A expressão desanimada no rosto do Dr. Danvers ao sair do quarto de Penelope e fechar a porta encheu a mente de Colin de agonia.
—Como ela está Dr? — Lady Bridgerton perguntou Preocupada — Ela vai ficar bem não vai? Ela tem que ficar bem!
— É claro que ela está bem! Foi um tiro de raspão, um.. um susto não é Colin — Lady Featherigton disse — Eu não sei oque houve mas vai ficar tudo bem, Penelope é forte...
Colin estava encostado na parede com um olhar distante e desde que trouxe o corpo da esposa pra casa , não disse nenhuma palavra.
Portia Featherigton que havia chegado no mesmo instante em que soube do acidente. Estava extremamente nervosa e preocupada com o estado da filha e também por que precisava de Penelope viva para que fosse apresentada para a Duquesa de Cambridge.
— Lamento — disse ele para o grupo aflito que esperava no corredor.
Colin voltou sua atenção pro médico automaticamente ao ouvir aquelas palavras..
— Não há nada que eu possa fazer para salvá-la. Quando cheguei aqui, já não havia mais esperança.
Lady Bridgerton pressionou um lenço nos lábios contendo o choro.
Lady Featherigton encarou Colin com sangue nos olhos e tentou avançar em cima do Genro.
— A culpa é sua! Você a matou ! —Portia gritava desesperada — Ela salvou você mais uma vez e morreu por conta disso...
— Colin não teve culpa Portia , foi uma fatalidade — Lady Bridgerton disse enquanto se aproximava do filho.
— Eu não vou sossegar enquanto não colocar você na cadeia — Portia apontou um dedo pra Colin — Você a matou!
— Tem razão Senhora Featherigton... Eu posso não ter puxado o gatilho —Colin sussurrou Com a voz embargada — Eu a matei por dentro, aos poucos , todos os dias...
Anthony e Benedict chegaram logo em seguida. Ao verem a mão chorando , Lady Featherigton jogada ao chão gritando o nome da filha, perceberam que já era tarde.
— Irmão Nós... Nós vamos levar todos lá pra baixo para que você possa falar com o médico — Murmurou Anthony lhe dando um abraço apertado — Não perca as esperanças irmão, Ainda não é o fim!
Benedict repetiu o gesto do abraço e os dois desceram carregando Lady Bridgerton e Portia Featherigton contra suas vontades.
Virando-se para Colin, o Dr. Danvers continuou:
— Senhor Bridgerton pode entrar e se despedir primeiro de sua esposa, mas ela não vai escutar. Está num coma profundo. Só lhe restam alguns minutos, talvez algumas horas. — Diante da expressão de pura angústia no rosto de Colin o Dr. Danvers acrescentou, gentil:
— Ela não vai sentir dor, Sr Bridgerton. Eu juro.
Um músculo pulsou na bochecha de Colin enquanto ele seguia para o quarto de Penelope, lançando um último olhar de raiva impotente para o médico inocente.
Velas tinham sido acesas ao lado da cama com dossel, e ela estava imóvel e pálida sobre os travesseiros de cetim, sua respiração tão fraca que era quase imperceptível.
Engolindo o bolo na garganta, Colin sentou na cadeira ao lado e fitou seu rosto amado, tentando memorizar todos os seus traços.
Penelope tinha uma pele tão macia, cílios tão compridos — pareciam leques escuros contra seu rosto...
E havia parado de respirar!
— Não morra! — gemeu Colin, rouco, agarrando sua mão mole, tentando sentir sua pulsação. — Não morra!
Ele encontrou um batimento cardíaco fraco, mas ainda presente, e, de repente, não conseguia parar de falar.
— Por Deus, não me deixe! Há tantas coisas que quero lhe dizer, tantos lugares que quero lhe mostrar. Mas, se você for embora, não vou poder fazer nada disso. Pen, querida, por favor... por favor, não vá embora. Me escute
implorou Colin com urgência, por algum motivo convencido de que a esposa sobreviveria se compreendesse o quanto era importante para ele.
— Vou lhe contar como era minha vida antes de você aparecer naquela armadura. Era tudo vazio. Sem cor. E aí, quando você apareceu, eu senti coisas que nem acreditava serem possíveis, vi coisas que nunca tinha visto. Não acredita em mim, não é, querida? Mas é verdade, e posso provar.
Com a voz grave embargada pelas lágrimas, Colin recitou:
— As flores no campo são azuis.
Aquelas perto do rio são brancas. E o arco perto do arvoredo está cheio de rosas vermelhas.Erguendo a mão dela até seu rosto, ele esfregou a bochecha em sua palma.
— Não foi só isso o que percebi. A clareira perto do jardim, onde minha placa está, é idêntica àquela onde lutamos nosso duelo, um ano atrás. Ah, e, querida, tenho mais uma coisa para dizer: Eu te amo, Penelope.
As lágrimas dificultavam suas palavras, transformando-as num sussurro atormentado.
— Eu te amo, e nunca vou poder dizer isso para você.
Movido pela raiva e pelo desespero, Colin apertou a mão dela com mais força, subitamente abandonando as súplicas e passando para ameaças.
— Penelope, não ouse me abandonar! Se você fizer isso, vou jogar Penrose na rua! Juro que vou. E sem qualquer carta de referência. Na rua, está me ouvindo? E Filbert vai junto
Uma hora, depois outra, e Colin continuou falando, alternando entre súplicas e ameaças, e, então, quando começava a perder as esperanças, passou para a bajulação.
— Pense na minha alma imortal, meu bem. Ela é deplorável, e, sem você para me convencer a me comportar, com certeza vou voltar aos velhos hábitos.
Ele esperou, ouvindo, olhando, agarrando a mão inerte de Penelope como se tentasse transmitir sua própria força para ela.
Então, de repente, toda a determinação e a esperança que o impulsionavam a falar desmoronaram.
O desespero tomou seu coração, sufocante, e as lágrimas arderam em seus olhos.
Abraçando o corpo desmaiado da esposa, Colin encostou a bochecha na dela, os ombros largos tremendo com seu choro.
— Ah, Penelope — lamentou ele, balançando-a em seus braços como se ela fosse um bebê —, como vou viver sem você? Me leve junto. Quero ir também...
E, então, Colin sentiu algo — uma palavra sussurrada contra sua bochecha.
Colin prendeu a respiração e afastou a cabeça, analisando freneticamente o rosto da esposa enquanto a baixava com delicadeza até os travesseiros.
— Penelope?
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Say You'II remember me
RomansaColin Bridgerton deixou Londres há dois anos, fugindo da vergonha de uma traição que sofreu. Desiludido e com o coração partido, ele decide renunciar ao amor e tudo que ele possa proporcionar. Após uma longa conversa com sua família ele precisa reto...