Four

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SERKAN
No passado

Chego em casa e ligo o computador para mandar mensagem pedindo para que Eda venha até o meu quarto, não gostei da maneira que Pinar falou com ela na saída da escola, mas alguns minutos depois ela responde algo que me deixa ainda mais puto.

"Não posso.
Estou de castigo.
A janela agora está parafusada."

Foram as três mensagens que recebi, mas o suficiente para me fazer correr até a garagem e pegar a caixa de ferramentas de Kemal. Subo para o meu quarto com um pé de cabra e vou direto até o muro, caminhando até a janela dela.

Vejo Eda deitada na cama de costas para mim, percebo que ela está usando apenas o meu casaco que fica o dobro do seu tamanho e que eu sequer sabia onde estava, mas claro que provavelmente eu devo ter deixado aqui, assim como eu deixo qualquer coisa, o quarto dela é como se fosse uma extensão do meu.

Bato na janela e ela olha para trás, me percebendo na janela.

— O que você está fazendo aqui? — ela vem até mim sussurrando.

— Se afaste um pouco, vou tirar esses parafusos — aviso, posicionando o pé de cabra.

— Serkan, não! — ela tenta me proibir, mas já é tarde demais. Forço o pé de cabra na base da janela e vejo os parafusos soltarem.

Entro no seu quarto e observo melhor o lugar, procurando qualquer vestígio de algo errado.

— O que aconteceu? — pergunto pra ela, percebendo que ela está ansiosa.

— Quando cheguei eles estavam brigando, tentei subir pro quarto sem ser percebida, mas quando eu estava tentando sair pela janela para ir até o seu quarto, Demir me viu. Então brigou comigo, disse que iria fechar a janela porque eu... enfim... — ela para de dizer.

— Termine o que ele disse, Eda — eu simplesmente sei que ela está ocultando os detalhes.

— Serkan, não precisa, está tudo bem...

— Eda... — tento de novo, mas ela nada diz — Cherry... — uso o apelido que lhe dei porque sei que é o seu ponto fraco.

— Ele disse que eu estava sendo influenciada por você, que precisava acabar com isso — ela aponta pra janela — Ou eu acabaria como uma puta viciada, isso apenas porque ele não gostou da blusa que usei para ir à escola.

Sinto tanto ódio que me dá vontade de rir. Viro de costas para que Eda não veja que eu estou pirando, porque eu sinto o excesso de raiva me dominar.

— Mas já está tudo bem, não precisa se preocupar, Serkan. Ele estava bêbado e...

— Isso não é uma maldita desculpa para ele falar merda de você — eu viro para olhar pra ela. — Porra, eu estou com ódio.

Shhh, não fale alto, ele já está dormindo mas pode nos ouvir e...

— Ótimo, que ele venha aqui. Eu vou mostrar pra ele toda a minha má influência.

— Não diga besteira — ela ainda tenta me acalmar.

Percebo que ela ainda está muito nervosa e a todo momento segura a manga do casaco. Ele não poderia ter a tocado, poderia?

— Eda, você ainda está me escondendo alguma coisa?

Mas ela não me olha nos olhos e isso pra mim já é resposta o suficiente.

ALL IN MY HEADOnde histórias criam vida. Descubra agora