Two

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SERKAN
No passado

Oi, meu nome é Eda Yıldız — a garota da casa ao lado grita pra mim pela janela da sua casa — Qual o seu nome?

— Serkan — respondo.

Ela é bonita, mesmo com o seu cabelo longo todo bagunçado.

— Posso um dia brincar com você, Serkan?

— Você não pode sair agora?

Quando ela abre a boca para responder, ouço gritos vindo de dentro da sua casa e ela olha pra dentro assustada fechando a janela.

Eu não a vejo durante dias.

~~ • ~~
No presente

Durante os últimos anos eu ensaiei o que falaria para Eda quando a reencontrasse, eu planejei cada palavra de perdão, mas eu não poderia imaginar que encontraria ela no nosso lugar.

— Eda? — eu não consigo acreditar que ela está na minha frente — Eda... eu... nossa... você... — não consigo terminar um único pensamento.

Olho para trás e vejo Alp brincando com a garotinha, só então me dou conta de que aquela menina é sua filha. E claro que é, elas são idênticas... eu não sei como não desconfiei, eu só nunca imaginei que ela um dia estaria aqui.

Ela prometeu que não voltaria e ela cumpre suas promessas. O bastardo que não consegue fazer isso sou eu.

— Kiraz! — ela chama a garota e meu coração quebra com o seu nome, o nome que ela sempre falava que daria a sua filha.

Ela caminha em direção a criança e eu a sigo.

— Vamos entrar — ela segura a mão da menina, que parece não entender porque a sua mãe está tão brava de repente.

Mas eu entendo.

— Eda, não precisa ser assim... — tento fazê-la ficar, mais uma vez.

Mas ela não me escuta.

— Eda, por favor... — tento de novo e dessa vez ela se vira para me olhar.

— Eu não vou vender a casa para você — suas palavras são como facas.

Eda volta a andar rápido, arrastando a menina pelo braço.

— Papai — Alp me chama e Eda para.

Merda.

— Oi, campeão — respondo percebendo a sua confusão.

— Porque ela está tão brava? Eu fiz algo de errado? — ele pergunta. E eu olho pra Eda, que agora observa meu filho nos encarar.

— Mamãe, porque eu não posso brincar com ele? — é Kiraz quem fala.

— Nós não vamos ficar muito tempo, meu amor — ela responde a filha — ele não pode ser seu amigo.

— Elas devem ter algo importante para fazer, filho, a culpa não é sua — eu explico para ele.

Eda continha nos obsevando e eu vejo o conflito no seu olhar, ela está dividida entre querer perguntar sobre meu filho, ao mesmo tempo que não quer dirigir a palavra a mim. Ela sempre ficou assim quando brigávamos, desde criança.

— Eda, a casa... eu... — tento mais uma vez, mas como dizer isso?

"Olá Eda, quando tempo, não é? Eu estava planejando comprar a sua casa porque eu sempre tive esperança que você voltaria um dia e iria me perdoar. Será que você voltar a ser, no mínimo, minha amiga?" definitivamente eu não posso dizer algo assim.

Mas Eda não se importa, apenas retorna para casa e fecha a porta. Alto. Em um sinal óbvio de que não quer conversar.

E eu não a julgo.

— Alp, será que você poderia ir para casa? Papai já entra para ficar com você — eu peço.

Meu filho me obedece e entra em casa, mas eu volto até às árvores e pego a bandeja que ela havia levado os sanduíches.

— Eda — bato na porta — Você esqueceu a bandeja aqui fora.

Ouço passos, mas não é Eda que aparece.

— Obrigada — a pequena Kiraz abre a porta e pega a bandeja.

— É assim que você vai agir? — eu grito para Eda ouvir, eu sei que ela deve estar por perto — mandar sua filha vir aqui? Você já foi menos covarde, Eda.

— Ei, não fale assim com a minha mãe! — Kiraz me repreende e a cara que ela faz é tão parecida com a mesma que Eda fazia quando criança, que chega a ser assustador.

— Me desculpe, mocinha — eu sussurro — Só estou tentando fazer sua mãe vir me ver.

— Ela não quer te ver — Kiraz diz.

— Ela está atrás da porta, não está? — pergunto.

Kiraz não responde, mas balança a cabeça afirmando que sim.

— Fale para a sua mãe que eu não vou desistir — digo para Kiraz, só porque sei que Eda está ouvindo.

— Você deveria ter pensado nisso muito antes — não é Kiraz que responde.

E a porta se fecha.
E eu não as vejo por dias.

ALL IN MY HEADOnde histórias criam vida. Descubra agora