O teste da Beta - Finalizado

Capítulo 37 - Quem é você?

Exclusivamente essa semana, o capítulo foi postado na quinta porque vou viajar o fim de semana pra um lugar sem internet. Semana que vem, cronograma normal.

Tw: esse capítulo contem cenas explícitas de 'canibalismo' e violência.
Nada muito detalhado, pq o objetivo não é esse, mas estejam avisados.

Boa leitura

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   Instintivamente, dei um passo pra trás, incrédula, chocada, com medo.

   Entendi porque ambas olhavam congeladas pra duas Ômegas a nossa frente, não há nada que pudéssemos fazer a não ser esperar aflitas o que aconteceria. Até aquele momento, eu nunca tinha conhecido uma sereia com mais de três Pérolas. Tudo parecia errado, trocado, um universo paralelo e foi aí que aceitei, eu não sabia absolutamente nada sobre aquelas duas.

   Anis moveu-se lentamente e Deus, eu podia entender. Se tudo doía em mim com uma fração do nitrogênio gelado em meu organismo, não imaginava como ela se sentia com ele em todos os cantos do seu corpo. Seu braço saiu do pescoço de Maressa e agarrou a mão dela sobre seu rosto. Ele era pacífico o tempo todo, com uma aura de aceitação que eu leria mesmo de olhos fechados.

   Anis segurou a mão de Maressa e devagar, a levou entre seus seios, no ponto exato onde ficava seu coração.

   —Tudo bem, Maressa — Anis disse — Pode fazer. Eu pedi às Deusas que me dessem a chance de te ver uma última vez antes que eu morresse e elas já foram generosas o bastante.

   A boca de Maressa se curvou pra baixo, como se ela tivesse comido algo amargo.

   —Tudo bem — Anis repetiu, levando seus longos dedos pra bochecha molhada de sua amante — Tudo bem. Eu não vou ficar com raiva, eu já te perdoei. Pode arrancar do meu peito aquilo que sempre foi seu. Eu te amarei mesmo feita em cinzas.

   Os lábios de Maressa de repente se ergueram, feliz como nunca vi, caíram em uma gargalhada fofa. Ela tirou os dedos do peito de Anis e apertaram a bochecha dela, enquanto fazia que não com a cabeça.

   —Você, sempre tão dramática… Os anos trancafiada não te mudaram em nada. — Maressa disse.

   Quis gritar pra que Maressa parece de ser uma idiota mas o bom senso me deteve.

   —Maressa, falo sério.

   —E eu também, idiota. — Suas mãos voltaram ao lento coração de Anis — Acha que passei tanto tempo entre os vermes pra te matar no segundo que saiu das mãos deles?

   Em vez de sorrir, Anis engoliu em seco.

   —Você salvou minha vida mais vezes que os dedos em minhas mãos, como poderia não te dar uma chance de ver o mar?

   Os olhos dela voltaram a brilhar como se lembrasse que lá fora, o oceano existia. Fechei os olhos junto a Anis pra ouvir o quebrar das ondas em meus ouvidos.

   —Por enquanto, deixarei meu coração guardado onde mais o amo.

   Quando abri os olhos a fria e insensível Maressa Coralis voltava a beijar Anis.

   O que elas tinham… Não era amor, não o frágil de Heli e eu, quebrado por promessas e mentiras. Anis tinha aceitado morrer fraca e sem qualquer briga nas mãos da mulher que amava por um motivo que transcendia as duas e Maressa, capaz de suportar tudo o que ela mais odiava pela possibilidade de ver Anis novamente. Mais que isso, porque eu duvidava muito que as Ômegas deixariam Maressa viva depois daquilo.