ℂ𝕒𝕡í𝕥𝕦𝕝𝕠 𝟙𝟛

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Cordélia era estúpida, ela descobriu.

Seus braços instantaneamente envolveram sua cintura, o rosto ficando vermelho de arrependimento e vergonha. Vergonha, raiva, medo – tantas emoções estavam passando por sua cabeça no momento, e tudo o que ela podia fazer era olhar para Scorpius, seus olhos cheios de confusão.

Ele olhou de volta para seu pai, que estava olhando para Cordélia com um rosto questionado. — Você não disse a eles que eu estava mostrando a você o que eu estava vestindo para o casamento?

Scorpius estreitou as sobrancelhas. — Hum, não? Isso parece muito estranho..

Draco revirou os olhos, embora seu coração estivesse batendo mais rápido. — Eu estava mostrando a ela algo para sua mãe. É isso. Você está agindo como se nós–

— –Como se tivéssemos feito alguma coisa. — Cordélia ergueu a sobrancelha para Scorpius, brincando com o que Draco estava dizendo.

Scorpius puxou as mãos pelo rosto. — Ok, ok, apenas vá embora. Minha convidada está aqui, esqueça que isso aconteceu.

Draco balançou a cabeça e fechou a porta do banheiro atrás dele, passando pelos dois. Cordélia sentiu alívio em todo o peito, pegando seu cabelo e prendendo-o para trás com a presilha.

Quando ela foi se afastar, Scorpius agarrou seu queixo com as mãos e, por um momento, sua respiração parou. Seus olhos azuis refletiam seus pais, e quando ela foi desviar o olhar, o polegar dele subiu e puxou para baixo o lábio inferior, carnudo e macio contra as pontas dos dedos.

Ela respirou fundo e o observou borrar seu batom. — Boa mancha. — Ele disse a ela, suavemente, mas asperamente. — Pena que eu só borrei mais do que já era.

Seu coração caiu para o estômago. — Scorp–

— É uma pena. — Ele a cortou, segurando sua mandíbula ainda mais forte, mas ele a tocou tão gentilmente. — Você não precisava mentir. Você está se fazendo parecer estúpida. Ele não quer você, Cordélia.

A dor brilhou em seus olhos, e Scorpius suavizou o rosto para ela. — Não–

— Ele não, Dee. Vamos lá. — Ele segurou o rosto dela, enxugou o rímel borrado, e então o batom. — Você não quer alguém que te leve em um banheiro pela primeira vez. Porra, Cordélia, eu posso ver todo o seu rosto. Seu short não está mais amarrado. — Ele balançou a cabeça e se abaixou para amarrar as cordas. — O cinto dele estava no chão e o furo na parede prova tudo.

A vergonha tomou conta de seu corpo inteiro, e Scorpius enxugou sob seus olhos, corrigiu sua maquiagem e empurrou seu brinco para trás com mais força. — Eu – Eu sinto muito, Scorpius.

Ele lhe deu um pequeno sorriso, e então beijou seu nariz. — Eu não estou bravo com você. Eu não estou te culpando. Eu só acho – que ele é o único cara que te deu atenção nos últimos dois anos. Não deixe isso te fazer cair muito forte, Dee.

Ela acenou com a cabeça, e saiu do corredor com ele. — Eu pareço bem? Eu me sinto – como uma puta, sabe? — Um suspiro deixou sua boca. — Eu acabei de–

— Eu te amo, mas diga isso mais tarde, quando estivermos sozinhos. — Scorpius a interrompeu, ganhando visão das escadas.

As sobrancelhas de Cordélia se estreitaram quando ela ouviu Carmella chorando, e quando viu sua mãe carregando-a escada abaixo, a raiva ferveu dentro dela.

Seus pés a levaram mais rápido para sua mãe do que nunca – e quando ela a alcançou, Carmella estava alcançando Cordélia, que estava dando a sua mãe o maior olhar que ela já havia dado a alguém.

— Você, não toque nela. — Sua voz era áspera, e sua mãe nunca a tinha ouvido falar com ela assim. — Ela é minha.


A caneta não se movia no papel, ela percebeu.

Assim como ela percebeu que a maçaneta não giraria sem que sua boca se movesse. Mas agora, Cordélia não achava que isso aconteceria. Ela sabia quem estava do lado de fora daquela porta, ela sabia quem queria falar com ela.

Tudo dentro dela queria abrir aquela porta. Exceto, aquela pequena parte que estava no fundo de sua mente, repetindo as palavras de Scorpius em sua cabeça. Ele estava certo. Draco Malfoy foi a primeira pessoa que deu atenção a ela nos últimos dois anos, e isso despertou algo dentro dela que queria mais.

Já faz cinco meses com ele aqui. Durante três desses meses, ela ficou muda. Agora, ela estava ficando muda novamente. Sua garganta se fecharia e a compreensão se estabeleceria nela.

Draco era um homem comprometido. Ele não queria Cordélia. E Cordélia... era exatamente como sua mãe.

Ela se virou e puxou as cobertas sobre seu corpo trêmulo, e não atendeu a porta.


— Miokho! — Scorpius gritou, estremecendo assim que o fez. — Desculpe, Dee. Não quis gritar.

Embora seus olhos estivessem fechados, ela assentiu. Scorpius estava tentando tirar Miokho do candelabro, antes que ele quebrasse as dobradiças e caísse no chão.

Cordélia pegou Carmella e acenou adeus para Scorpius. Ela estava dando um passeio como de costume, e sua mãe não estava em casa.

Apenas Scorpius e Sr. Malfoy.

Seu coração doía cada vez que pensava no que fazia. Já se passou mais um mês, e apenas mais um levaria ao casamento de sua mãe. Ela não podia lidar com isso, ela não achava que seria capaz de vê-la caminhar pelo corredor e colocar um anel no dedo de Draco.

Ela não falou muito durante este mês, apenas passou um tempo com Carmella e Scorpius. Quando ela olhou para Carmella, caminhando com a mão na de Cordélia, seu coração derreteu. Carmella tinha cabelos castanhos encaracolados, o mesmo nariz de Cordélia, e seus olhos eram verdes, assim como suas mães.

Ela era como um espelho para Cordélia.

Quando Cordélia olhou para trás, suas pernas quase cederam quando ela olhou para trás e viu um homem encapuzado, seguindo-a. A primeira coisa que ela fez foi pegar o telefone que estava enfiado no sutiã e ligar para Scorpius.

E isso se transformou em duas ligações.

E, eventualmente, quatro.

E então – quinze quando ela percebeu que o cara a estava seguindo.

Ela estava começando a desistir, até que Scorpius atendeu no último toque e ela praticamente explodiu em suspiros. — Scorpius – alguém está me seguindo.. estou com medo.. — Sua voz era baixa, e ela tinha Carmella em seus braços só para garantir. — Eu preciso de–

— Cordélia, onde você está?

Seu coração parou ao som da voz de Draco, e percebeu que não foi Scorpius quem atendeu. Ela rezou e rezou para que ele a encontrasse porque ela não falava. Sua boca fechada, olhos implorando em qualquer lugar que ela olhou e apenas segurou o telefone perto dela enquanto Draco repetia.

E na quarta repetição, ela percebeu que ele estava correndo pela porta.

𝑫𝒂𝒅𝒅𝒚 | 𝑫𝒓𝒂𝒄𝒐 𝑴𝒂𝒍𝒇𝒐𝒚 +18Onde histórias criam vida. Descubra agora