Redenção

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PENELOPE COMIA NUM silêncio desconfortável, sentada à mesa iluminada por velas, do outro lado de Colin

— Não gostou do vinho? — perguntou o rapaz.

Ela tomou um susto com a voz grave dele, e sua colher bateu na frágil tigela de porcelana de Sèvres.

— Eu... eu não gosto de vinho do Porto

— Você quase não comeu — observou colin, falando baixo.

Sufocada pelo que imaginava serem esforços propositais e inéditos do marido de seduzi-la e distraí-la, penelope balançou a cabeça.

— Não estou com muita fome..

— Já que é assim — disse ele, colocando o guardanapo sobre a mesa —, vamos nos deitar, querida?

Um lacaio se aproximou para puxar a cadeira do patrão, e Penelope pegou seu garfo.

— Acho que quero comer mais um pouco de faisão — disse, apressada.

Educado, Colin voltou a posicionar o guardanapo sobre o colo, mas ela jurava que vira um brilho risonho em seu olhar. Tentando ganhar tempo, Penelope se esforçou para dissecar a suculenta fatia de faisão em pedaços retangulares precisos, mastigando cada um deles até estarem quase liquefeitos.

Quando engoliu o último e baixou o garfo, Colin ergueu uma sobrancelha, querendo saber se ela já tinha terminado.

O olhar assustado de Penelope voou para o lacaio mais próximo.

— Eu... eu adoraria um pouco daqueles aspargos deliciosos — anunciou ela em desespero, e, desta vez, o sorriso nos lábios de Colin era inegável.

Depois dos aspargos, a Jovem seguiu para uma pequena porção de ervilhas com molho branco, porco recheado com maçãs, empadinha de lagosta e, por fim, mirtilos.

Colin nem se deu ao trabalho de esconder seu divertimento quando a esposa fez esse último pedido.

Recostado na cadeira, ele ficou observando com um sorriso sensual enquanto ela se esforçava para engolir cada frutinha.

Evitando os olhos dele, penelope conseguiu terminar a refeição, mas seu estômago se revirava, reclamando do excesso de comida.

— Quer algo com mais sustança, meu doce? — sugeriu Colin. — Uma fatia de bolo de chocolate?

A ideia de comer sobremesa a fez estremecer, e ela logo fez que não com a cabeça.

— Carne ao molho de vinho?

Penelope engoliu em seco e sussurrou:

— Não, obrigada.

— Então, talvez uma maca? — ofereceu ele com um sorriso travesso. — Para carregá-la lá para cima? — Antes que ela pudesse responder, o rapaz colocou o guardanapo na mesa e se levantou, dando a volta para ajudá-la a sair da cadeira.

Em circunstâncias diferentes, penelope teria rido da piada, mas, hoje, o nervosismo e a vergonha tinham acabado com seu senso de humor. Ela sabia que o marido tentava tranquilizá-la, mas era difícil se sentir grata por isso quando seu desconforto era culpa dele.

Além do mais, não entendia como o homem não sentia vergonha nenhuma do que estavam prestes a fazer. Mas, então, ela se lembrou da reputação de mulherengo de Colin, entendendo que ele não teria vergonha nem ficaria desconfortável com algo que já fizera centenas de vezes, com dezenas de mulheres!

Uma hora depois, o rapaz abriu a porta que ligava os dois quartos e entrou no dela, parando de repente e encarando a cama, incrédulo e irritado. Com o dossel aberto, a coberta de cetim azul-claro estava virada, convidativa, exibindo lençóis de seda creme, mas não havia sinal de Penelope .

Say You'II remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora