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E L I S A 🦋
Rocinha, 2020.

Me despedi da Elena deixando ela na escola e ajeitei o Heitor no colo, fui até a quitanda mais próxima e comprei alguns legumes e frutas que estavam faltando em casa.

Cheguei na minha goma pingando suor, dei um banho no Heitor e coloquei uma roupa mais confortável, deixei ele com meu celular assistindo desenho e tomei o meu banho.

Heitor e Elena são meus alicerces, a vida aqui em casa não é mil maravilhas o único motivo de eu não arrumar minhas coisas e sumir são eles.

Meus pais são bem rígidos e as vezes bem insuportáveis, eles odeiam minha amizade com a Vitória só porque o irmão dela é traficante, cara nunca me fez mal algum pelo contrário o vejo como um irmão mais velho até.

Me cobro bastante para passar no vestibular esse ano e pegar uma faculdade pública mas também não deixo de lado a diversão, tem tempo pra tudo.

Trabalho um dia sim e um dia não em um salão de cabeleireiro como manicure, gosto muito e queria que fosse fixo mas ganho bem e descanso bem, não há oque reclamar.

As vezes ajudo as meninas com os cabelo, ponho mega e trança.. as nega me ensinou tudo pros dias em que a agenda estiver lotada, faço de tudo um pouco.

A casa já está limpa, Elena foi para a escola de barriga cheia e Heitor também já está alimentado. Depois de guardar as coisas que comprei, me permiti deitar no sofá com o Heitor e liguei a tv colocando na cultura, amo os desenhos desse canal.

Heitor tem olhos cor de mel, eu particularmente sou apaixonada pelos seus olhos e pelos seus cabelos ondulados.

Ele é uma mistura muito boa do meu pai e da minha mãe.

Depois de assistirmos alguns desenhos decidi ir com ele na praça, mandei uma mensagem avisando meus pais e sai de casa, o sol não estava tão quente e eu cheguei na pracinha bem rápido, deixei o Heitor brincando um pouco com algumas crianças.

Fiquei sentada em um banco de concreto próximo a ele e fiquei o observando.

Comprei um sacolé de uva e saboreei o mesmo olhando ao redor e paralisei meu  olhar em um grupo de homens que estava descendo o escadão, entre eles 01.

Ele estava sem camiseta deixando exposto seus gominhos e suas tatuagens, a camiseta estava no ombro, boné aba torta para trás e um cigarro nas mãos prestes a ser acesso.

Conforme ele foi se aproximando com o grupo e passando pela rua meu olhar ficou fissurado nele, nunca tinha o visto sem camiseta.. deixou ele até mais.. interessante?

Babei real no cara.

01 não é e nunca foi bonito, ele também não é tão alto deve lá seus 1.70. Ele é todo na dele e nem sempre foi assim, lembro que quando pequena ele sempre fazia minhas vontades e as da Vitória, até de boneca brincava com a gente mas conforme fomos crescendo ele ficou mais fechado.

Sai dos meus pensamentos quando vi Heitor se aproximando com as mãos esticadas.

Heitor: chacolé! — aproximei o mesmo dele que mordeu quase que a metade do meu sacolé e depois voltou a brincar.

Mandei uma mensagem para a Vitória vir me encontrar aqui mas, ela disse que estava fazendo um trabalho da escola e não daria.

Fiquei no parque com o Heitor até cansar ele depois levei para casa dei outro banho e ele capotou de sono.

Aproveitei para cochilar também.

[....]

Dei graças a Deus quando o inspetor anunciou na sala que iríamos sair cedo por falta de professores, avisei a Vitória para que ela não me esperasse na hora de ir embora e piquei o pé pra casa.

Da dor ao amor  (Livro 1) Onde histórias criam vida. Descubra agora