Da dor ao amor (Livro 1)

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E L I S A 🦋
Rocinha, 2020.

Sai da igreja renovada, o culto foi maravilhoso e eu senti uma paz incrível.

Eu não costumo vir muito a igreja mas sempre que dá eu venho para renovar minhas forças e a minha fé.

Os adolescentes me chamaram para ir na pizzaria da Martina comer, incrível como crente come bastante, no entanto devido ao cansaço eu recusei e vim pra casa.

Meus pais decidiram de última hora viajar para uma cidade vizinha para ver minha avó, segundo meu pai, ela esta doente mas nenhum dos dois soube explicar oque ela tem exatamente.

Como sempre fiquei na responsabilidade dos meus irmãos, não me incomodo mas é cansativo.

Elena foi tomar um banho antes de dormir, mesmo que já tenhamos feito isso antes de ir à igreja, a noite está bem gelada, então prefiro que se aqueçam no banho e vão direito pra debaixo das cobertas.

Esquentei a comida do almoço e depois que o Heitor também tomou banho e eu o agasalhei, jantamos assistindo o programa do Silvio Santos.

Só depois que ambos foram dormir que eu tomei meu banho e coloquei uma pijama, lavei a louça que sujamos e tirei uma foto dos meus irmãos dormindo e mandei para a minha mãe que respondeu com um coração vermelho.

Depositei um beijo na testa de cada um e me deitei na cama, fiquei virando de um lado para o outro e nada de pegar no sono, ia mandar uma mensagem para a Vitória para ficarmos conversando até eu pegar no sono porém o visto por última dela estava as nove da noite, creio que ela já esteja no décimo sono.

Levantei da cama e fui até meu guarda-roupa pegando uma blusa de frio e vestindo.

Sai de casa e sentei no degrau da escada que dá acesso a uma viela, bem iluminada até, algumas casas ainda tinham as luzes acesas e isso me deixava mais tranquila.

Fiquei olhando as estrelas e pensando no quanto tudo é bem calculando, Deus realmente é um artista.

Alguns comércios, como bares, ainda estavam abertos, homens jogando sinuca e gritando alto.

Por anos a comunidade foi vista com olhares de preconceito mas aqui é um bom lugar de se viver e tenho fé que um dia esse bagulho de tráfico vai parar de interferir na paz dos moradores.

01: Tá fazendo oque acordada essa hora, Elisa? — olhei para a frente vendo 01 saindo da viela, com um cigarro na boca e uma de suas mãos no bolso do short.

Elisa: Estou sem sono, e você? —  indago por educação.

01: Não é nada sua conta. — falou e olhou para os dois lado, retirou a touca da cabeça e o cigarro da boca jogando no chão. — Entra, não é bom tu ficar bobeando não.

Elisa: Quando me der sono eu entro, eu em! — liguei a tela do meu celular vendo o horário.

01: Porque tão teimosa? — quando dei por mim ele já estava na minha frente, senti o cheiro do cigarro e fiz careta. — Entra aí pô, é pra sua segurança.

Elisa: Ok. — me dou por vencida e levanto as mãos em sinal de rendição. Ele sorri de lado me puxando para eu me levantar. — Boa noite. — seguro o rosto dele e levanto o pé depositando um beijo em sua bochecha.

Não sei oque deu em mim, depois disso me virei rápido e entrei para dentro morrendo de vergonha.

[...]