FILIPE RET (part.2)

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Quando eu tinha quinze anos, perdi meu pai, foi o momento mais bosta que eu já vivi, não sabia mais o que fazer, meu pai era meu norte, a pessoa que eu me espelhava, com isso que aconteceu, acabei encontrando uma direção no tráfico, não estou romantizando a situação, apenas contando minha história.

Xamã e L7 foram as pessoas que mais me apoiaram, depois da minha mãe, mas aparentemente, chamar uma policial pra sair, era uma péssima ideia.

- Eu não tenho nem palavras pra descrever como você é burro- L7 falou depois que eu contei que sairia com ela.

- Tá querendo morrer ou ir preso? Da até pra escolher com ela- Xamã falou, Borges estava ali também, ele era o mais novo, tínhamos o costume de sempre tentar proteger ele.

- Presta atenção, o que ela tinha que fazer aqui, já fez, ela não tem nada haver com as coisas que acontecem aqui e a gente só vai sair, não é como se a gente fosse casar.

Tinha acordado animadão, teria um encontro com uma mulher linda, parando pra pensar, estava animado demais, sendo que era só um encontro, mas fazer o que né, eu era emocionado e me orgulhava.

Estava descendo o morro, cumprimentando todos mundo, gostava muito daqui, cresci com geral daqui, mas se eu pudesse, sairia daqui, começaria minha vida em outro lugar, minha mãe já não morava mais ali, então não teria nada me prendendo e eu poderia sair do movimento quando quisesse, esse era o lado bom, de um jeito doido, Sábia tinha deixado a ficha de quase todo mundo limpa, incluindo a minha.

Nem me liguei quando cheguei na entrada do morro, apenas peguei a moto e dois capacetes e segui em direção ao centro, ela estava em um hotel próximo do morro, então não seria demorado o caminho. Quando cheguei no hotel, vi ela conversando com o cara que eu me lembrava se chamar Morgan, estacionei a moto ali perto e fui em sua direção, o amigo dela me olhou de cima a baixo e eu fiquei um pouco nervoso, o cara tinha uma cara de mal.

- Bom dia Filipe- ela falou de modo divertido, deve ter sentido o clima que estava- Obrigada por me fazer companhia -falou para o seu amigo que sorriu pra ela, o cara me olhou de novo e se aproximou.

- Toma cuidado, eu sei onde você mora- e saiu, indo em direção a praia, olhei pra ela que estava rindo.

- Ele me ameaçou?

- Nada, impressão sua.

- Ele vai ficar na praia sozinho?- perguntei e ela me olhou curiosa- Querendo ou não, ele não é daqui, alguém vai tentar passar a perna nele.

- Não se preocupa, não é a primeira vez que ele vem no Brasil, sabe se cuidar.

Nós fomos em direção a moto e eu entreguei ela um capacete.

- Vai me levar pra onde?

- Primeiro, vamos comer, mas já vou avisando, não é nenhum lugar chique.

- Não me importo com isso- sorri pra ela e subi na moto, sendo acompanhada por ela.

O caminho até a lanchonete foi tranquilo, ela estava segurando na minha cintura e senti as mãos dela me tocando, estava me acendendo um sentimento estranho, mas tão gostoso, me sentia um adolescente que não conseguia entender nada.

Quando chegamos na lanchonete, local que eu frequentava com meu pai, a levei a mesa mais afastada. O lugar era simples, mas muito bem decorado, seu José veio nos atender com muita simpatia, nós fizemos nosso pedido e estávamos esperando chegar.

- Então, qual história desse lugar?- olhei espantando pra ela que sorriu- Nós passamos em frente a várias lanchonetes, mas você veio direto nessa, então suponho que tenha uma história e seja especial pra você.

Nunca tinha sentido tanta vontade de beijar alguém, como estava sentido agora.

- Eu vinha aqui com meu pai, e continuo vindo, aqui é muito bom, tranquilo.

- Sinto muito pelo seu pai.

- Não falei que ele morreu- olhei pra ela com as sobrancelhas arqueadas e ela sorriu.

- Achou mesmo que os meninos me deixariam sair com você sem ao menos investigar?- fiquei incrédulo- Sabe o que é mais incrível nisso tudo? Sua ficha é limpa, apesar de você trabalhar ativamente no tráfico- nesse momento nosso pedidos chegaram e eu peguei rapidamente o copo de café e enchi a boca- Não precisa ficar nervoso, como eu disse ontem, não ligo pra isso, desde que não interfira na minha vida.

- Eu pesquisei sobre você- mudei de assunto e ela apenas sorriu comendo o misto que tinha pedido- Eu não, Borges.

- E o que você descobriu?

- Que você é muito inteligente, tu terminou o ensino médio com quinze- ela assentiu e tomou seu suco de uva, mas acabou ficando com um bigodinho, que limpou com a ajuda da língua, tentei me recompor- É, não descobrimos muito, só isso mesmo.

- Isso é quase tudo, terminei a faculdade com vinte anos, mas  já estagiava na inteligência do FBI com dezessete, agora trabalho efetivamente lá, nada demais.

- Tudo isso antes dos vinte e sete, tu é foda- ela sorriu e voltamos a comer, apenas conversando sobre coisas do nosso passando.

Não achava possível senti toda essa avalanche de sentimentos em tão pouco tempo, mas parecia que não partia apenas de mim, S/N era uma mulher incrível, linda e perfeita.

Com o passar dos dias, nós fomos saindo mais, ela até apresentou direito seus amigos ao meus amigos e de um jeito doido, eles se deram bem.

Tudo estava caminhando bem.

Oito anos depois...

- Por tudo que é mais sagrado, me fala que eu não estou vendo isso- falei depois que cheguei do trabalho, a cena que estava na minha frente era de um Filipe dormindo e nosso filho comendo as flores que ficavam na mesa de centro- Era pra ele cuidar de você- falei e peguei ele, Alex resmungou por eu ter tirado as tulipas da suas mãozinhas e tentou puxar meu cabelo- Não, pode ir parando.

Desliguei a TV e cobri Filipe que resmungou qualquer coisa e se virou, não fiquei chateada por ele ter dormido e deixando nosso filho sem supervisão, desde que ele aumentou o restaurante, as horas de trabalho dobraram, mas ele estava sempre presente em nossas vidas.

Depois do meu envolvimento com Filipe no Brasil, ele decidiu que viria comigo, tinha algum dinheiro guardado que o ajudaria a se manter, mas óbvio que eu o ajudei, no começo nós ficávamos apenas como amigos, mas já existia um sentimento ali, acho que existia desde do primeiro dia em que eu o vi. Ele veio e trouxe Lennon, Xamã e Borges, que o apoiaram com a ideia de abrir um restaurante, de acordo com ele, sempre foi um sonho dele e de seu pai, mas que ele acabou deixando de lado.

Agora, alguns anos depois, estávamos aqui, juntos e felizes, vivendo da melhor forma possível.

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Não revisado.

Não Ficou do jeito que eu queria, mas  deu tudo certo.
Talvez eu faça outro.

Votem no capítulo.
Espero que gostem.

:)

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