Three

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EDA

Você deve estar se perguntando como duas pessoas que eram melhores amigas, acabaram do jeito que eu e Serkan acabamos, não é? Eu sei que você está questionando isso porque foi a mesma coisa que fiz durante os dias que fui embora daqui.

Pensei, pensei, pensei... mas nunca consegui entender como ele pôde fazer tão pouco caso do que tínhamos. E isso me levou a tomar decisões que pouco me orgulho, mas que foram essenciais para mudar toda a minha vida.

E é por isso que eu preciso contar um pouco da nossa história.

~~•~~
No passado

— Você não cansa de se meter em problemas? — pergunto a Serkan quando pulo a janela do seu quarto.

— Ah, você também não Eda, por favor, não enche!

— Cara, seus pais fazem tudo por você e você continua tratando eles assim.

Reclamo com ele, de novo, Serkan é meu amigo desde criança, mas sua fase adolescente tem sido ainda mais difícil do que quando éramos criança. O fato de ter sido adotado mexe muito com a cabeça dele, então por mais que seus pais tente, ele não consegue ter um bom relacionamento com eles e isso ativou uma fase rebelde na sua vida.

— Eles sequer são meus pais — ele debocha de mim e faz pouco caso de Aydan e Kemal, e eu odeio isso.

Serkan se tornou o meu oposto, enquanto eu vivo para não arranjar problemas e ser a garota troféu da família, ele se tornou o garoto problema que vive se metendo em brigas na escola e tomando suspensão. Talvez a única coisa que realmente tenha nos unido, nos feito amigos, seja o fato de que ambos somos criados por pessoas que não são biologicamente nossos pais, talvez se não fosse por isso ele sequer olhasse pra mim.

— Eles ao menos tentam ser seus pais — tento comove-lo de outra forma, mas ele me ignora da mesma forma.

— Eu não tenho culpa se seus tios são cuzões com você, não jogue essa merda pra cima de mim.

— Caramba Serkan, porque você está tão insuportável até comigo? — suas palavras me machucaram, mas ele parece nem ter noção do que está dizendo.

Tem sido assim durante o ensino médio. Depois que ele passou a andar com outros caras na escola, isso parece ter liberado um Serkan que eu não conheço e não gosto, as vezes ele esquece de desligar esse Serkan e é um idiota até comigo.

— "Caramba Serkan" — ele omita a minha voz — Porque você não pode ser como uma adolescente normal e xingar de verdade? Vamos Eda, não seja tão boazinha, me xingue de verdade, com palavrões de verdade.

— Eu não sou um dos seus "caras" — faço ênfase com os meus dedos, e volto a abrir a janela para ir embora, sem querer ficar mais tempo com ele sendo um babaca — e eu não vou mais perder meu tempo com você.

— Você sempre volta pra mim, Eda, sempre. Não importa o quão cuzão eu seja, você sempre volta.

Eu amo o Serkan. Muito. Ele é a pessoa que faz essa cidade ser suportável pra mim, ele normalmente não é um babaca comigo, por isso mesmo depois de nossas brigas eu sempre volto pra ele. O problema é que ele parece não me enxergar como Eda, mas sim como se eu fosse um dos "seus caras", um de seus amigos homens, ele não parece perceber que eu sou a mesma Eda que ele conheceu quando criança, e sou mulher. Pode parecer ridículo o que vou falar agora, mas o fato de que ele não consegue me enxergar como mulher me irrita, principalmente quando ele diz que eu deveria ser mais como os amigos dele.

ALL IN MY HEADOnde histórias criam vida. Descubra agora