Capítulo 22 - Segredinhos

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Um dia, todo o bando uma vez, estávamos todas sentadas sobre uma série de rochas, paradas para recuperar as forças durante uma de nossas viagens pelo mundo. Estávamos comendo e com isso quero dizer que cantei ao lado de Jade e afundamos um pequeno barco de pesca. Como Dorothy e eu não sabíamos aquecer a água ao nosso redor, as outras cinco se revezavam na tarefa porque afinal, alguns mares eram gelados demais pra qualquer uma de nós suportar. Não costumávamos conversar muito entre, ainda mais eu que sempre era repreendida, mas naquele dia em específico, Órion puxou assunto.

  —Onde será que ela está?

   Dorothy que morria de medo desse assunto me encarou cheia de medo. Eu sempre soube que Anis não tinha nomeado ela coisíssima nenhuma mas por algum motivo, Órion, a mais inteligente de nós nunca havia questionado de modo que se as outras tinham dúvidas, nunca disseram nada e mesmo assim, Dorothy evitava o assunto como os humanos diziam, o diabo fugindo da cruz.

   —Acho que ficou presa em algum lugar, um desmoronamento de terra no fundo do Oceano — Jade declarou sem pensar. Na verdade, achei que todas pensavam alguma coisa sobre e ali só disseram suas teorias uma à outra — Tipo numa fossa e um terremoto talvez a liberte. Uma vez bateram minha cabeça tão forte num duelo que fiquei dias dando círculos no mar. Talvez ela perdeu o cérebro e ainda não se recuperou.

   —Até que é inteligente — Enseada riu — Não esperava isso de você.

   —Já pensei tanta coisa… — Jade falou com a boca cheia de… carne.

   —Acho que ela entrou numa espécie de coma — Kadita disse séria — Ela estava estranha nos últimos dias, distante, talvez conquistou alguma maestria diferente e volte com ela… Não sei. Ela passava dias sem falar comigo, dormindo. E fique claro que isso fique entre nós.

   —Todas sabemos o que acontecerá se falarmos algum segredo dela — Minguante assegurou. Dorothy e eu nos encaramos, ambas sabíamos que nosso lugar não era ali, conversando sobre Anis — Acho que ela recuou.

   —Recuou? — Kadita disse com desprezo.

   —Anis amava a gente, todas nós e olha o que a guerra fez com a nossa espécie? Quarenta e cinco? Acho que ela está fugindo de nós, se escondendo na terra quem sabe e vai voltar quando a prometida der as caras.

   —Daqui a duzentos e cinquenta e nove anos, na próxima remessa — Dorothy falou com alívio. Todas acreditávamos nisso. A ideia de ser uma virtual era surreal pra nós.

    —A minha teoria — Órion chamou a atenção — É que as Seis malditas não conseguiram matá-la na última briga e que a prendem em um casulo forte o suficiente pra que ela não escape mas que não é eterno. Anis era esperta, sabia burlar as Pérolas e uma hora ou outra o casulo cederá. Mesmo que demore.

   Com medo, falei. Quase nunca falava, quase nunca respondia, mas Anis arrepiava cada um dos poros sem pelos em minha pele, então me intrometi.

   A verdade é que minhas irmãs e eu passamos todo o período da guerra nadando sem rumo, conhecendo o mar e por algum milagre nunca demos de cara com alguma maluca. Só soube da guerra quando Dorothy me resgatou das geleiras, quando me contou sobre o bando, quando falou o quão sortudas éramos. E mesmo ela, não sabia muito sobre.

   —Acredita mesmo nisso Orion? — Perguntei — Não estou te confrontando…

   —Óbvio que não está, tanto você quanto Dorothy morrem de medo dela. E sim, eu acredito. É o único jeito delas saberem sobre Anis e as únicas com poder pra isso. Mas claro, toda teoria precisa de fatos para ser comprovada de modo que qualquer uma de nós pode estar certa ou…

O teste da Beta - FinalizadoOnde histórias criam vida. Descubra agora