Capítulo 12 - Encontro de pais

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   Saindo da mata, nós três não falávamos desde que começamos a caminhar pra fora da floresta. Pensei em como seria estranho pra um humano, uma modelo famosa sair toda arrumada de dentro do mato mas quase não passavam humanos ali. Maressa fez que não pra cerca cortada novamente.

   —Os ganchos soltam de onde foram presos na madeira — Ela explicou — Se isso fica aberto, um monte de humanos chatos ficam me visitando. Por favor, meninas.

   —Não é só usar o seu poder? — Peta sugeriu.

   —Sim, mas quando viajo, meu assistente precisa expulsá-los da propriedade. Peta, vai pegar carona com a gente?

   —Não, vou ir a pé — Ela pegou de volta o maço — Posso perguntar mais uma coisa?

   —Tenta — Maressa respondeu.

   Nesse meio tempo, John chegou de carro seguido da van repleta de homens de preto dentro. O barulho de tantos corações acelerados com medo machucava meus ouvidos. Peta olhou pra van e depois pra Maressa com os olhos atentos.

   —Pode perguntar — Falei.

   —Você consegue produzir memórias… Por que ainda não tem maestria disso?

   —Achei que sua pergunta era outra — Maressa chamou atenção.

   —Só queria saber como entrou na minha cabeça sem que eu soubesse, mas já entendi. Você passou uma espécie de memória em mim, certo? Pra que eu não sentisse quando entrou na minha cabeça.

   Ela conseguia fazer isso? Me senti de novo uma tapada. Todas elas tinham tanto controle sobre suas pérolas que era irritante como parecia ser ridiculamente fácil.

    —Exatamente — Maressa riu e Peta se juntou, cheia de admiração — Foi complicado no começo, você é bem cuidadosa com quem entra na sua cabeça.

   —É… Obrigada — Ela disse meio sem jeito. Não conseguia acreditar, Maressa já tinha conquistado Peta — Vou indo. Hm… Podemos marcar qualquer dia pra minha filha te conhecer? Ela meio que te venera.

   —Claro. Adoro crianças.

   Adorava?

   —Até logo. E… Coitada da Monara. Tanta Energia por anos seguidos, se fosse radioativa ela já taria morta.

   Sem entender, esperei a risada de Maressa acabar pra perguntar mas ela tinha outros planos. Cumprimentou John e Sam, sentou no banco de trás e colocou balas de menta na boca antes do carro partir. Ao seu lado, eu ainda estava confusa.

   —Ela tava falando de você vendo minhas memórias?

   —Não, da sua Pérola — Maressa comentou e puxou o celular como se tivesse explicado alguma coisa.

   —O que minha Pérola tem a ver com sua Energia?

   —Você tá mais devagar hoje do que o normal — Ela riu — Como eu uso meu poder pra você não ler minhas emoções.

   Foi como um balde de água congelada sobre meus ombros. Não consegui fechar minha boca, nem falar nada. Quer dizer que todo o tempo em que acreditei que Maressa não tinha emoções era ela usando o poder idiota dela, passando memórias fabricadas… Como?

   Maressa percebeu o meu silêncio e quando viu meu rosto chocado, desligou o celular e como se aproveitasse o momento, sorriu admirada com meu rosto.

   —Essa cara aí — Ela apontou pro meu rosto todo — Finalmente descobriu?

   E desatou numa gargalhada tão grande que pôs a mão na boca pra tentar contê-la. Todos esses anos, comigo achando Maressa uma sociopata, foram pura enganação? Não, não pode ser. Mesmo quando Prometi sugou toda sua Energia, não senti nada nela. Mesmo quando estava no fundo do poço, ela fez questão de me deixar no escuro!

O teste da Beta - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora