Capítulo 36 - Perguntas erradas

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Tw: Esse capítulo contem cenas de tortura (porém nada gor3 ou sangrento) e palavrões. Apenas um aviso. Boa leitura

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   A sala era pequena, branca de doer os olhos com luzes que machucavam a vista. O ar era seco como mil desertos e frio, muito, muito frio mas não o suficiente pra eles, aqueles homens vestidos de preto, sérios e excitados com a ideia de me torturar usavam apenas ternos um pouco mais grossos. A pele deles era quente em contato com a minha. Tudo naquela sala parecia estrategicamente projetado pra me machucar, a luz, o cheiro horrivel de alguma coisa forte demais aos meus sentidos, o frio, Oki, como o frio doía. Tive que admitir que os ordinários sabiam fazer bem o trabalho. O metal ao qual me prenderam era quase tão frio como seus olhares, eles não teriam a mínima piedade de mim. Por que teriam? Eu entreguei tudo a eles…

   As correntes doíam, não eram coisas normais, eram feitas de espetos gelados que me machucavam quando tentava me mover, meus pulsos, meus tornozelos, meu pescoço. Eles enfiaram tubos em minhas costas, nos buracos das balas que já tinham saído espontaneamente mas que não tiveram tempo pra cicatrizar.

   Dos tubos, ainda não saia nada, mas sairia.

   Fechei meus olhos, eu tremia. Mesmo com toda dor e medo eu não conseguia chorar… Ou talvez não tivesse mais água no corpo. Como era mesmo a canção? Indo pra uma jornada, determinada a completar. É o adeus, é o boa noite. É a última vez que ela verá a luz do dia.

   Heli conseguiria fugir, eu sabia. Era difícil usar Energia com tanto frio mas me esforcei, procurei pelo coração acelerado que estava com tanto medo quanto eu e o localizei na sala ao lado. Heli estava com raiva, eu sorri, ao menos ela não sentia dor.

   Pensei em Peta e em como ela notaria nossa ausência e se não fosse ela, ainda teríamos Kevin que não voltaria pra casa sem a gente. Em John do lado de fora da escola e em Maressa, principalmente Maressa jantando com Rodolfo em algum lugar chique. Podia demorar horas, a noite inteira, mas ela perceberia que era estranho e viria ao nosso resgate. Leria a memória de Caio ou Jenna… Por que é que ela não descobriu que eles desconfiavam de mim? Ela entrava na mente de todo mundo! Então me lembrei… No dia em que fazíamos os vestidos, que ela ainda não tinha completado a tarefa de vigiar as mentes dos alunos, por isso não desconfiou de Kevin, por isso paramos aqui…

   Abri meus olhos com raiva. Nobert me encarava bem à minha frente. Os malditos tinham me colocado de pé, nua, atada ao metal. Eu nunca tinha me sentido tão fraca, tão vulnerável, tão pequena.

   —O que você deu a Caio e Jenna? — Perguntei.

   Seu lábio se levantou num sorriso cruel.

   Nobert saiu da sala, voltou minutos depois eu acho, o tempo que se passa com dor parece uma eternidade, cercado de outros homens igualmente cruéis. Engoli em seco, encarei cada um daqueles rostos, lembrando quem eram e prometi a eles a pior das mortes. Me lembro até hoje de seus rostos. Brancos, negros, com barba, cicatrizes, queimaduras do sol. O de Nobert era o mais inesquecível de todos. Quem o visse, diria que tinha ganhado algum troféu, pelo enorme sorriso de satisfação e o pior, o prazer ao meu ver daquela forma. Sinistramente, ele puxou um controle do bolso e o apertou se sentindo o homem mais forte do mundo.

   Foi lento, foi rápido, foi como se meu corpo congelasse por dentro e minhas entranhas reclamassem. O líquido entrou frio, cortante, pelas minhas costas e impotente, fiz a única coisa que podia.

   Gritei com todas as minhas forças.

   —Monara! — Heli gritou em resposta. Ela podia me ouvir!

O teste da Beta - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora