Na manhã seguinte Penelope acordou. Apesar de sua cabeça girar, ela ainda estava animada para subir e ver o navio zarpar. Seu marido devia estar empolgado também, pensou ela enquanto pegava um vestido novo e se cobria com uma capa de lã no mesmo tom suave de lavanda. Ele já acordara e saíra da cabine.
Uma faixa de cinza e rosa atravessava o horizonte quando Penelope chegou ao convés. Os marinheiros corriam para cumprir seus deveres, desviando dela enquanto desenrolavam cordas e soltavam o cordame. Adiante, o imediato estava de costas, com as pernas afastadas, gritando ordens para os homens que subiam nos mastros. Penelope olhou ao redor, em busca do marido, mas não parecia haver nenhum outro passageiro ali em cima.
— Capitão Brely? , por acaso o senhor viu meu marido? — Notando a impaciência no rosto do homem, ela logo explicou o motivo para importuná-lo. — Ele não está em nossa cabine nem no convés. Existe algum outro lugar no navio aonde possa ter ido?
— Acho improvável, Senhora Bridgerton — disse ele, distraído, seu olhar analisando o céu, avaliando quanto tempo o dia levaria até amanhecer por completo. — Agora, se me der licença...
Confusa, tentando ignorar as pontadas de preocupação que sentia na espinha, Penelope desceu para a cabine e parou no centro do cômodo, olhando ao redor, preocupada. Decidindo que Colin provavelmente fora dar um passeio no cais, ela se aproximou do paletó marrom que ele jogara sobre a cadeira no dia anterior, após terem embarcado, e a pegou.
Levou a peça até o armário para pendurá-la, esfregando uma bochecha contra o tecido macio e fino, inalando o leve aroma do perfume com cheiro de especiarias de Colin.
Penelope virou, procurando pelo paletó azul-escuro que Colin usava quando subira para o convés à noite. A peça não estava na cabine, assim como o restante das roupas que ele vestia quando ela o vira pela última vez.
— Capitão Brely — disse ela —, se meu marido estiver machucado em algum lugar deste navio, a culpa será sua, não apenas pelo ferimento, mas por ter zarpado do cais em vez de tirá-lo daqui e o levado para os cuidados de um médico.
《...》
5 Dias DepoisPenelope deu um pulo quando alguém bateu à porta da cabine, e seu coração disparou de medo e esperança como fazia sempre que ouvia qualquer som do lado de fora nos últimos cinco dias.
Mas não era seu marido quem estava do outro lado, e sim Anthony Bridgerton a quem ela não via desde o casamento.
— Alguma notícia? — sussurrou Penelope num tom desesperado, nervosa demais para cumprimentar a mulher.
— O capitão e o imediato não sabem de nada — disse Anthony. — Venha comigo
Horas depois, a carruagem diminuiu a velocidade, seguindo um caminho decoroso pelas ruas de Londres, e Penelope finalmente tirou o olhar triste da janela e se concentrou no cunhado.
— Aonde estamos indo?
— Para minha casa na cidade. Minha mãe e o restante da família já devem ter chegado
— eu não... eu não entendo — a Ruiva sentiu vontade de chorar e mordeu os lábios
— Estamos movendo céu e terra para descobrir o que aconteceu com Colin — disse ele num tom gentil para confortar a cunhada. — Já contratamos um advogado e detetives.. Benedict e Simon já conseguiram mais de cem homens para montarmos grupos de busca
— Quais são as chances de encontrá-lo...? — Sua voz engasgou. Ela não conseguia dizer a palavra “vivo”.
— Eu... — hesitou Anthony. — Eu não sei ... eu o quero encontra-lo bem tanto quanto você
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Say You'II remember me
RomanceColin Bridgerton deixou Londres há dois anos, fugindo da vergonha de uma traição que sofreu. Desiludido e com o coração partido, ele decide renunciar ao amor e tudo que ele possa proporcionar. Após uma longa conversa com sua família ele precisa reto...