SOME PEOPLE OUT OF LUCK
"Some people got real problems,
Some people out of luck."
(algumas pessoas têm problemas de verdade,
algumas pessoas não tem sorte.)
Human, Rag'n'Bone Man14 de novembro de 1997 - 23 anos // 04 anos
As vezes Sally se perguntava se ela estava louca. Seus olhos estavam vermelhos devido ao choro e sua pele manchada de roxo devido aos tapas e ela tinha 90% de certeza de que alguma costela sua estava quebrada. Talvez lutar contra Gabe não fosse a melhor escolha, mas seu instinto de sobrevivência tinha falado mais alto dessa vez. Quando tudo doía demais, Sally pensava em seus pais, pais que ela tinha praticamente inventado porque, afinal, o que ela poderia lembrar além daquele último adeus?
Ao se olhar no espelho, ela via como se parecia com a mãe, era irônico como as crianças se pareciam com os pais, ela era ingênua e idiota como os seus próprios pais. Seria Percy ingênuo e idiota também? Ou seria ele como o pai, perigoso e arrogante? Era difícil acreditar que Percy tinha vindo dela, como podia um serzinho tão perfeito vir de alguém como ela? Que fazia escolhas que nem ela? Na infância, Sally sonhava em ser escritora, casar com alguém inteligente e doce (um professor talvez), alguém que gostasse de ler como ela, queria ter dois filhos, uma menina e um menino, eles viveriam numa casinha pequena perto da praia, mas isso era só uma ilusão.
A realidade era que ela tinha um filho que não tinha um pai, era casada com um bêbado viciado em poker e drogas pra quem ela era obrigada a se prostituir. Era seguro dizer que a esse ponto ela não esperava ser respeitada, nem ela se respeitava mesmo. Quem liga?
"Mamãe?"
...
Sally jurou que seu coração parou por um segundo. Na porta do banheiro estava seu menininho, de pés descalços machucados devido aos pedaços de vidro que estavam no chão (vidro do vaso que ela jogou na cabeça de seu marido na tentativa de fazer com que ele saísse de cima dela, não funcionou).
Suas mãos pequeninas carregavam um paninho que ele usava para dormir. "Mamãe?"
Ela esfregou o rosto com agressividade, fazendo-o arder, e então ela sorriu. "O que foi, meu amor?"
Ele esticou o paninho para ela, e então falou com a voz engasgada devido a chupetinha azul na boca. "Pa você." Seu sorrisinho quase fez com que a chupeta caísse e, honestamente, era a coisa mais fofa que ela já tinha visto.
Sally olhou para o paninho em sua mão, tinha um pequeno tubarão no canto, ele estava sujo porque Percy não deixava-a lavar e não tinha outros brinquedos. Seus olhos ardiam com mais força.
"Ai, peixinho. Vem aqui, deixe a mamãe limpar seu pé, você está todo machucado." Ela sentou ele no canto da banheira velha e pôs-se a cuidar dele. Sua cabeça doía de onde Gabe enfiou seu cigarro alegando que ela tinha que calar a boca antes que ele achasse outro uso para a mesma. Ao olhar para o rosto do precioso menino a sua frente, percebeu que ele usava seu paninho para tentar remover o sangue de sua cabeça. "Cuidado, você vai sujar o seu tubarão."
Percy tirou a chupeta da boca (ela tinha que tirar esse hábito dele, ela já estava grande demais pra chupeta, mas quando que ela tinha tempo pra isso?). "Não tem ploblema. Você tem um dodói."
A mulher o pegou no colo e abraçou-o com força, tomando cuidado com os pés machucados do menino. Talvez Percy fosse diferente, talvez ele não fosse como Poseidon ou Sally.
Caso não... ele seria a destruição.CRY LITTLE BOY
"Go ahead and cry little boy [...]
You know what your mama went through."
(vá em frente e chore garotinho [...]
você sabe pelo que sua mãe passou)
Daddy Issues, The Neighborhood14 de novembro de 2001 - 27 anos // 08 anos
Percy cantava baixinho, de cabeça baixa. Por que ele tinha que fazer isso? Era ridículo!
"Perseu! Mais alto!" Percy revirou os olhos, engolindo a vontade de mandar ela se fuder, ele não sabia o que isso significava mas Gabe sempre gritava isso para os amigos dele, então ele sabia que não era bom. "Eu não quero fazer isso." Ele murmurou.
"Perseu, isso é uma atividade. Seu pai vai gostar de ouvir você cantando para ele no coral da escola."
"Sra Darling-"
"Ele vai ficar orgulhoso de você, seu pai vai querer assistir. Faz com amor, como o seu pai te ensinou."
Um garoto bobo da sala de Percy gritou: "O pai dele não ama ele!" A turma caiu em gargalhadas, Percy queria morrer.
"Como assim? Claro que ama."
Percy balançou a cabeça. "Não ama, Sra Darling. Eu- Eu não tenho um pai."07 de fevereiro de 2002 - 28 anos // 09 anos
Percy fechou a porta de seu armário com força, Darel idiota.
"Meu pai me ensinou a pescar. Meu pai me ensinou a nadar. Meu pai me ensinou a jogar football." Meu pai isso, meu pai aquilo. Pai do Darel idiota.
Percy pensava um pouco demais em seu pai. Às vezes, depois de uma surra especial de Gabe, Percy se olhava no espelho e tentava se imaginar mais velho, mas sempre acabava vendo apenas um garoto desesperado e triste.
Às vezes, Percy via uma mulher bela em seu espelho, cabelos loiros, olhos cinzas e pele bronzeada. Ela o prometia uma vida melhor, uma mulher linda ao seu lado, alguns filhos e uma bela casa tanto para ele quanto para sua mãe, ela também o prometia uma figura paterna incrível e uma irmã. Outras vezes, Percy via uma mulher maligna, ela lhe prometia um castelo, todas as mulheres que ele quisesse e uma promessa de ter o mundo aos seus pés. As duas mulheres se chamavam Aphrodite e Gaia (pelo que diziam, que tipo de nomes eram esses?).
Ele não entendia a ideia, mas ele não gostava da proposta de Gaia, ela o prometia mil mulheres para ele, para que ele precisaria de mil mulheres? Uma mulher era o suficiente, era melhor uma alma gêmea, uma melhor amiga, do que mil mulheres sem amor. Era o que sua mãe havia lhe ensinado. Ele esperaria, esperaria pela mulher de seus sonhos, pela casa, pela vida melhor, pelo pai...
Valia mais a pena.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐍𝐨𝐭𝐡𝐢𝐧𝐠 𝐛𝐫𝐞𝐚𝐤𝐬 𝐥𝐢𝐤𝐞 𝐚 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 // Sally Jackson
Fanfiction"Sally já estava acostumada com o amor, bom, a ideia dele, o amor não existia, todos os homens a amavam até seu corpo se cobrir, ninguém amava ninguém, não naquele mundo." Essa história se desenvolve entorno de Sally, sua vida desde antes do nascime...