6. Playing With Fire

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Maeve's POV.

Mexia a colher no meu chá tediosamente, enquanto falava com a mamãe sobre coisas corriqueiras. Ela havia acabado de chegar do hospital, porém já estava apressada para poder voltar, afinal ela não veio aqui para ficar o dia todo. O dever a chama.

Antigamente eu ficava mais chateada quando eles passavam horas fora, mas hoje em dia já entendo que eles não fazem isso por quererem e que se eles pudessem ficariam o dia todo grudados comigo. Mas eles escolheram salvar vidas, eles escolheram ajudar as pessoas e mesmo isso me deixando um pouco triste, tenho que aceitar e aproveitar quando tenho tempo com eles, afinal eles até que se esforçam para ficar comigo.

— Filhote, aqui tem uma cheesecake de chocolate... — empolgada a interrompi, eu amo cheesecake de chocolate.

— Cheesecake? Eu amo. Por quê não avisou antes?

— Porque não é para a senhorita. — respondeu em tom brincalhão, apertando meu nariz. — Temos uma nova vizinha, quero que leve esse doce de boas vindas. Aproveite e faça uma nova amiga e descubra mais sobre ela também.

Beatrice piscou o olho para mim e eu revirei os olhos, não por não querer ir para a casa da vizinha, mas sim porquê a cheesecake não é para mim.

— Resolveu fazer cheesecake para uma desconhecida e ainda quer me usar como bode expiatório. — murmurei fazendo bico.

Mamãe me olhou com deboche e uma das mãos na cintura.

— Não estou usando você como bode expiatório, estou apenas tentando te ajudar a ter uma nova amiga e também me informar, preciso saber o tipo de pessoa que mora na casa ao lado. — falou como se fosse óbvio. — E não fique assim, prometo que quando eu tiver mais tempo eu faço para você.

Pelo menos uma coisa boa.

— Essa tal vizinho deve ser uma velha cheia de gatos. — comentei, sorvendo um pouco do meu chá.

— Não acho que seja. — deu de ombros.

— E se for uma louca psicopata que vai me manter como prisioneira no porão da cada dela?

— Você anda assistindo filmes demais, Maeve. — repreendeu. — E essas casas não têm porões.

Mordi o lábio. Não são filmes demais, foi o que vivi nos últimos cinco dias. Mas reconheço que estou ficando paranóica com tudo isso. Deve ser só uma velha cheia de gatos que cozinha biscoitos e os serve com chá. Não tenho nada contra esse tipo de senhora, até gostaria de ter uma amiga assim, ai eu teria alguém para me fazer cafuné e me servir biscoitos com gotas de chocolates sempre que me sentir mal.

Um pouco depois de quando mamãe saiu para trabalhar, me vesti com algo decente e peguei a travessa com a cheesecake.

A casa que antes estava desocupada fica exatamente ao lado da minha, praticamente colada. Inclusive, a minha janela dá de cara com a janela de um dos quartos dessa casa. Antes eu deixava a janela aberta o tempo todo, agora terei que tomar o máximo de cuidar, vai que é uma velha tarada por garotinhas? Ou que ela esteja morando com um marmanjo tarado por menores de idade? Deus me livre de passar por isso.

Toquei na campainha levemente. Então me afastei um pouco da porta, para não invadir o espaço da nova vizinha, por uma questão de educação.

Ouvi o barulho de chave rodando na fechadura e então a porta foi aberta. Por muito pouco a travessa não caiu no chão junto com a torta. Meu coração deu um solavanco dentro do peito, um arrepio percorreu minha espinha e por muito pouco eu não cai no chão.

Meus lábios ficaram secos ao passo que meus olhos encontraram os azuis de Billie. Era ela. E ela estava lá. Com um sorriso largo e roupas despojadas. Os cabelos soltos e uma expressão serena, a mesma que ela sempre ficava quando estava fazendo carinho em mim na Grécia. Aquilo me assustou de tal maneira que eu não consegui me mover ou falar, foi como naquele maldito dia.

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