22. FEITIÇO

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AIYRA TALA


Mais uma vez, eu e Demetri nos escondemos a cachecóis e paletós com toucas de pêlo. Ele sabia a exata localização dos lobos, e andávamos em meio ao frio congelante e a pouca neve que caia. Não eram muito humanos que se arriscavam a estar nas ruas com esse tempo.

— Estamos quase chegando — me alertou.

Demetri parou em frente a um enorme casarão que parecia até mesmo assombrado. Os portões são velhos e caídos, mas ninguém aparentemente ousa tentar entrar aqui pela sua aparência fantasmagórica.

Eu ouvi os murmúrios que começaram dentro do casarão. Eles já sabem de nossa presença. Não esperavam me ver depois de anos, mas estão irritados pela presença de um vampiro.

— Aiyra — ouvi a voz com o sotaque forte e grossa de Loui, que apareceu rápido como uma sombra na janela da casa — Quanto tempo, vamos, entre. Mas deixe o Volturi do lado de fora, ele não é bem-vindo aqui.

— Demetri não é mais um Volturi, e é meu companheiro. Eu entro apenas se ele estiver ao meu lado.

— Me surpreende vocês estarem aqui juntos — ele riu, balançando a cabeça — Eu pensei que seu rancor fosse maior que qualquer laço emocional. Vejo que me enganei.

— Vai nos deixar entrar ou não? — Demetri o cortou.

Loui o olhou com superioridade, mas deu de ombros.

— Não quero chamar atenção de humanos, ou de suas câmeras espalhadas por todos os lugares. Entrem.

Demetri empurrou os portões enferrujados, e fez um sinal para que eu entrasse primeiro. Eu passei em sua frente e andei pela entrada da casa até chegar em sua porta rústica. A porta foi escancarada por uma loba de longos cabelos loiros, e ela fez um sinal para que eu entrasse, mas seu olhar ameaçador estava o tempo todo no meu companheiro, que não hesitou em devolver.

— Aiyra Tala — Loui desceu grandes escadas pintadas de marsala — Eu achei que nunca mais veria minha mentora novamente.

Eu posso estar em um momento que não está favorável para recordações, mas eu não evitei um sorriso ao o ver com um ar de liderança, tão forte e independente. Bem diferente do lobo que ajudei nos anos 60.

— Você cresceu — brinquei e seu sorriso se alargou.

— Você envelheceu.

Loui desviou o olhar para Demetri, e o observou de cima a baixo. Era evidente seu desconforto, mas Demetri não se importou. Ele deu um passo a frente e segurou com firmeza na minha cintura.

— Vocês dois? — olhou de um para o outro — Eu não esperava que voltaria ao que era antes.

— O motivo da conversa não somos eu e Demetri — o limitei — Mas sim negócios. Eu preciso de você e de sua matilha.

Nas sombras da mansão, eu observei as figuras escondidas nas partes escuras, mas sabemos que estão aqui. Sete.
Se for motivo de uma luta, estou confiante que podemos equilibrar.

— O que acha de se sentar em um lugar mais confortável apenas você e eu? — sugeriu.

— Não, aqui está bom.

Eu jamais serei louca de deixar Demetri sozinho com os outros lobisomens, e de muito menos adentrar em um local desconhecido. Não sei que armadilhas posso encontrar.

— Se você prefere assim — deu de ombros — Me deixe adivinhar o que te traz aqui. Loham e sua guerra declarada?

Ele se sentou em um sofá de couro e arquei a sobrancelha.

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