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Possíveis gatilhos: agressão, assédio, palavras de baixo calão;

[ Irritadinho ]

Você vem? <

> Já cheguei.

Pulo no mesmo instante para fora do sofá, caminhando em direção a porta. Ao abrir, dou de cara com os olhos tão familiares para mim.

- Trouxe o que?- Pulo encima do garoto, pegando apressadamente o saco que estavam em sua mão.

- Comida chinesa.- Kyotani fala em um tom calmo.

- Vem!- Chamo ele, o arrastando até a sala e o jogando no sofá.

Eu me sento ao seu lado, logo começando o filme que eu havia escolhido.

Tínhamos combinado que hoje iríamos assistir filmes aleatórios e comer muitas besteiras. Ele aceitou a minha proposta sem contestar.

- Essa cena é a melhor!- Digo seguido de uma risada.

- Por que estamos vendo esse filme? Você já assistiu ele!- Ele diz com a cara emburrada.

- Porque sim! Sem perguntas!

Ao escutar o barulho da campainha solto um grunhido de desgosto, me levantando de um jeito desleixado e indo até a porta.
Ao abrir sinto minha mente se esvaziar.

Toshio.

Ele estava parado em minha frente, me encarando de uma forma nojenta. Ele tinha o mesmo sorriso sarcástico que sempre o acompanhava.

- Está sozinha?- Sua voz sai falha, ele parecia estar fora de si.

- Vai embora...- Tento falar o mais baixo possível, logo olhando em direção a sala para ver se Kyotani havia escutado.

- Vamos fazer rapidinho, [ Nome ]. Por favor.- Ele diz de um jeito manhoso.

- Qual o seu problema? Você faz um monte de merda comigo e acha que mesmo assim ainda vou transar com você?- Lhe olho de maneira incrédula.

- Foi apenas uma brincadeirinha, não ficou chateada, né?- Um riso escapa de seus lábios.

- Você é um merdinha!- Falo em um tom ríspido.

O garoto fecha a cara, me olhando mais seriamente.

Ele coloca sua cara a centímetros da minha, me encarando no fundo dos meus olhos.

- Você não me chamava disso enquanto eu estava te fodendo no meu quarto.

Um grande estalo é ecoado pela casa. Eu havia lhe dado um tapa, daqueles que deixam as marcas dos dedos desenhados.

- Você perdeu a noção?!- Ele segura meu cabelo fortemente, levantando minha cabeça de forma bruta.

Pude ver uma de suas mãos tentar abrir o próprio cinto.

Os momentos seguintes pareceram ter acontecido em câmera lenta. Em um piscar de olhos, os punhos de Kyotani se encontravam com o rosto do garoto. Ele o socava de forma descontrolada. Seu rosto estava tão intenso quanto ele naquele momento.

- Eu vou acabar com você!- Ele vociferou gravemente, o que acabou me assustando.

Desesperadamente corro em direção ao sofá, procurando meu celular por todos os lados. Com as mãos trêmulas o desbloqueio, procurando o contato da pessoa que me ajudaria nesse momento.

- Iwa!

- O que houve? Você está bem?

- Eu... Você precisa vir pra minha casa! Agora!- Minha voz saia de forma trêmula.

- Eu já estou indo.- Ele diz por fim, desligando a ligação.

Após poucos minutos Iwazumi aparece na porta da minha casa, tentando desesperadamente separar a briga dos dois garotos. Ele os puxa com uma tremenda facilidade, segurando os dois pelas nucas.

- Você tá louco, porra?!- Ele grita com Kyotani, o olhando de maneira séria.

O garoto apenas abaixou a cabeça e ficou em silêncio.

- Eu lido com você depois.- Ele diz soltando Kyotani no chão.

Agora volta sua atenção ao outro garoto, lhe encarando de maneira mais séria ainda.

- Qual é o teu problema?! Escuta aqui, a próxima vez que você se aproximar da [ Nome ] e eu ficar sabendo, pode se considerar morto!

Ele diz por fim, soltando o garoto no chão, que correu de maneira desesperada para o lado de fora. Iwaizumi então para suas orbes sobre mim. Eu estava encima do sofá, com o rosto apavorado e os olhos completamente marejados.

O moreno caminha calmamente em minha direção, me puxado para um abraço ao parar do meu lado. Eu chorei sem parar contra o aperto do garoto, que suspirava de maneira cansada em alguns momentos.

Ao perceber que eu estava mais calma, ele me solta aos poucos, me deixando delicadamente sobre o sofá, depositando um leve selar em minha cabeça. Ele marcha de maneira pesada até Kyotani, que desde então estava sentado no chão com os braços cruzados, sua expressão era de pura raiva.

Ele puxa o garoto pela gola da camisa, o arrastando para fora da casa. Eu conseguia escutar gritos irritados de Iwaizumi, sua voz era tão grave que chegava a tremer os vidros da casa em alguns momentos.

De ressaca desse grande choro, deito minha cabeça sobre o acolchoado e acabo pegando no sono.

Amour Plastique- Kyotani KentaroOnde histórias criam vida. Descubra agora