Sixteen

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SERKAN

"É por isso que eu quero que você me conte a sua versão da história" provavelmente é o emaranhado de palavras que mais me encheram de esperança desde o dia que Alp falou que me amava pela primeira vez.

A esperança de que eu posso corrigir os meus erros. 

Então eu começo a falar... conto para ela sobre como Selin estava há um tempo me mandando mensagens, falo sobre como seu tio havia aumentado as provocações para que eu deixasse ela, sobre como eu me sentia um empecilho para o futuro dela. Conto sobre como eu já não me sentia bem com tudo, mas que ouvir ela contar para Deniz que desistiria da bolsa acabou piorando minha angústia e eu não sabia como enfrentá-la.

— Então você procurou pela Selin, porque me traindo eu não desistiria da bolsa de estudos — Eda me interrompe.

Eu posso notar o quanto é difícil pra ela até mesmo mencionar essas palavras. 

— Não, eu não fui atrás dela — volto a falar, recordando do pouco que lembro daquela noite — Procurei os caras porque eu queria ficar chapado, mas logo depois ela apareceu. 

"— Vocês avisaram para ela que eu estaria aqui? — pergunto um pouco raivoso. 

— Qual é, Serkan, ela sempre esteve com a gente. 

Merda. Eu não deveria estar aqui. 

— Vou embora, já tenho problemas o suficiente, não posso ficar aqui, Eda não vai gostar. 

— Ela não precisa ficar sabendo — é Selin quem diz — Eu não estou aqui por você, Serkan, você não é tão especial quanto pensa que é.

Ela debocha de mim, mas isso me faz ficar tranquilo sobre ela não encher o meu saco pelo resto da noite."

— Então eu comecei a beber e fumar. Eda, eu sei que isso é uma merda de desculpa, mas é a verdade — eu falo baixinho, mas continuo — Então depois daí tudo que lembro são pequenos fragmentos... lembro que comecei a suar, minhas mãos tremiam, então subi as escadas procurando por um banheiro. 

"— Eu não tô me sentindo bem, Selin. Dê o fora daqui — digo quando me sento na cama, minha vista turva, mas ainda boa o suficiente para vê-la entrar pela porta do quarto. 

— Eu posso ajudar, o que você está sentindo?

— E eu acreditei na bondade dela — continuo a contar. 

Eda em nenhum momento para de me olhar, mas sua expressão não diz nada sobre ela estar acreditando em mim ou não. 

— Então ela me trouxe água, disse que eu melhoraria e eu tomei. A próxima coisa que eu lembro é de ter acordado pela manhã com ela nua ao meu lado. 

— Você pode não lembrar, mas eu lembro — Eda me interrompe — Recebi uma foto de vocês no sofá daquela sala, foi por isso que eu fui até lá e vi vocês juntos na cama. Uma de suas mãos estava nos peitos dela, eu vi, não tem como negar isso, você bêbado ou não. 

Suspiro, pensando sobre como eu também acreditei nisso durante meses.

— Me desculpe, eu não deveria ter ido para lá — eu digo baixinho, finalmente falando o que eu deveria ter dito anos atrás. 

— Continue — Eda pede. Sua voz está gelada, como se reviver esse momento na sua cabeça trouxesse de volta a sua raiva.

— Quando acordei naquele dia eu não lembrava de nada, sequer sabia que você tinha estado por lá. Tudo que eu acreditava era que eu havia te traído, mesmo que eu sentisse que não era verdade. 

ALL IN MY HEADOnde histórias criam vida. Descubra agora