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A Y R A 🧚🏼‍♀️
Rocinha, 2015.

Cheguei na porta da escola e sem olhar para trás soltei minha mão do Thiago mas ele me puxou pela cintura colando nossos corpos e chamando a atenção de alguns alunos que estavam entrando.

Thiago: Tá de brincadeira comigo? Vai fazer cu doce por causa da porra do celular? — continuei com a cara fechada para ele que me soltou. Pegou o celular do bolso, segurou na minha mão e entregou. — Vê essa porra aí.

Ayra: Tô suave. — deixo o celular com ele e o mesmo ri sarcástico. — Você disse que queria trocar um papo comigo e acabou nem falando, era oque? — troco de assunto vendo o semblante dele mudar.

Thiago: Já esqueci. — coçou a cabeça, o sinal tocou e ele segurou em meu rosto beijando minha boca, mas não retribui, ele afastou o rosto do meu e apertou minha bochecha.— É pra me beijar! — falou puto, e eu não consigo ficar sem rir, e beijei ele com gosto.

Me virei entrando na escola e avistei a Alana, acenei para ela que sorriu se afastando das amigas e vindo falar comigo.

Ficamos bem próximas depois que comecei a ficar com o Thiago, ela é um amor de pessoa e nós damos muito bem.

As vezes me pego sorrindo boba em pensar o quanto eu e o Thiago vivíamos provocando um ao outro com xingamentos e tudo mais, e hoje não tem outra pessoa que eu gostaria de estar a não ser ele.

Ayra: Falta muito pra sexta? Nossa não aguento mais! — confessei ao lado dela indo me sentar no refeitório.

Alana: Nem me fale.. último ano os professor estão socando conteúdo de enem no nosso rabo. — reclamou se sentando.

Gabi e Laura de aproximaram e Alana me olhou se despedindo com o olhar, ela não se dá bem com as meninas.. diz que elas tem cara de falsa.

Gabi: Amo a frase "os incomodados que sem mudem" — gesticulou com as mãos e se sentou na minha frente junto da Laura que deu risada da sua fala.

Laura: A única coisa que une vocês duas é o namorado de vocês. — deu de ombros. — Não existe amizade com aquela ali não Ayra, abre teu olho!

Gabi: Namorado da Alana né?! — deu ênfase. — Até onde eu sei o Thiago não pediu a Ayra em namoro não.

Laura: Que seja. — disse revirando os olhos. — Não muda o fato dela ser uma sem sal, não sei como conseguiu ficar com o Luiz, ele é tão gato, mas tem um péssimo gosto. — fez careta, e as duas riram.

Ayra: Se querem falar mal dela vão para outro lugar por favor, ela assim como vocês é minha amiga e eu não aceito esse tipo de comentário quando ela não está presente para se defender. — digo sem paciência, as duas se entreolhem e levantam as mãos em sinal de rendição.

Laura: Não está mais aqui quem falou! — disse debochando, rolei meus olhos e agradeci pelo sinal tocando.

[....]

Enchi o celular do Thiago de mensagens pedindo para ele vir me buscar na escola mas a mensagem só enviava nada da chegar no celular dele.

Liguei e nada também.

Laura: Minha mãe está aí, ela nos leva. — disse quando viu que eu estava plantada.

Ayra: Obrigada amiga.— guardei o celular na bolsa.

Laura: Ayra com todo respeito, mas o Thiago já é um homem e ele mudou muito de um ano pra cá, ele está muito lindo. — a encarei querendo saber aonde ela queria chegar com a conversa. — Oque eu quero dizer é que ele tem outras prioridades, não será sempre você na vida dele.

Ayra: Entendi, estamos nos conhecendo ainda Laura, não colocamos corrente um no outro não, oque for pra ser, será.. — falo. Ela da de ombros e me puxa caminhando até o carro da mãe dela. — Oi Tia.

Regina: Oi meu amor.. — fechei a porta do carro e coloquei o cinto de segurança, a Laura se sentou na frente com a mãe e a Regina deu partida no carro.

