"Cobaias"
'Não pode ser verdade, não têm como ser real. Aquela não é a Ayla.'
Era tudo que Glenn conseguia pensar a cada passo que dava se aproximando do que havia se tornado seu maior medo.Quando chegou perto o suficiente para ver o corpo, Glenn já estava com a visão embaçada pelas lágrimas que escorriam por seu rosto.
"Não pode ser, não pode ser, não pode ser..." O garoto insistia em repetir mentalmente ao reconhecer a camisa da amiga, a camisa que ela roubou dele assim que o viu usar uma única vez.
Glenn já não conseguia respirar direito quando se abaixou para virar o corpo da amiga para ele, mas quando tocou nas costas da garota, ela se virou e o atacou.Ele pôde ouvir o grito de Aelin quando, o que ele pensou ser Ayla, caiu sobre ele. O Rhee lutava para não deixar a mulher feri-lo, enquanto a caminhante tentava o morder a todo custo. Quando Glenn finalmente teve coragem para encarar a amiga, ele se surpreendeu a ver uma desconhecida.
"Não é a Ayla?!"
O Coreano murmurou chocado e aliviado, mas devida a surpresa, esqueceu de segurar a zumbi. Quando ela se lançou sobre ele outra vez, um estalo alto alcançou os ouvidos do Rhee e algo quente espirrou em seu rosto.Glenn piscou surpreso algumas vezes antes de entender o que estava acontecendo. Parada na entrada do prédio com uma arma nas mãos estava Ayla, que respirava pesadamente enquanto encarava Glenn.
Ele olhou entre a amiga e o agora cadáver a sua frente e finalmente voltou a si. Antes que pudesse reagir, ele ouvir Aelin exclamar um som incoerente e correr na direção da irmã mais velha a envolvendo num abraço desesperado. Ayla ergueu a garota em seus abraços e fechou os olhos por alguns segundos tentando se convencer que aquilo era real. Aelin realmente estava segura em seus braços.
Ao conseguir levantar, o Rhee foi na direção da amiga ainda sentindo lágrimas escorrendo em seu rosto e limpando o que ele imaginou ser o sangue da caminhante.
O Rhee encarou a amiga sem acreditar que era realmente ela ali.Ayla também o encarou por alguns segundos enquanto se separava da irmã. Então se aproximou do amigo e tocou seu rosto tirando o que pôde do sangue ali, Glenn se aconchegou no toque da mesma antes de a envolver num abraço apertado.
"Você está vivo." Afirmou a jovem aliviada."E você não é um zumbí." Resmungou o garoto em meio a um riso também aliviado. Que fez Ayla rir com ele.
"Achou que eu seria um?" Ayla questionou ao se afastar para olhar o rosto do amigo com uma expressão implicante.Glenn riu e indicou a caminhante caída no asfalto que tentara devorarlo a alguns segundos.
"Aquela é sua, ou melhor, minha camisa. Não é?"A expressão de Ayla caiu quando voltou o olhar para a caminhante. Glenn automáticamente parou de sorrir ao ver a expressão da amiga e virou seu rosto para ele.
Ayla tinha lágrimas nos olhos quando disse "Eu tentei ajudar, ela estava tremendo, foi atacada por um deles"
Ela suspirou quando uma lágrima caiu e Glenn a enxugou com cuidado."Ela foi mordida." Afirmou a garota.
Glenn se surpreendeu com a informação. "Isso significa..."
Ayla confirmou antes dele terminar o pensamento.
"Se formos mordidos ou arranhados, nos tornamos um deles."
Glenn respirou fundo, afetado, antes de saber o que dizer.
"Que diabos está acontecendo Ayla?"
Finalmente perguntou a amiga o que mais queria saber naquele momento.Ayla apenas negou com a cabeça indicando que não sabia responder e então se afastou olhando para Aelin e voltando ao asiático.
"Precisamos sair da cidade."Glenn franziu o rosto com a afirmação da amiga e então olhou para baixo vendo as malas que Ayla havia feito para eles. Haviam três bolsas enormes e o que parecia ser uma sacola de viagem do trabalho de Ayla. -Foi daí que ela tirou a arma- pensou Glenn.
"Pra onde vamos? Não podemos nos trancar em casa e esperar a situação se estabilizar?"
Questionou frustrado a amiga que já sinalizava as informações para sua irmã mais nova.
Aelin parecia em choque com tantas novidades, péssimas novidades.Após terminar de explicar o que iam fazer para Aelin, Ayla voltou a atenção para Glenn.
"Atlanta caiu, Glenn." Ayla disse e se virou para pegar as bolsas, Glenn a seguiu e pegou duas delas. Uma mais pesada e outra que ele reconheceu como sua mochila de acampamento. Ela devia ter passado em seu apartamento também."O que quer dizer com 'caiu'?"
Ayla o encarou por alguns segundos e mordeu o interior da bochecha tentando controlar as lágrimas que ameaçavam escapar só de olhar para o amigo."Tentei me comunicar com meus superiores, meu chefe, qualquer um. E consegui. Lembra do cara do FBI que falei antes?" Glenn acenou ansiosamente. "Ele me disse que a situação é pior do que parece, Atlanta era a última cidade que estava conseguindo controlar os surtos. Com Atlanta na situação atual, não existem outros lugares de apoio."
"Na Geórgia? Não existem outros lugares no estado?" Glenn perguntou enquanto seguia a amiga que já ia na direção da saída cautelosamente olhando em volta.
"No país Glenn, não existem outros lugares do país." Ayla corrigiu.
Glenn parou no meio do caminho olhando para a amiga sem acreditar.
"N-Não pode ser, não tem como ser verdade Ayla.""Mas é, você não estranhou os noticiários? Tantas informações incoerentes sobre as cidades de fora? Os outros estados estão em completo lockdown já a 1 mês devido ao vírus ter se espalhado." Ayla disse e puxou Glenn e Aelin com ela na direção de um carro.
Glenn a seguia ainda sem acreditar. Quando entraram no carro, ele conseguiu formar uma frase.
"Deve ter algum lugar pra refugiados não é? Algum lugar seguro onde podemos ficar até tudo se resolver."Ayla parou mexer nos fios do carro e fechou os olhos por alguns segundos.
"Existe."Glenn sentiu uma esperança crescer em seu peito ao ouvir a informação.
"Ótimo! Então é pra lá que nós vamos! Onde fica? Como chegamos lá?"Ayla cuidadosamente olhou para o amigo.
"Lembra que percebemos como a cidade está diferente? Mais vazia em algumas regiões.""Você quer falar agora do fato dos ricos terem pego férias coletivas?" Glenn brincou com a piada interna dos dois feita a algumas semanas.
Ayla apertou o volante e suspirou. "Eles já estavam levando refugiados Glenn."
O sorriso no rosto do Rhee caiu em segundos com a frase da amiga.
"O quê?"Ayla parecía prestes a estourar de raiva enquanto tentava manter a calma para explicar ao amigo o que seu superior a havia informado na ligação.
"Eles, os caras importantes que eu sempre falo, nos usaram de cobaias pra ver se conseguíamos controlar o vírus. Atlanta estava sendo usada como um centro de teste contra a epidemia.", Ayla respirou fundo antes de continuar "estávamos sendo usados como malditas cobaias para descobrir como o vírus funcionava, para dar uma 'chance ao país'. Mas como evidentemente tudo saiu do controle deles, eles vão dar um fim ao teste. Por isso, tiraram as pessoas 'importantes' daqui antes de qualquer outro."Glenn estava desolado com o que Ayla dizia.
"Ayla, me diz que eles não..."Ayla afirmou com a cabeça "Eles vão bombardear Atlanta. Temos 1 dia pra sair daqui antes de começar. Não vou arriscar e nos levar a algum refugio com as pessoas que nos largaram para morrer."
Glenn engasgou com o ar, Ayla ia continuar mas não teve chance ao perceber que haviam caminhantes se aproximando do veículo.
Conseguindo ligar o carro, Ayla deu partida e os tirou dali desviando dos monstros que um dia foram pessoas da vizinhança dela e de Glenn.Glenn ainda estava em completo choque com tudo. - O que está acontecendo com o mundo?- Pensou o coreano enquanto apoiava a cabeça no banco do carro.
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;P᥆ᥒt᥆ ᥱ Vίrgᥙᥣᥲ| Gᥣᥱᥒᥒ Rhᥱᥱ.
Hayran KurguInúmeros casos de ataques seguidos de desaparecimento de vítimas vem causando pânico na capital da Geórgia. Ayla Parker, uma perita criminal que trabalha na polícia de Atlanta, investiga esses casos enquanto sua vida e a cidade viram de cabeça pra b...