Aposta (parte 2)

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— Minha? — repetiu Penelope, tão aflita e distraída que começava a ficar tonta. — Que problema de caráter é esse?

— Exatamente, mas talvez ele nem tenha prestado atenção nas coisas que eu disse que você fez

— Ah, ele prestou atenção — disse penelope, seca. — Hoje de manhã, me entregou uma lista com essas transgressões e queria que eu confessasse ou negasse minha culpa.

Os olhos de David se arregalaram de satisfação.

— É mesmo? Achei que ele estivesse se irritando comigo, mas, com Colin, é impossível ter certeza. Você admitiu ter feito aquilo tudo ou não?

Nervosa e preocupada demais para continuar sentada, penelope colocou a xícara sobre a mesa e, com um olhar pesaroso, levantou-se, andando até o pequeno canapé perto das janelas e afofando as almofadas com estampa de flores amarelas.

— Admiti, é claro.

David girou na cadeira para analisá-la, todo interessado.

— Então imagino que o reencontro não esteja sendo um mar de rosas? — Quando Penelope fez que não com a cabeça, ele sorriu, alegre. — A sociedade está em polvorosa, querendo saber se você vai ceder ao famoso charme de Colin, sabia? As tendências já estão em quatro para um a favor de que você será uma esposa amorosa no dia da Corrida da Rainha.

Penelope se virou para encará-lo, horrorizada e irritada.

— O quê? — arfou ela, enojada, incapaz de acreditar no que ouvia. — Do que você está falando?

— Apostas — respondeu David, sucinto. — As tendências são de quatro para um que você vai prender sua fita no braço de Colin e torcer por ele na corrida. Muito submisso da sua parte.

— As pessoas estão apostando numa coisa dessas? — explodiu ela.

— É claro. No dia da Corrida da Rainha, é tradição que as damas anunciem sua torcida pelos cavalheiros na competição tirando uma fita do chapéu e amarrando-a no braço deles, como um incentivo e desejo de boa sorte. É uma das poucas mostras públicas de afeição que a sociedade permite. Principalmente, creio eu, porque a análise de quem usou as cores de quem é motivo de fofoca e suposições nos longos meses de inverno. Por enquanto, as tendências são de quatro para um de que você vai amarrar a sua fita no braço de Colin.

Por um instante distraída do seu problema maior por um pequeno detalhe, penelope olhou com desconfiança para David.

— Em quem você vai apostar?

— Ainda não resolvi. Achei melhor passar aqui antes para sentir o clima antes de seguir para o White’s. — Graciosamente limpando a boca com um guardanapo, ele se levantou, beijou a mão dela e disse numa voz desafiadora: — Então, minha querida, como vai ser? Vai demonstrar sua afeição por seu marido lhe dando suas cores no dia sete de setembro?

— É claro que não! — disse penelope, estremecendo por dentro diante da ideia de passar tamanho ridículo na frente dos outros por um homem que todos sabiam estar pouco se importando com ela.

— Tem certeza? Não quero perder mil libras.

— Seu dinheiro está seguro — respondeu ela num tom amargurado, desabando sobre o canapé e encarando as mãos.

David já atravessara metade da sala quando penelope gritou seu nome e se levantou como se as almofadas estivessem pegando fogo. Rindo de alegria, ela se aproximou do aristocrata chocado.

— David, você é maravilhoso! Brilhante! Se eu já não tivesse um marido, pediria você em casamento!

Ele não fez qualquer comentário sobre essa proclamação elogiosa, mas a encarou com uma expressão desconfiada, achando graça, com uma sobrancelha erguida.

Say You'II remember meOnde histórias criam vida. Descubra agora