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- Já vimos esse filme.

- O que? Vocês são o que? Já assistiriam quase todos os filmes do catálogo infantil!- Kyotani diz de forma ofendida.

- Eu e Emília assistimos filmes todos os dias, e largue mão de ser chato assim!- O olho de forma irritada.

Ele apenas resmunga algo inaudível, logo colocando algum filme aleatório na Tv. Estávamos deitados no sofá, Emília estava entre nós dois, ela se mantinha calada desde que Kyotani havia chegado, provavelmente se sentia envergonhada demais para manter um diálogo com ele.

Quando o filme é iniciado Kyotani encosta a cabeça no travesseiro, fitando a tela atentamente. Ele fazia um leve carinho com as grandes mãos em minhas coxas descobertas. Eu pegava Emília o encarando com os cantos dos olhos em alguns momentos, ela parecia estar interessada na companhia dele.

De forma simples ela encosta a cabeça dela no ombro de Kyotani, no mesmo instante ele me olha de maneira surpresa. Ele sabia que seria difícil entrar em minha vida novamente, muito por conta de Emília. Mas desde o começo a garota se demonstrava muito aberta e receptiva com o garoto, mesmo ele não tendo percebido isso. Nós sorrimos em uníssono por conta da ação da garota, ele apertou suavemente minha coxa para demonstrar a própria reação.

Rapidamente voltamos a nossa atenção para a tela em nossa frente, ficando focados no filme. De repente a campainha toca, dou um pulo e vou em direção a porta.

- Sua cachorra!- Shiori grita, logo seguido de uma gargalhada alta.- Não acredito deu pra ele!

Eu pude sentir minhas bochechas ficarem vermelhas. Meus olhos se arregalam em resposta, eu rapidamente viro meu rosto em direção a sala, me deparando com Kyotani completamente vermelho. Shiori coloca sua cabeça pra dentro da porta, arregalando os olhos ao ter a visão do garoto no sofá. Ela me puxa pro lado de fora, batendo a porta.

- Por que não me disse que ele estava aí?!- Ela diz de maneira brava.

- Você que já chegou falando essas besteiras! Fora que Emília está lá com ele, com certeza deve ter escutado.

- Poderia ter me avisado que eles estavam com você!

Eu a olho de maneira indignada, mas logo suspiro e a puxo para dentro de casa. Ela dá um aceno envergonhado para Kyotani, que corresponde da mesma forma.

- Shiori!- Emília pula do sofá e corre em direção a mulher.

- Vim trazer seu casaco, gatinha.- Ela agacha em frente a garota, lhe dando um abraço apertado.

- Posso te contar uma coisa?- A menina fala de forma receosa, mas Shiori apenas acena a cabeça em concordância.

Emília se aproxima do ouvido dela, cochichando de maneira baixa para a mulher. Um grande sorriso é desenhado nos lábios de Shiori, ela me olha de forma carinhosa.

- Não conte a ela!- A garotinha diz assim que se afasta.

- Não irei!- Shiori se levanta.- Preciso ir, Iwa está me esperando no carro.- Ela se aproxima e deixa um beijo molhado em minha bochecha.

Com um breve aceno ela se despede de Kyotani e sai da casa. Ele me olha de maneira atenta, parecia estar querendo conversar comigo naquele momento.

- Emília...- Chamo a garota em um tom baixo.- Vá tomar um banho, depois te eu faço algo para comer, poder ser?- Ela rapidamente confirma com a cabeça, logo subindo as escadas e sumindo do meu campo de visão.

De forma receosa eu me aproximo de Kyotani, me sento de forma delicada em seu lado.

- Não entendo a intimidade que mulheres tem umas com as outras.- Um suspiro escapa de seus lábios, logo seguido de um riso.

- Não precisa entender.- Falo de maneira tímida.

- Mas pela reação dela foi algo bom, não?- Ele me olha de maneira intensa.

De maneira nervosa eu escondo meu rosto em minhas mãos, eu devia estar completamente vermelha no momento. As mãos dele tocam delicadamente os meus braços, puxando-os para baixo.

- Se sente envergonhada?- Um sorriso bobo cresce em seus lábios.

Eu aceno a cabeça em concordância, ele se aproxima sutilmente do meu rosto, depositando um leve selar em meus lábios.

- Você fica linda desse jeito.- Um riso apaixonado escapa de seus lábios.

De repente sua expressão muda, ele pareceu ficar mais tenso em questão de segundos.

- Acho que nunca me desculpei com você...- Seus olhos vão de encontro com o chão.- Eu sinto muito por ter deixado você no passado, [ Nome ]. Eu me senti...inseguro... Eu tive medo de te machucar. Mas agora eu quero recomeçar a coisas com você, fazer tudo dar certo. Eu prometo que nunca mais vou te deixar sozinha.

- Nunquinha?- Meus olhos se mantinham fixos nele.

- Nunquinha.

Sorrimos em uníssono, ele rapidamente se aproxima de mim e cola nossos lábios, me beijando de forma apaixonada.

- [ Nome ]!- Emília grita do andar de cima.- Não consigo abrir a torneira!

- Eu já volto.- Falo enquanto me levanto, em passos apressados eu subo a escada e paro no banheiro.

A ruivinha estava sentada na privada, ela parecia ter um olhar triste no rosto. De maneira cuidadosa me aproximo dela, tendo seu olhar sobre mim.

- Você vai me trocar?- Ela fala em um tom baixo.

- Como?- A olho de maneira confusa.

- Você vai me trocar por ele?- Eu pude ver que lágrimas se formavam em seus olhos, entendi então que o problema não era com a torneira, ela queria apenas ter uma conversa comigo.

Eu me agacho em sua frente, a olhando de forma carinhosa.

- Eu nunca iria te trocar, Emília. Kyotani não irá roubar o seu lugar, isso eu te garanto.

- Você me promete?

- Eu te prometo.

- Podemos ficar de mãos dadas?...- Ela fala em um sussurro.

- Claro, meu amor.

Eu pego em sua pequena mãozinha, apertando ela de forma delicada. Fiquei alguns minutos falando palavras reconfortantes pra ela, assegurando-a que ninguém roubaria seu lugar. Quando ela se sentiu mais calma decidiu encher a banheira, que não demorou muito para ficar cheia.

- Eu deixo você dar atenção pra ele agora, mas só enquanto tomo meu banho, depois você vai ser apenas minha!- Ela fala de forma autoritária.

- Entendido.

Eu caminho para fora do banheiro, encostando de modo leve a porta no batente. Quando me viro eu dou um pulo de susto, Kyotani estava com os braços cruzados me encarando atentamente.

- O que foi?

- Acha que foi uma boa ideia eu ter aparecido do nada assim?- Eu podia sentir uma insegurança em sua frase.

- Emília está se sentindo insegura agora, com o tempo ela vai aceitar você.- Me aproximo dele, deixando nossos rostos a milímetros de distância.- E foi uma ótima ideia você ter aparecido assim, novamente, na minha vida.

- Você acha mesmo?- Ele repousa as mãos em minha cintura.

- Acho.- Quebro a distância colando nossos lábios.

- Eu amo você, [ Nome ].

- Eu também amo você.

Amour Plastique- Kyotani KentaroOnde histórias criam vida. Descubra agora