O celular me lembrou do meu encontro com Peta e Minguante… Depois de dias brigada com Heli, a história tinha me fugido a cabeça. Íamos mudas pra escola, não conversávamos além do básico e me recusando a confessar minha briga a Phine, não tinha mais visitado minha tutora. Eu ainda estava treinando com minha garrafinha pra lá de surrada, as vezes não conseguia congelar e isso era o que treinava. Tinha descoberto o caminho pra domar a água e usar minha Energia, mas ainda dependia muito das emoções e isso, isso me fazia remoer a briga e não a consertá-la.
Heli não pedia, mas eu sentia, sentia que ela queria que eu escolhesse ela ou Dorothy e como eu poderia? Dorothy era minha irmã acima de todos os efeitos e Heli, conheci Heli porque minha irmã me salvou e corria o risco de perdê-las pelo mesmo motivo. Como escolher?
Naquele domingo, a briga não era minha e sim de Peta. Me obriguei a ficar de pé e troquei a roupa que já tinha escolhido no sábado no banheiro da sala. Quando voltei, Heli chorava silenciosamente sobre o meu edredom no chão.
Corri até ela e a abracei. Ela sentia tanta dor… Dor de luto, de perda. Não entendi.
—Eu tive um pesadelo — Ela confessou chorando — Em que te dilaceravam!
—Dorothy?
—Não, não — Ela segurou meu rosto, tinha a sensação que ela precisava confirmar que eu estava viva — Monara, tenho medo. E se ela te fizer algum mal? Você vai ver ela hoje não vai?
—Não, eu não vou. Vou ajudar Herles com a irmã dela, não vi Dorothy desde que brigamos.
—Ah! — Ela me apertou completamente aliviada — Monara, eu não quero que ela te faça mal, eu odeio te ver triste e te perder…
—Heli! — Ri e curiosa, ela se afastou pra ver meus olhos — Heli… Dorothy fica acorrentada por Phine, não pode dar dois passos na direção de humanos. Ela não vai me machucar, isso eu posso te garantir.
—Mesmo? — Ela disse sem acreditar.
—Eu juro — Passei meus dedos pelos seus olhos molhados — Ela tá morrendo de medo de Kadita, não faz nada pra chamar atenção. Eu juro que voltarei.
Tola, percebi meu erro. Heli podia até querer vingança ou coisa assim com Kate mas com Dorothy, ela tinha medo deu sofrer novamente. Simples assim. Ela não tinha ciúmes, ou raiva, ela tinha medo por mim.
—O máximo que ela fez foi fazer doces e agora eu sei congelar a água, olha — Peguei a garrafinha sobre a mesa de centro da sala e debaixo dos meus dedos, ela se cristalizou — Agora sou um pouco mais poderosa que ela.
Heli pegou a garrafinha da minha mão pra ver melhor e quando conferiu, abraçou ela como uma garantia eu acho, de que estava bem e ficaria. Ela realmente gostava de mim e era incrível, totalmente surreal como ela demonstrava de tantas e tantas maneiras diferentes. Heli colocou a garrafinha de volta a mesa de centro e mesmo na sala, no coração da casa, envolveu meu pescoço e me beijou apaixonadamente, arrancando mais um pedaço do meu coração e colando no dela.
—Quando você voltar… O que acha da gente ir no cinema? Você ainda não foi no shopping! — Ela riu — Vai ser legal. Vou tentar convencer meu pai de não ir junto e a gente vai poder se beijar o quanto quiser no escuro.
Apertei as bochechas dela com minhas palmas, sorrindo como uma idiota. Tudo mudava tão rápido com ela e eu amava isso. No mar, a única mudança que havia era de luz. Dia e noite.
—Você tá tornando impossível sair dessa casa.
🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️🏝️
VOCÊ ESTÁ LENDO
O teste da Beta - Finalizado
JugendliteraturMonara sempre soube que é diferente das irmãs Okiras: gostava de companhia, conversar e tinha mais compaixão que a maioria delas. Triste por estar sozinha, ela finalmente encontrou Heli, a garota do seu destino. Disposta a não cumpri-lo, ela decide...