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- Alguma notícia?- Falo em um tom preocupado.

- Ainda não.- Hajime suspira de forma cansada antes de prosseguir.- Ele some de vez em quando, [ Nome ]. Apenas relaxe, ele vai aparecer a qualquer hora.

Confirmo com a cabeça em resposta, lhe dando um breve aceno com as mãos e andando em seguida pelo corredor.

Kyotani estava a dias sumido. Respondia uma de minhas dez mensagens, que eram enviadas a cada hora lhe perguntando onde o mesmo estava. Ele apenas respondia com um "estou vivo" e logo sumia novamente.

Não nos víamos desde de o dia em que eu surtei com dores por conta da menstruação. Eu me perguntava se eu havia feito algo errado, se eu tinha o afastado de mim. Iwa sempre dizia que eu não havia feito nada de errado e tentava me tranquilizar de alguma forma.

Mesmo assim os pensamentos desconcertantes não sumiam de minha mente.

Eu percebi que ele estava agindo de forma esquisita, por que diabos não lhe perguntei como se sentia?

Tudo era tão confuso, minha mente disparava em um bilhão de paranóias.

De forma decidida, logo após a aula, fui para a casa de Kyotani, eu precisava ver ele. Ao tocar a campainha, uma mulher mais velha abre a porta de repente, me olhando de forma confusa.

- Boa tarde senhora Kentaro. O Kyotani está?- A mulher arregala levemente os olhos em resposta.

- Ele saiu tem em torno de uma hora. Gostaria de entrar e o esperar?

- Não é necessário, obrigada.- Pude então me tocar que nunca havia tido uma única conversa sequer com a mulher.- Me desculpe, nem me apresentei. Sou a [ Nome ], namorada de Kyotani.

Ela me olha de forma surpresa, parecia não saber sobre isso.

- A senhora não sabia que Kyotani namorava?- A olho confusa.

- Ele não é de falar muito, então nunca sei muitas coisas sobre ele.- Ela da um sorriso doloroso.- Por favor, cuide bem dele, [ Nome ].

- Eu prometo.- Sorrio de forma gentil. A mulher corresponde da mesma forma.

Lhe dou um breve aceno com a minha mão, logo me afastando da casa. Decidi não entrar, pois já imaginava em qual lugar eu poderia encontrá-lo. A ideia dele não ter falado para a própria mãe que tinha uma namorada me deu uma leve pontada no peito, mas ele devia ter os próprios motivos, por isso não o culpava.

Andando de forma receosa, finalmente consigo achar o grande campo de grama alta que eu procurava. Tinha uma vaga lembrança do caminho, por sorte não me perdi. Entrei no local em passos cuidadosos, a grama fazia uma leve cócega em minhas pernas.

Andando mais um pouco, encontro o garoto sentado, de costas para mim, olhando o céu atentamente.

- Não é bom sumir desse jeito, sabe?- Ele pula de susto, se virando bruscamente em minha direção.- Fiquei preocupada.

Caminho até ele, me sentando cuidadosamente ao seu lado. As orbes castanhas rapidamente correm até minha face, me fitando de forma curiosa.

- Então, o que anda fazendo?- Falo em um tom calmo.

- Não vai brigar comigo por ter sumido assim?

Nego com a cabeça em resposta.

Ele fica longos segundos em silêncio, me encarando intensamente, até voltar as orbes até o grande céu azulado que tinha em sua frente.

- Me sinto de fora.- Ele diz em um sussurro.

- Quer me explicar sobre?- Repouso minha mão sobre a dele de forma suave.

- Me sinto de fora em tudo. Não sinto que pertenço a algum lugar, a algo, a alguém. Sinto como se eu fosse um grande esquisito que assusta todos em sua volta.

Entorto minha boca fazendo uma grande careta pensativa após ele dizer isso, eu tentava buscar as palavras certas para lhe responder.

- Eu me sinto sozinho, [ Nome ].- Ele diz entrelaçando nossas mãos.

- Então vamos ser sozinhos juntos, Kyo. Aí seremos um grande casal de esquisitos.

Ele ri suavemente com a minha resposta.

- Você pertence a alguém, você pertence ao mim.- Digo o encarando de forma intensa.- Você pertence a algo, você pertence ao vôlei. E você pertence a um lugar... você pertence ao meu coração, Kyo.

Seus olhos se arregalam em resposta, logo tendo um sorriso melancólico desenhado em seus lábios.

- E eu não me importo de você parecer assustador. Eu amo você de todas as formas, mesmo se você fosse uma minhoquinha. Só não te amaria se fosse calvo, então faça o favor de não ser calvo.

Rimos alto após minha fala. Ele se aproxima de forma receosa, e ao perceber o que ele queria, eu o puxo para um abraço. Ele esconde o próprio rosto em meio aos meus seios, agarrando minha cintura com os braços.

- Obrigada, [ Nome ].- Ele diz pegando uma de minhas mãos.

- Mãos dadas são o nosso "Eu te amo", certo?

- Certo.

Amour Plastique- Kyotani KentaroOnde histórias criam vida. Descubra agora