Eu me sentia tão culpada.
Rodolfo não tinha parado de tremer de preocupação desde o momento que tinha chegado ao hospital, vermelho e sem fôlego, ainda com a roupa do trabalho e com uma mancha de óleo na mão que não parava de esfregar. Por mais que usasse minha Pérola vez ou outra pra acalma-lo, minha Energia estava escassa. Não sabia dizer com certeza, mas acho que fiz a chuva parar por algumas horas.
A pior parte era que eu sabia que Heli estava bem, mesmo com as horas no mar, por causa da Ômega que a salvou. Ela ficou desaparecida por um tempo, até os barcos chegarem e começarem as buscas, mas no fim a encontraram boiando desacordada, a poucos metros de onde caiu.
Rodolfo não brigou comigo, acho que assustado demais pra pensar em qualquer outra coisa a não ser na filha. Me perguntou o que exatamente tinha acontecido e depois de entender, sentou do meu lado ansioso, nervoso e preocupado sem dizer uma só palavra. Às vezes a tristeza e o medo quase se transbordava nele, mas de algum modo Rodolfo conseguia se conter. Pensei que ele sabia fazer isso muito bem, pela quantidade de vezes que aconteceu.
Estávamos a menos de uma hora naquela sala como acusava o relógio na parede, quando Maressa chegou. Por causa dela foi que ganhamos uma sala privada, Maressa estava do outro lado da ilha fazendo não sei o que com não sei quem e se atrasou a chegar mas quando chegou…
—MAS QUE IDEIA IMBECIL FOI ESSA, MONARA? — Ela gritou. Rodolfo coitado, pulou na cadeira — VOCÊ FICOU MALUCA?
E não era fingimento, ela estava mesmo com raiva.
—Rodolfo, me perdoe… Eu, sinto muito — Ela abaixou o tom e o esmagou num abraço — Ela tá bem? Podemos ver ela?
—Estão cuidando dela… Ela ficou desidratada, mas disseram que ela está bem… Que está viva.
Maressa fingiu um certo alívio, colocando a mão sobre o peito falsamente acelerado e o abraçou de novo. Quando o soltou, voltou seu ódio pra mim.
—E quanto a você? O que tem a dizer?
Nada, eu não tinha nada a dizer. Tinha sido mesmo uma imbecilidade propor aquilo. Mas, em minha defesa, quem iria adivinhar que uma desvairada ia aparecer do nada?
—Rodolfo, você está bem? Quer que eu peça algum remédio?
—Ele não quer — Eu disse — Maressa…
—Eu não quero ouvir nada de você agora. Senta, cala a boca e fica quieta, tá bom?
Nem isso eu podia fazer, não sabia se aquelas cadeiras me aguentavam. Fiquei escorada na parede me sentindo a pior pessoa do mundo.
—Não seja cruel com ela, Maressa — Rodolfo ainda tinha fôlego pra me defender. Ele tinha um pouco de raiva de mim, mas bem pouca comparada ao que merecia — Não lembra de quando era adolescente e fazia bobagens?
Maressa se perdeu ali, olhou pro chão e um sentimento inominável de saudade e fúria, sim, fúria tomou conta dela. Eu só sabia que não era por mim porque quando ela voltou a me encarar, seu olhar se apaziguou.
Mas que tipo de lembranças Maressa teria era um mistério.
A porta se abriu nessa hora, quando Maressa me olhava e um médico saiu dela com um sorriso ameno.
—Senhor Grayve? — Ele perguntou.
—Sim, sou eu — Rodolfo disse nervoso — Como ela está? Ela tá bem? Posso ver…
—Calma senhor Grayve, como eu disse antes, ela está bem. Tivemos que hidratá-la já que ela engoliu muita água e fizemos alguns exames, mas está tudo em ordem. Ela só tem um hematoma no braço e alguns arranhões pelo corpo, deve estar acordada agora, vocês podem vê-la. Um de cada, por aqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O teste da Beta - Finalizado
Teen FictionMonara sempre soube que é diferente das irmãs Okiras: gostava de companhia, conversar e tinha mais compaixão que a maioria delas. Triste por estar sozinha, ela finalmente encontrou Heli, a garota do seu destino. Disposta a não cumpri-lo, ela decide...