Capítulo 2

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– Alex, não! Me ajuda! – peço, angustiada, com o controle do videogame dele na mão. – Eu vou morrer!!!

Enquanto me desespero, Alex dá risada. Estamos jogando um jogo cooperativo em que, para passarmos de fase, nós dois temos que cumprir as nossas respectivas funções. Só que eu não consegui entender como funciona a câmera do jogo e de vez em quando o monstro aparece atrás de mim e eu não o enxergo. Estou odiando esse jogo. Ele, entretanto, parece adorar porque está aqui rindo que nem um paspalho da minha aflição.

– Para de rir! – Solto uma mão do controle e dou um empurrão nele que o faz quase tombar para o lado em sua cama com o controle em mãos. Preciso dizer que ele ri ainda mais alto? – Em vez de rir, me ajuda! – A metade direita da tela, onde está a minha câmera, se apaga, mostrando que eu morri. – Eu não quero mais jogar. Chega.

– Você só morreu 116 vezes. Vamos tentar mais uma vez – ele diz e pausa o jogo. Faço cara feia com esse número.

– Não foi tudo isso.

– Não, mas foi bem perto.

– Para de me zoar! – Empurro-o de novo e dessa vez, quando seu corpo pende para o lado, eu faço ainda mais força e me jogo sobre ele. Ele cai todo torto no colchão.

– Oras, foi você quem quis jogar um jogo cooperativo dizendo que não gosta de competir porque passa mal. Agora você passa mal quando não está competindo também? – ele pergunta, deitando-se de lado na cama comigo sobre o seu tronco.

– Não, mas esse jogo é muito difícil. Eu não gostei.

– Bom, desculpa. Eu comprei esse jogo pensando que você iria gostar.

Faço bico. Alex foi um amorzinho ao comprar alguns jogos cooperativos para podermos nos divertir juntos quando eu contei que sentia palpitações em jogos de competição e que por isso tinha até parado de jogar videogame. Depois que descobri essa maluquice, eu passei três anos jogando apenas joguinhos no celular como Paciência, Sudoku, essas coisas nada emocionantes.

– Eu sei... Eu prefiro o jogo em que a gente cozinha juntos para o restaurante. Como é o nome dele mesmo?

– Overcooked.

– Podemos jogá-lo em vez desse? – pergunto.

O braço de Alex se move embaixo de mim e eu volto a me sentar na cama para que ele faça o que quer que seja com o seu braço. Alex dá uma olhada no relógio.

– Acho que não dá mais tempo de jogarmos nada. Daqui a uma hora eu tenho que estar no ensaio e você no trabalho. E eu ainda preciso tomar banho.

– Faz bem. Banho só aos feriados é complicado, sabe? – implico com ele.

– Veja só como a sua própria experiência te fez uma sábia nesse quesito – ele devolve.

– Besta! – Empurro-o uma terceira vez e ele volta a rir. – Tá achando graça, é? Eu vou te dar um motivo para rir.

Não perco tempo e começo a fazer cócegas nele. Sei o quanto ele é sensível e odeia cócegas, então não demora nada para ele cair de quatro no chão para fugir de mim. Ele engatinha até o armário e depois se põe de pé, sobre apenas um pé porque aparentemente a queda com o joelho no chão deixou a região sensível. Agora estou me sentindo culpada por ele ter se machucado por minha causa.

– Vou tomar banho – ele diz e abre a porta do quarto. Em seguida, Alex procura no armário as peças de roupa que ele pretende vestir quando estiver limpinho e me deixa sozinha.

Ele vai ficar pelo menos uns dez minutos no chuveiro, então preciso fazer algo para passar o tempo. Vou até a minha mochila para pegar os meus cigarros e fumar na sacada, mas antes que eu os alcance, ouço alguém se aproximando da porta do quarto.

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