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Possíveis gatilhos: ansiedade, assédio, agressão;

- Kyotani. E-Eu sei que isso vai parecer embaraçoso, mas...você que ser meu amigo?

Sua face logo tomou posse de uma expressão confusa. Eu conseguia decifrar o que ele estava pensando nesse exato momento.

"O que essa garota está dizendo?"

Ao ver seu rosto, eu me martirizei intensamente.

"Eu não devia ter dito aquilo. Ele deve achar que sou uma tremenda esquisita."

- B-Bem...- Digo com a voz falha. Eu sentia meu rosto queimar de vergonha.- Isso foi estranho, me desculpe.- Digo por fim, livrando o seu braço de meu aperto.

- Eu quero.- Ele fala.

Rapidamente nossos olhos se encontram. Eu pude sentir novamente a intensidade daquele olhar. Seus olhos fixavam os meus, sem desviar um segundo sequer.

Quem passasse ali por perto nesse exato momento sentiria choques, de tão intenso que o seu olhar estava.

Me senti intimidada novamente, tomando a cor escarlate em minhas bochechas.

Sem dizer mais nada, ele sai pela porta. Eu fiquei paralisada, somente o encarando. Longos segundos ali, somente o vendo sumir do meu campo de visão.

- Querida?- Minha mãe me chama suavemente, me fazendo sair do grande transe em que eu me encontrava.

Ainda quieta, me viro em sua direção a olhando atentamente.

- Você está se sentindo bem?- Ela rapidamente cola nossas testas, na tentativa de ver se eu não estava febril.

- Estou.- Lhe dou um grande sorriso, que aparentemente a tranquilizou.- Vou para meu quarto.

Em passos largos caminho até meu quarto, adentrando ele rapidamente.

Por um segundo, me senti uma tremenda burra. Com um grunhindo de raiva, uma lembrança entra em minha mente.

- Eu não pedi o número de telefone dele!- Escondo meu rosto entre minhas mãos, me julgando intensamente em voz alta.

No dia seguinte fui para a escola. Não foi diferente dos outros dias. Mesmas brincadeiras, mesmas piadas, mesmos comentários. Mas diferente dos outros dias, ele apareceu.

Sabe, quando dão a definição de diabo, eles falam que é um carinha com chifres e um rabo gigante. Mas para mim, o diabo tinha a aparência de um humano, e seu nome era Toshio.

Tantos dias sem ver aquele garoto, fugindo dele em todas as oportunidades que eu tinha, logo hoje ele estava na porta da minha sala. Ao colocar os olhos sobre mim, um grande sorriso sarcástico é desenhado em seus lábios.

- [ Nome ]!- Ele fala alto, claramente querendo chamar a atenção de todos ali presentes para si.

Eu paro bruscamente ao escutar meu nome sair de sua boca. Eu senti vontade de vomitar, não queria meu nome sendo pronunciado por alguém tão nojento.

- Venha cá.- Ele faz um sinal com a mão me chamando.- Não seja tímida.

Em passos largos ele para em minha frente, pousando a mão suavemente sobre minha bochecha.

- Você está bonita hoje. Mudou seu perfume? Seu cheiro está diferente.- Um leve riso debochado escapa de seus lábios.

- Tire a sua mão de mim, por favor.- Faço o pedido em voz baixa.

Me sentia constrangida, muito mesmo.

Senti sua mão encostar suavemente a minha cintura. Podia sentir todo o meu café da manhã ir parar na minha garganta naquele momento, só mais algum toque e eu vomitaria em cima dele.

Sua mão deslizava devagar em direção a minha bunda, mas foi tirada bruscamente por alguém.

Com a expressão apavorada, me viro em direção ao meu salvador. Me deparo com Kyotani apertando a mão dele fortemente e um Iwaizumi com uma cara assustadora.

- Você tá louco, porra?!- Ele grita fortemente para o garoto.

Toshio rapidamente se encolheu em resposta, Hajime era bem maior que ele, com toda certeza quebraria o primeiranista com apenas um soco.

Os dois o encaravam com uma expressão de fúria, eles estavam prontos para pular no garoto e acabar com ele ali mesmo na frente de todos.

- Agora você tem guarda costas, [ Nome ]?- Ele diz debochadamente, logo sendo puxado pelo seu colarinho pelas mãos grandes de Iwaizumi.

- Fala de novo isso que eu te quebro no meio.- O mais Velho grita de forma autoritária, assustando todos ali presentes.

O garoto se solta de Iwazumi, me olhando de forma irritada e logo se retirando do corredor em passos apressados.

- O que estão olhando?!- O moreno grita para todos ali naquele corredor.- Sumam daqui, agora!

Num piscar de olhos, o corredor todo fica vazio, restando apenas nós três ali.

Eu senti minhas pernas fraquejarem e o ar sumir de meus pulmões.

Ansiedade.

Eu tentava buscar o ar de uma forma desesperada, mas eu não conseguia. O choro e a tremedeira logo se fizeram presentes, me deixando vulnerável.

- Segure a mão dela, Kyotani!- Iwaizumi diz para o garoto que estava ao meu lado, que rapidamente faz o que lhe foi pedido.

O garoto emburrado tenta me puxar pelo corredor, na esperança de me levar para um local mais aberto, mas minhas pernas não se moviam. Eu parecia uma estátua naquele momento, sem mover um músculo sequer.

- Droga!- O moreno esbraveja. Rapidamente ele para em minha frente e me levanta com seus braços facilmente, me jogando sobre seus ombros como se eu fosse um saco de batatas.- Vamos!

Eles apressadamente andam pelo corredor.

- Kyotani.- Digo em um tom de voz falho, chamando a atenção do garoto.- Segura a minha mão?

Amour Plastique- Kyotani KentaroOnde histórias criam vida. Descubra agora