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T H I A G O 🪙
Rocinha, 2014.

Consigo tirar mais trabalhando como ajudante do motoboy do que na faxina, conversei com a minha mãe e ela me aconselhou a ficar só no restaurante da dona Dalva.

Eu descobri que ela é avó da Ayra e sempre vejo ela lá pelo restaurante toda metida a princesinha da favela.

Preparei comida pra quando minha mãe acordar comer e peguei um saco de biscoito e comi, tomei um banho e coloquei uma roupa qualquer e  fui lavar roupa, depois estendi tudo no varal.

Dia tava lindão, até final da tarde já vai tá tudo seca.

Me peguei pensando no beijo com a Ayra semana passada, desde então nós não troca uma palavra.. não queria e nem quero ela criando expectativa, então eu me afastei, essa parada não pode acontecer mais não.

Deixei me levar.

Ayra é uma menina bonita não vou negar mas nossos santos não bate, e eu tô ficando com a Luana e gosto da vibe dela.

Não posso dar essa mandada, a mina me fortalece muito!

Afasto os pensamentos da mente e me viro para entrar dentro de casa e dou de cara com o Jeferson, ele me fuzilou com o olhar e eu fiz o mesmo, não abaixo a cabeça para ele.. não mais.

Thiago: Além de ser um covarde e bater na minha mãe ainda tá trazendo mulher pra cá? Você é um pau no cu mermo! – esbravejo.

Tava limpando a casa hoje cedo e encontrei uma camisinha usada jogado no chão do quarto.

Jeferson: Sua mãe merece. — deu risada. — Você vê ela como uma santa mas não conhece um terço dela igual eu conheço, se eu a trato assim é porque muita coisa aconteceu.— me olhou com desdém e me deu as costas.

Muita coisa aconteceu? Mas que porra que aconteceu?

Minha mãe nunca me falou nada sobre o passado dela com o Jeferson e eu nem questão de perguntar faço, mas eu queria entende o porque dela aguentar tudo isso.

Ouvi alguém assobiar e olhei para a rua vendo os muleque que joguei bola uma vez.

Quando eu olhei eles gesticularam com a mão me chamando.

— Bora um fut na quadra? — um deles gritou.

Thiago: Marca 10. — gritei de volta e eles assentiram dando as costas e saindo do meu campo de visão.

Fiquei meio atordoado com as palavras de Jeferson, e quase desisti de ir jogar bola, só fui mermo porque minha mãe acordou e disse que após comer iria na casa de uma amiga, fiquei mais aliviado e meu deu vontade de perguntar sobre oque o Jeferson disse porém resolvi ficar na minha.

Sai de casa sentindo o sol de rachar o coco, graças a Deus a quadra de fut é perto de casa não curto jogar muito em quadra não.. como não tenho chuteira esfola meu pé todo mas como a quadra é pequena da mais resistência no jogo e não canso rápido.

Me aproximei dos muleques, já tinha um time jogando então eu só me sentei esperando minha vez.

Vi o Luiz se aproximar e estendi minha mão fazendo nosso toque, ele se sentou a meu lado suspirando cansado, olhei para baixo vendo o dedão dele quase que pra fora.

Thiago: Vai lavar essa porra cara. — falei fazendo careta.

Luiz: Vou nada, vou é me fingir de coitado, a Alana tá ali com as amiga me olhando preocupada, é a minha deixa! — murmurou de lado e eu dei risada, menino doido. — E tu demorou porque donzela? — indagou.

Thiago: Sol do caraio não ia vir correndo — gargalhei olhando ao redor e vendo a Ayra chegando com as amigas dela e indo se sentar num banquinho.

Ela cruzou as pernas, deixando as coxas dela ainda maiores e a pipa da bunda a mostra, eu neguei com a cabeça e virei meu rosto sentindo alguém me abraçar por trás, mas já sabia quem era.

Luana que invade minha boca sem mais nem menos, me deixando sem fôlego.

Thiago: Po oque tu tá fazendo aqui? Nem sabia que tu viria. — sorri puxando ela pra se sentar ao meu lado.

Luiz: Affs lá vem a namorada do meu namorado. — bufou revirando os olhos e tentando se levantar.

Luana: Não somos namorados, larga de ser chato que tem Thiago para nós dois! — beijou minha bochecha. — A Alana estava lá toda preocupada com você, quer que eu chame ela? — o Luiz olhou para a Luana como se fosse um cachorrinho sem dono.

vai meu garoto!!

Luana gesticulou com a mão chamando a Alana, a mesma andou em nossa direção e olhou para o pé do Luiz e fez careta.

Luana: Tem como da um trato? O garoto vem jogar bola e acha que é anatomia, olha o dedo aí em carne viva.

Alana: Vem comigo? Eu moro aqui perto a gente lava isso aí e enfaixa. — disse mas o Luiz estava tão fissurado nela,  quase babando com a boca aberta e os olhos vidrados na moça. — Luiz? — ela estalou o dedo no rosto dele que saiu do transe.

Luiz: Você sabe meu nome?! — ele olhou para ela que revirou os olhos. — Ela sabe meu nome porra! — me olhou todo feliz tentando se levantar, gargalhei baixo vendo a cena.

Alana ajudou ele a sair da quadra, tava mancando o coitado.

Luana: Depois do futebol poderíamos sair né? Ir comer uma porção de batata na esquina.. soube que é uma das melhores da comunidade. — falou segurando meu maxilar.

Thiago: Pode ser pô antes de irmos para a escola nós passa lá.

Luana: Aí Thiago.. porque tão certinho? — me olhou rindo. — Não quero ir pra escola quero sair com você.. me aventurar! — me olhou sorrindo maliciosa.

Mas eu nunca fiz essas parada tá ligado? Dá até medo de fazer algo errado e sair mal falado pela comunidade mané.

— Ae Thiago vem.. sua vez! — me chamaram.

Salvo pelo menó do fut, me levantei piscando para a Luana e fui me posicionar.

Tem tanta coisa acontecendo que minha mente tá virando um quebra cabeça.

Comecei tocando a bola e fiz uma boa jogada, consegui manter ela nos meus pés ninguém tirou a mesma de mim, só dei um toque pro menó que fez gol.. uma assistência bem bestinha mas que nos deixou na frente.

O jogo foi bacana e eu já estava ficando cansado, era minha hora de bater um pênalti, fiz o sinal da cruz e olhei ao redor procurando pela Luana para dedicar o gol a ela.

Chutei a bola e foi certinho no gol, os menó tudo começou a gritar e eu corri para Luana e selei nossos lábios abraçando ela enquanto a girava no ar, deixei ela no chão e por cima dos ombros dela vi que a Ayra estava entrando em um beco com um cara.

Franzi o cenho e me sentei no chão tomando o fôlego, depois me levantei e fui até o bebedouro da quadra que fica próximo ao beco que a Ayra foi.

Ayra: Aí você segue esse beco e só sobe o escadão, tá bom? — o garoto assentiu passando por ela e ela se virou me vendo e se assustando. — Que susto garoto! — colocou a mão no coração.

Thiago: Tá devendo Ayra?

Ayra: Se eu estiver não da tua conta, né Thiago. — passou por mim com o shortinho minúsculo, não pude deixar de olhar a bunda da garota enorme porra.

Ela virou para mim e me encontrou olhando para raba dela, subi o olhar disfarçando e engoli seco.

Ela abriu a boca para dizer algo mas senti algo queimar minha perna e cai no chão ouvindo barulho de fogo já fiquei alucinado, a última coisa que eu vi foi a Ayra se agachando desesperada na minha frente e depois eu apaguei.

REVISADO.

Da dor ao amor  (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora