O amor vence ?

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Desta vez, quando fez amor com Penelope, Colin se demorou por horas, se segurando enquanto a guiava por ápices e mais ápices de prazer trêmulo, e se juntava a ela.

A aurora já manchava o céu arroxeado com faixas cor-de-rosa quando Colin se uniu à esposa pela última vez e finalmente caiu num sono profundo.

Erguendo o braço ao redor de sua cintura com cuidado, Penelope se inclinou para a frente e saiu de baixo dos lençóis. Seu corpo, desacostumado com atos tão vigorosos, estava fraco, mole e deliciosamente cansado enquanto ela seguia em silêncio para o lado do marido da cama e pegava sua camisola de cetim.
Vestindo as mangas, Penelope fechou a camisola ao redor de si e hesitou, olhando para ele.

O cabelo escuro de Colin contrastava com a brancura brilhante do travesseiro, e o sono amenizava os contornos másculos de seu rosto bronzeado, quase fazendo com que parecesse um menino.

O lençol descera para seu quadril, expondo o peito e os braços largos, musculosos. Sua pele também era bronzeada ali, notou ela com surpresa. Não tinha percebido isso durante a noite, mas era evidente que o marido ficara sem camisa durante o trajeto de navio de volta para Mayfair. Ele também estava mais magro por causa do período que passara preso. Magro demais.

O olhar de Penelope o percorreu, maravilhado com a liberdade de observá-lo o quanto quisesse. Colin era esplêndido, esplêndido de verdade, decidiu ela, completamente imparcial.

Na verdade, não fora uma tolice ingênua compará-lo ao Davi de Michelangelo.
Sem perceber o carinho em seu gesto, Penelope se inclinou para baixo e puxou o lençol para cobri-lo até o ombro, levantando-se depois. Mas não foi embora. Ela esfregou os braços, distraída, enquanto a lembrança do momento em que o marido perguntara

"Você não me quer?"

enchia seu corpo de carinho.

Ela pensou na primeira vez em que fizeram amor naquela noite, na afobação e no desejo que ele não conseguira esconder apesar de toda a experiência. Na sua opinião, aquela fora a melhor de todas, porque fora a única em que Colin perdera o controle.

Uma nova onda de prazer surgiu quando Penelope se lembrou de quando o marido declarara, desamparado: Desculpe, amor. Não consigo esperar. Como se sentira feliz, satisfeita — sabendo que, enquanto Colin era capaz de fazê-la se sentir como se pegasse fogo, ela era capaz de fazer a mesma coisa com ele.

Os dois fizeram amor várias vezes depois disso, durante a noite toda, mas, depois de cada uma, ele sempre mantinha um controle rígido de si mesmo, acariciando-a e beijando-a com a destreza e a habilidade de um prodígio da música tocando um violino. Penelope sabia que o marido sentira prazer, mas não com a desinibição maravilhosa da primeira vez.

E, ao mesmo tempo, ao contrário, Colin se esforçara ao máximo para fazer com que ela perdesse o controle. Só que Penelope não era mais a garota que declarava amor eterno depois de um único beijo — ou de uma noite inteira de carícias fervorosas. Ela não era mais uma menina impulsiva, ingênua e deslumbrada.

Agora, era cautelosa, mais sábia.

E corria o risco de acabar ficando fascinada demais por aquele lado inesperado e vulnerável do marido enigmático, concluiu ela, dando as costas para o homem que dormia. Voltando para o quarto, Penelope fechou a porta sem fazer qualquer som.

《..》

Ela acordou tarde e sofreu sob os cuidados de sua Governanta, que insistiu em pentear seu cabelo até os fios brilharem antes de cogitar discutir se a patroa usaria o vestido de musselina com estampa de raminhos de lavanda ou o esvoaçante cor-de-rosa.

Say You'II remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora