Our Percy

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Olha quem voltou :) A dor começou 😋💀🕳🏃‍♀️💨
Não pago terapia para ninguém já vou avisando.
23 de novembro de 2009  - 35 anos // 16 anos

Faziam trinta e quatro dias.
Mas pareciam trinta e quatro anos.
Paul não sabia o que sentir, não sabia nem se sabia sentir.
Toda vez que acordava ele fazia tudo igual, passava pelo corredor ao sair do quarto e ir à cozinha fazer café.
Todo dia ele olhava para o quarto do filho, esperando que ele saísse de lá.
Todo dia ele se decepcionava.
Paul podia ver em Sally que a abstinência de Percy não afetava apenas ele. Os olhos de Sally marejavam toda vez que cruzavam com fotos, roupas ou cadernos do garoto.
O mundo era diferente sem Percy, esse era o lado do mundo que Paul não queria conhecer.
Era incrível como, quando conheceu aquele garotinho de treze anos, Paul nunca imaginou que ele viraria seu mundo, a razão de seu viver.
O mundo sem Percy não tinha cor, o céu não era mais azul. Nada mais tinha beleza, nada mais tinha amor. Percy dava vida à vida. Paul não ligava para ciência nesse momento, Percy fazia o sol nascer, Percy fazia o céu ter cor no fim da tarde.
Paul sentia falta da risada do garoto, de seu humor complicado. Paul sentia falta da pessoa que ele era quando Percy estava por perto. Paul sentia falta da troca de olhares com Sally quando Percy falava da namorada.
Paul sabia que não era algo restrito à eles.
A namorada do filho, Annabeth, estava sofrendo muito também. A garota visitava eles com frequência e chorava até soluçar nos braços de Sally.
Por mais difícil que fosse entender porque ela era tão apegada a ele, Paul sabia que o fim do mundo devia intensificar as coisas.
Percy fazia ele entender a fragilidade das coisas. A fragilidade da vida.

24 de dezembro de 2009  - 35 anos // 16 anos

Paul não sabia como agir.
Não era natal de verdade.
Não sem Percy.
Ao entrar no apartamento, Paul se preparou para confortar a esposa, que com certeza estaria devastada.
Mas ele não era isso que ele esperava.
Sally estava ajoelhada no chão da sala, chorando com um casaco de Percy nas mãos.
"Amor..." Paul começou antes de sua voz falhar e seus olhos lacrimejarem.
Sally estendeu uma mão em sua direção. Ele entendeu o recado.
Paul sentou-se ao lado dela, abraçando-a na esperança de oferecer algum conforto.
Não sabia para quem era o conforto.
Sally soluçou em seus braços. "Meu garoto, nosso menino."
Paul se sentia engasgar com emoções. "Eu sei, querida. Eu sei."

-

Annabeth nunca havia chorado tanto. Isso era uma certeza.
Seus gritos de dor haviam sido abafados pelo travesseiro de seu amado. Ela podia ouvir Sally e Paul soluçarem na sala. Parte dela sabia que eles partilhavam sua dor, mas ela não conseguia fazer suas pernas funcionarem para levarem-na até eles.
"Por que?" Ela chorava contra os lençóis azuis dele. Tentava não pensar na probabilidade dele estar morto. Não achava que suportaria.
Ele era tudo para ela. Não entendia por que estava sendo privada de seu amor...
A parte racional dela, que havia derrotado Kronos, dizia que era ridículo ela amar alguém como amava ele, intensamente e desvairadamente como amava-o.
Mas a parte emocional dela, aquela que esperava que seu pai a amasse, que gostava de deitar contra o torso de Thalia para dormir quando pequena, que amava a forma como Sally a tratava como filha, sabia que Percy era o único que não havia a abandonado.
Percy, que matava monstros para sobrevivência, que havia esfaqueado pessoas.
Percy que tinha uma covinha na bochecha esquerda quando ria (só na esquerda), que gostava de comida azul, que deitava em seu colo ao assistir TV, que chorava toda vez que via Mamma Mia.
Percy, que tinha feito tudo por ela.
Percy, por quem ela não conseguia fazer nada.

𝐍𝐨𝐭𝐡𝐢𝐧𝐠 𝐛𝐫𝐞𝐚𝐤𝐬 𝐥𝐢𝐤𝐞 𝐚 𝐡𝐞𝐚𝐫𝐭 // Sally JacksonOnde histórias criam vida. Descubra agora