Da dor ao amor (Livro 1)

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A Y R A 🧚🏼‍♀️
Rocinha, 2014.

Olhei para os dois lados e atravessei a rua correndo, passei na feira e comprei tomate e depois fui ao mercado, minha nona me deu uma lista do que está faltando na pizzaria e eu vim comprar.

Minha vó é de família italiana e a comida dela é boa demais da conta, eu particularmente amo e todos que experimentam também.

Ela nunca me detalhou muito sobre a família, disse que meu bisavô é podre de rico mas do dinheiro sujo e para não se misturar ela veio para o Rio, conheceu o pai da minha mãe e dois anos depois ele morreu de câncer, ela só teve minha mãe que ao longo da vida se envolveu na vida errada.

Kiara, mais conhecia como sereia, chegou a ser dona da rocinha, meu lar, minha casa.

Minha mãe foi considerada uma das traficantes mais perigosas do Rio de Janeiro, chegou a se envolver até com o de frente do comando.

Perigo e adrenalina foi oque levaram ela a morte e hoje eu fico distante de tudo que envolva isso, mesmo que eu não consiga me lembra dela, até porque ela faleceu eu tinha 6 anos de vida, sinto que dessa vida não vem nada de bom, só tristeza e dor.

Eu pesquisei e vi noticiários sobre.. minha mãe era muito perigosa uma mulher temida!

Até hoje não se sabe quem a matou, o caixão foi lacrado pois disseram que não foi uma morte qualquer.. deixaram ela irrecorrível!

São apenas boatos e especulações da morte, mas minha nona nunca tocou no assunto comigo, tanto que eu só soube dessa história da minha mãe quando já estava grandinha, por burburinhos dos moradores, aí minha nona abriu o jogo comigo, mas só oque foi relevante, sinto que ela me esconde muita coisa ainda.

Minha avó fundou a pizzaria quando eu tinha 8 anos de idade, me lembro até hoje como foi a inauguração, minha avó toda aflita achando que não daria certo e olha só aonde estamos, quase nove anos dessa franquia que já tem 3 pizzaria em toda comunidade!

Existe apenas uma fotografia da Kiara aqui em casa, e é dela grávida de mim no exterior, minha avó nunca mencionou o porque ela foi pra lá sem o meu pai, aliás nem dele eu sei muito bem, sinto que minha avó esconde tanta coisa de mim mas ao mesmo tempo que fico curiosa também fico pensando que se ela esconde é porque não envolve coisa boa.

Chego em casa com as sacolas e minha avó me dá uns trocados como agradecimento, guardo em meu cofre da gatinha marie pra faculdade, tenho um sonho maluquinho desde pequena de ser fisioterapeuta.

Martina: Eu vou na Angelina fazer as unhas, quer ir comigo? — indagou na porta do meu quarto e eu neguei com a cabeça terminando de por as moedas no cofre. – Se cuida então, se for sair de casa me manda uma mensagem avisando pelo WhatsApp. — afirmei com a cabeça e pelo pequeno espelho do quarto notei que ela não estava mais presente.

Fiz o trabalho da escola e depois almocei, recebi uma notificação de mensagem no WhatsApp de Laura, minha melhor amiga, me chamando para ir tomar sorvete, logo aceitei.

Coloquei um short jeans e uma regata rosa, calcei meus chinelos e coloquei um colar de borboleta no pescoço, mandei uma mensagem para nona avisando e marquei 10 com a Laura na sorveteria da esquina.

Falei pra ela chamar a Gabi, mas a mensagem só foi enviado, parti pra soverteria e quando cheguei não tinha ninguém, antecipei meu pedido e fiquei esperando por ela.

Senti alguém passar por mim e bagunçar meu cabelo, imaginei ser a Laura e virei meu rosto pra ver a peça, e era o Luiz, pensa num cara bobão e chato, é ele.