fina, as coxas e a bunda firme que eu amo apertar quando ela está sobre mim e, principalmente, seu membro grande e grosso que sempre está duro quando eu a toco. É um desperdício ficar me masturbando quando na verdade eu queria que ela me fizesse gozar tal qual aquela noite.

— Ivy... — a chamo, tirando sua atenção da televisão.

Estamos assistindo a uma série de terror. O que mais fazemos é assistir coisas, embora agora finalmente tenhamos começado as aulas de luta. Ela está me ensinando golpes de defesa pessoal, o que me deixa apenas mais tensa e louca para tê-la. Porque o contato físico desses treinamentos me excitam.

— Sim? — ela ainda está olhando para a maldita TV.

— Quando nós vamos transar? — pergunto à queima-roupa, abraçada em seu corpo, olhando para seu rosto.

Imediatamente Ivy se vira para me encarar e parece assustada.

Eu acho engraçado como alguém tão controlada, meticulosa e até mesmo perversa pode ficar tão nervosa e vulnerável quando eu toco nesse assunto. Ela age como se fosse a virgem da situação, quando a virgem sou eu. É como se Ivy tivesse medo de ir adiante comigo, e eu não entendo o porquê.

— Por que você tem tanta pressa? — dá um sorriso meio nervoso. — Já te disse que temos tempo, Harley.

— Eu tenho pressa porque te desejo. — falo seriamente. — Quando a gente deseja algo, é difícil se segurar. Você não me deseja? — pergunto com medo da resposta, porque às vezes penso que talvez seja esse o problema.

A Caçadora [harlivy]Onde histórias criam vida. Descubra agora