Capítulo 11 - Sem emoções

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   Ansiosa, Heli segurou minha mão o caminho inteiro que percorremos de carro até a casa de Phine. Era estranho pensar que éramos mais livres dentro de um carro com dois estranhos do que em casa, mas não comentei isso com ela.

    —Promete que não vai deixar Dorothy chegar perto de mim? — Ela me apertou.

    —Dorothy fica acorrentada numa pedra Heli, pra não morder os seguranças.

    —Sério? — Ela perguntou. Os homens fizeram que sim — E se ela sei lá, arrancar os braços?

    —Ela não pode fazer isso, vai passar semanas, meses se recuperando fora do mar e de qualquer forma, Phine não deixaria ela se aproximar deles. — Garanti — Eu não te traria aqui se não tivesse segura.

    Naquele tempo, naqueles minutos eu quis perguntar pra ela o porquê dela esconder conversas entre ela e Kevin e principalmente a tarde com Jonas. Meu coração ficou cheio de dúvidas sobre o porquê ela querer esconder a segunda coisa… Eles já tiveram um caso antes e mesmo ela sabendo que Maressa não contaria pra mim… Virei meu rosto pra que ela não visse meu ciúmes bobos. Eu era uma sereia, a criatura mais bela de todo o planeta, ela jamais me trocaria.

    Decidi perguntar mais tarde, na doce solidão do nosso quarto. Minutos mais tarde, o carro estacionou no ponto da frente e todos saltamos dos carros. John abriu o porta-malas e novamente enganchei os pedaços congelados de boi em meus ombros, mas virados pra frente dessa vez.

    —Presente pra Dorothy? — Heli cruzou os braços.

    —Não se preocupe, ainda tem espaço pra que eu carregue você.

    Me abaixei um pouco e hesitante, Heli abraçou meu pescoço e enlaçou as pernas na minha cintura, montando em minhas costas. Ela riu.

    —Não está pesado?

    —Você engordou mas não fez tanta diferença — Brinquei.

    —Ei! — Ela socou minhas costas rindo — Quase parece com aquele filme de vampiros que a gente viu, lembra?

    —É, mas não brilho na luz do sol — Comentei — Meninos, desculpa, não tem lugar pra carregar vocês. Sabem o caminho, não sabem?

     Eles acenaram com a cabeça e com Heli em minhas costas, comecei a dar passos mais rápidos pra dentro da floresta. Heli não era mais pesada que as duas coxas de bois juntas, acho que mesmo os pesos somados não davam mais de duzentos quilos, não me machucava, mas incomodava um pouco ter coisas tão geladas em meus ombros. Descongelei um deles rapidamente, o outro era trabalho de Dorothy.

    Heli estava muito satisfeita em minhas costas, com seu rosto colado em minha orelha direita, vendo a minha vista. Desviamos de cipós e galhos, com ela afastando ambos nas mãos e em menos de quinze minutos alcançamos a caverna. Podíamos ver Dorothy brincando com uma flor e Phine comendo uma manga suculenta dali quando a coloquei no chão. Toda a alegria de Heli fora trocada por preocupação.

    —Fica atrás de mim, Ok? — Disse segurando sua mão. Ela somente acenou.

    Andamos devagar até às duas, ambas não olhavam pra gente, mesmo que escutassem nossos corações. Quando estávamos a menos de dez metros, Dorothy falou.

    —Trouxe carne diferente hoje, irmã?

    —Heli não…

    —Não tenho medo de você — Heli me interrompeu — Você não pode me matar fora da água e mesmo se pudesse…

    —Deus me livre — Dorothy riu — Da última vez, as amiguinhas de Maressa apareceram, aprendi minha lição.

    Então ela veio caminhando até nós, não antes que as correntes de gelo aparecessem ao redor do seu punho, fincadas no chão. Dorothy bufou irritada.

O teste da Beta - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora