egoista

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Minha mãe foi levada para dentro do pronto-socorro há meia hora. É pouco tempo, eu sei, mas é desesperador .

Não consigo ficar parada. Sinto que, se eu não andar de um lado para o outro, vou desmoronar . Se me movimento, parece que faço algo, apesar de não fazer nada. Estou enlouquecendo.

Estou à beira de um ataque de nervos. Sinto Alguém me puxar para um abraço.

— Me desculpe por não chegar antes Pen

Sussurrou Benedict.

— A minha mãe Benedict...

— Calma, Pen. Calma. Você é o amor da minha vida . Se acalma, porque, se eu perder você, vou pirar . Fica comigo e não surta.

Eu o abraço de volta, encosto a cabeça em seu peito e choro.

— Seu pai já está à caminho

Deixo escapar um soluço desesperado.

Queria entender quando minha vida se tornou essa sucessão de catástrofes. Devia ter um aviso prévio: “Prepare-se, a partir de hoje tudo vai desmoronar”.

Benedict massageia minhas costas e diz:

— Vai ficar tudo bem.

— Você acha? — fungo ao perguntar.

— Só posso me apegar a isso. Vai ficar tudo bem. Sua mãe já passou por muita coisa

— você acha que a culpa é minha?

— É claro que não Pen...  Você não tem culpa de absolutamente nada

— Filha! — ouço meu pai e corro para seus braços

Ele me abraça. E aqui estou eu desejando o colo do homem de quem tanto quero fugir.

— Pai, ela estava tão gelada — conto, ainda muito assustada.— E não respondia...

— Vai ficar tudo bem Filha...Quero falar com o médico. Vocês sabem quem é o responsável?

— Não — respondo, olhando à nossa volta.

— Ninguém me diz nada.

— Vou descobrir — meu pai diz e eu acredito.

— Fique aqui Com Benedict querida eu volto logo

Meu pai foi em direção da porta onde levaram minha mãe.

— Você não pode entrar aí Tio Fred.. O acesso é restrito — Benedict avisa, apontando para a placa.

— Tem alguém aqui para nos dar respostas? — Meu pai pergunta, mostrando a sala de espera ocupada apenas por pessoas angustiadas aguardando notícias. — Então, vou atrás delas.

— Não vão te deixar entrar — digo

— Volto logo com informações da sua mãe ou não me chamo Frederick Archibald Featherigton — ele responde orgulhoso.

Benedict segura minha mão e ficamos olhando para as portas, que balançam com a passagem do meu pai.

Meu pai está demorando tanto que Estou sufocando dentro do hospital e saio acompanhada de Benedict.

Estamos na frente do hospital. Carros estacionam bruscamente, pessoas entram apressadas. Odeio essa movimentação.

— Sinto muito por tudo que está acontecendo Pen— Ele enrola uma mecha dos cabelos castanhos nos dedos.

Eu me foco nele um pouco, querendo esquecer de mim.

Benedict parecia diferente desde que chegou aqui. Está distante, calado e parece incomodado com algo.

— Ver minha mãe assim tão triste, a ponto de tentar tirar a própria vida, me machuca demais. E se eu não tivesse chegado naquela hora?

— Mas chegou. — Ele aperta minha mão

—  Oque você tem Benedict?

Benedict me olha confuso e se afasta um pouco.

— Você viu que Colin e Sophie estão morando juntos ?

Ele estava mesmo falando sobre aquele assunto agora?

— Qual o problema? Colin e Sophie terão um filho, eles se dão bem

Benedict me olhou como se eu estivesse falado algo terrível.

— Penelope... Colin não gosta da Sophie

— Ele gosta sim — Retruco

— Da mesma forma que ele gosta dela?

— Isso eu não sei te responder — Falo passando a mão pelo cabelo

— Viu só? Esse relacionamento nem deveria estar acontecendo... Colin não a ama, não é justo com ela

— Benedict.. Qual o problema deles estarem juntos? Nós estamos juntos

Benedict desviou o olhar do meu e encarou o chão como se sentisse culpa

— Eles não combinam... Ela merece alguém que a Ame e que se importe com ela... alguém que esteja disposto a cuidar dela

— Está com ciúmes... — Falo me levantando — Você está com ciúmes do seu irmão com a sua ex...

— Eu não estou com ciúmes.. pelo amor de Deus Pen você não pode acreditar nisso

— Você deveria ir embora.. Deveria não — Falo virando de costas — Você deve ir..

— Eu não vou deixar você sozinha

Benedict segura minha mão e tenta me puxar para seus braços.

Não vou. Não quero passar a mensagem errada.

— Não é hora de fazer birra, Pen — ele diz, e entreabro os lábios, chocada.

— Não é birra. — E me afasto para o lado.— Você está estranho comigo a Manhã toda , me tratando como seu eu tivesse te obrigado à estar aqui

— É claro que não... Eu quero ficar , ficar aqui com você!

— Você estar aqui ou não... Nem faz tanta diferença.

Viro as costas para Benedict e caminho para dentro do hospital.

Escuto quando ele me chama, mas não paro. Estou explodindo de raiva.

Como ele pode usar esse momento? Como pode ser tão egoísta?

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