O caminho todo fui com as palavras da Laura na minha cabeça.

O Thiago já é um adulto e eu uma adolescente de 16 anos, com certeza ele terá outras prioridades daqui pra frente, mas pensar que não estou inclusa nisso me deixa triste pra caralho.

Eu gosto muito dele.

Regina me deixou na frente de casa e eu agradeci com o olhar, entrei na pizzaria da minha nona vendo que estava cheia, minha avó estava no balcão rindo com algumas pessoas e eu me aproximei, chamando atenção dela.

Ayra: Oi vó. — cheguei desanimada me sentando no banco. — Tem esfirra de chocolate com ouro branco? Tô com vontade de comer ela. — sorri fraco.

Martina: Tem sim meu amor eu vou pegar para você. — me olhou estranho. — Porque a carinha triste?

Ayra: A escola que me deixou cansada.. tanta lição. — minto vendo ela me dar as costas e ir pegar a esfirra.

Apoio minhas mãos na bancada e deposito minha cabeça em cima.

Luiz: Olha que coisa mais linda mais cheia de graça.. — ouvi ele cantarolando atrás de mim e foi impossível não abrir um sorriso, ergui a cabeça arrumando meu cabelo. – Oque foi? — ele estava com a mochila nas costas mostrando que estava chegando do curso.

Luiz está fazendo um curso técnico de manutenção automotiva no asfalto e sempre que pode vem me ver já que nossas rotinas estão bem corridas é raro trombar com ele.

Ayra: Quem é vivo sempre aparece. — bato no banco ao meu lado para ele se sentar, minha avó apareceu com as esfirras

Luiz: Cheguei em uma hora boa. – alisou as mãos e começou a se servir. — Tu ainda não me disse o porque dessa cara de cu aí.. — me olhou de lado.

Ayra: Não quero falar sobre isso.. — resmunguei encostando minha cabeça no ombro dele e fechei meus olhos e depois comecei a comer enquanto Luiz me atualizava sobre as novidades da vida dele e da comunidade me tirando boas risadas.

Ele já estava arrumando as coisas para ir embora quando avistei Thiago dobrando a esquina com a moto, me despedi do Luiz e subi pra casa.

Thiago: chegou i nem me disse, fiquei preocupado mandei mensagem pra uma porra. — escutei a porta da sala sendo fechada.

— Te liguei várias vezes e mandei uma pá de mensagem. Tu viu? — indago.

— Estava sem internet, e acabei perdendo o horário dormindo. — eu me virei de costas para ele e fui para o meu quarto. — Ayra? — chegou no meu quarto. — Tem baile essa semana, tu anima?

Ayra: Porque você tá me perguntando isso? Você nunca foi de ir, sempre fui sozinha com as meninas. — respondi ríspida.

Thiago: Quero ficar mais perto de você só isso, mas se tu quiser que eu fique em casa não tem problema. — resmungou.

Ayra: Eu não tenho que querer nada não, Thiago. — dei de ombros e peguei minha toalha de banho. — Se quiser ir pro baile nós vamos, só não quero você sumindo sem me dar satisfação. — eu saí do quarto e fui tomar meu banho.

Eu fiquei refletindo se oque ele me disse era verdade, Thiago nunca me deu motivos para desconfiar dele, mas isso tá começando a mudar.

Depois do banho eu me troquei e olhei de canto o Thiago deitado na minha cama mexendo no celular, eu me aproximei dele e peguei o celular dele, o beijei e deixei o aparelho em cima da barriga dele.

Me sentei na cama e passei hidratante no corpo, Thiago começou a puxar assunto comigo e aos poucos a minha raiva por ele foi passando, ele tomou um banho rápido e depois se deitou comigo de conchinha.

Thiago: tu tá estranha amor tá com umas atitudes que eu não tô entendendo legal.. se tu achar ruim alguma coisa chega em mim e se abre não guarda pá tu não, tá bom? — afirmei com a cabeça e fechei meus olhos, morrendo de sono.


REVISADO E ALTERADO.

Da dor ao amor  (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora