When I R.I.P

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A/N: Gente, desculpa não postar mais nada, eu estou super estressada com a escola e isso (mais a minha intolerância ao glúten) me fez desenvolver um negócio chamado brain fog (que te da uns apagões, febre, etc). Eu estou melhor já, mas não fui para a escola hoje nem nada. Então decidi fazer update pra vcs<3
PS: Minha escrita ta ruim pq eu estou doente como disse antes.

WHEN I R.I.P

"Just alive tryin''Cause it's been a long day

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"Just alive tryin'
'Cause it's been a long day."
(Só vivo tentando,
Pois tem sido um dia longo.)
When I R.I.P, Labrinth

07 de abril de 2002 - 28 anos // 09 anos

Não era como se Percy quisesse estar alí.
Claro, ele roubava de vez em quando mas... quem não? Gabe acabaria com ele se ele não tivesse o dinheiro e o fato dele parecer uma criança de seis anos (sério, seu hormônios pareciam não existir) ajudava ele a parecer inocente, seu bairro era inteiro latino, não culpariam ele do nada como em suas escolas, que eram cheias de pessoas brancas de classe média-alta ou alta, entupidas de privilégios.
"Você está bem, cariño?" Uma mulher de mais ou menos trinta anos perguntou a ele, sua voz era carregada com um forte sotaque, Percy já havia visto ela, Srta Benítez, ela havia acabado de se mudar, vinha do Chile.
"Eu..." Percy molhou os lábios, forçando as lágrimas, ele já sabia como. Sua mãe lhe dizia que mentir era ruim, mas a moça não saberia que era mentira. E, sejamos sinceros, que parte da vida de Percy não era mentira? Ele era um ótimo mentiroso, ele sabia, mentia para sua mãe com uma certa frequência (ele odiava isso, mas o que podia fazer? Contar a ela sobre o acordo que havia feito com Gabe? Contar que apanhava como um saco de pancadas? Que passava fome para ela comer? Que todos em sua escola o odiavam? Não, não aconteceria.)
"Eu perdi meu ursinho." Ele fez um biquinho infantil, buscando aquela memória agridoce que isso despertaria na mulher. Ela fez um som de descontentamento e se moveu para abraçar-lo.
Bingo.
"Não fique triste querido." Ela abraçou ele e ele apertou seu ombro. Ela nem percebeu seus brincos saindo de suas orelhas e sua carteira saindo de seu bolso. "Você vai achar-lo, quer ajuda para procurar?"
Percy focou os olhos em outra coisa, fingindo alegria. "Mamãe!" Ele exclamou, sabendo muito bem que sua mãe não estaria por perto até as nove.
"Muito obrigado, moça. Eu vou falar com mamãe." Ele disse, correndo.

Ele daria tudo por não ter corrido aquele dia.

Ele esbarrou em alguém.
"Ow!"
"Presta atenção, muleque! Você é doente?" Exclamou uma voz forte e levemente distorcida.
Quando Percy olhou para o homem, percebeu algumas coisas. Os olhos do homem estavam vermelhos, pupilas dilatadas, um pequeno pacote estava no chão, entre ele e um outro homem.
Ele tentou correr, mas não deu tempo.
O traficante segurou seu ombro com força. "Calma, calma menino. Não vai sair rápido assim." Ele riu.
"Eu prometo não contar nada." Percy jurou.
"Eu vi o que você fez. Ótimos movimentos. Ela nem percebeu." O coração do garoto gelou.
"Senhor, eu juro-" O homem riu, ele vestia uma roupa simples, mas suas coisas eram caras.
"Meu nome é Markus. O que você acha de fazemos um acordo?"
Percy engoliu. Acordo.
"O que você precisa?" Markus perguntou.
"Grana." Ele confessou. "Eu preciso de muita grana."
"Isso é fácil para mim. O que você acha de ser meu garoto de entregas? Em troca, eu não conto para ninguém que você é um ladrãozinho."
Percy engoliu. "Claro."
Aquele aperto de mãos parecia um veneno.

Foi assim que Percy começou a fazer entregas, entregava apenas o básico, o clássico baseado. Ele via as pessoas que recebiam os pacotes, elas estavam acabadas, exatamente como Gabe. Sua casa possuía aquele cheiro.
Cheiro de álcool e drogas misturados com lágrimas e pedaços das pessoas que um dia estavam vivas na alma. Cheiro de dor, mentiras e socos, de estupro, de morte, de gritaria.
Cheiro de casa?
Markus era bacana, ocasionalmente perdia a cabeça, mas quando se convive com Gabe, nada é violento demais.

Quando ele entrou no armazém para pegar mais pacotes, acabou vendo algo que não devia. (Seria esse seu talento?)
Markus estava numa sala vazia, estralhaçada, armas estavam estocadas em caixas ao seu lado.
"Oi pirralho. Sabe mexer nisso?"
Percy gelou. "Não."
"Venha aqui, eu te ensino." Uma garota bonita, um tanto exposta estava ao lado de Markus, entregando a ele as armas. "Lavínia, gatinha, pegue uma KM 512 para o garoto." Percy conhecia essa arma, já tinha visto ela no bolso de alguns... clientes.
"Aqui, segure assim." As instruções seguiram e Percy estava indo bem.
"Atire, atire naquele alvo." Percy mirou no centro do alvo na parede, puxou o gatilho e atirou. O estrondo da bala furando a parede foi alto. Percy adorou o som.
Aquela parte dele que ele via com frequência no espelho depois de apanhar gostava do som. A parte dele que queria matar Gabe, bem devagar, aquela parte dele gostou. Os ensinamentos ficaram mais frequentes, e logo,
Percy atirava com sua própria arma. Ele se sentia poderoso, não um fracassado como antes. A parte dele que chorava por sua mãe e implorava por um pai temia essa sensação.
Isso era o certo?

"Escuta aqui, sua vagabunda! Você não tem o direito de falar assim comigo! Você é minha mulher! Minha!" Gabe gritava na sala. "Você está surda, porra? Me responde! O que aconteceu? E aí Sally? Não vai fazer nenhum comentário? Vamos!"
Percy tremia dos pés à cabeça.
Filho da-
"Vai a merda!" Sua mãe respondeu.
Grande erro.
Percy tremeu.
Um soco forte foi ouvido entre as quatro paredes do apartamento.
Percy contemplou suas oportunidades, ele podia se matar... ou podia matar Gabe...
Sua mãe preferiria um filho morto que não desse trabalho, ou preferiria um filho assassino?
"Você acha que você é tão incrível, não acha? Me diz, me diz Sally, quem se importa com você? O pai do Percy? Admite, você era uma vadia. Era e vai sempre ser. Eu sou o único capaz de te amar! Eu devo ser idiota para cometer tal ato de caridade!" Percy viu sua mãe correndo para o quarto, se preparando para fingir que estava tudo bem.
Ela mentia também.
Talvez mentir não fosse tão ruim e errado assim.

No dia seguinte, quando Sally saiu para trabalhar, Percy se preparou.
E foi assim que ele se encontrou, de pijama, olhando para Gabe dormindo no sofá, sua KM 512 na mão, preparada para atirar.
Sua mão tremia, sua pele suava e seus olhos choravam.
"Vamos Perseus. Mate-o." Aquela voz soou em seu ouvido. "Veja o que ele fez, ele merece."
"Cala a boca."
"Perseus, se acalme, se você mata-lo, você é igual a ele."
"Cala a boca!"
"Perseus, atire. Você não quer ver a cara dele quando ele perceber que foi você que matou ele?"
"Perseus. Se acalme, querido."
"Calem a boca, porra!"
Gabe se mexeu no sofá.
Percy correu, correu até o banheiro e vomitou, escovou os dentes e olhou para sua reflexão no espelho. Uma moça branca, com cabelos negros como a terra e olhos verdes como as árvores olhava para ele. "Por que você não quer ser feliz?"
Percy fungou, derramando mais lágrimas.
A imagem mudou de novo, a moça de olhos cinzas e cabelos loiros olhava para ele. "Você fez o que é certo, vai ficar tudo bem."
"Saiam da minha cabeça! Saiam! Agora! Eu tenho nove anos!"
Ele era uma criança... não era?
Ele sabia sobre sexo, sabia sobre drogas, sabia sobre abuso, sabia sobre armas, tinha uma inclusive, isso não era coisa de criança. Se Percy fosse uma criança normal, ele poderia perguntar aos amigos se eles também viviam assim, mas ele não tinha nenhum.
Talvez ele não fosse criança mesmo.

𝐍𝐨𝐭𝐡𝐢𝐧𝐠 𝐛𝐫𝐞𝐚𝐤𝐬 𝐥𝐢𝐤𝐞 𝐚 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 // Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora