A banda

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Este é o maior capítulo do livro até o momento, e ele tem uma carga emocional bem difícil. O que posso adiantar é que muitas coisas sobre Tainá (e até sobre Deco) serão explicadas aqui.

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A mansão dos Cavalcante de Menezes em Alphaville II permanecia gloriosa, oculta pela mata fechada, com as palmeiras imperiais acompanhando o caminho de pedras até a majestosa residência, que não possuía mais um de seus ocupantes – enquanto outro prosseguia em suas idas-e-vindas na casa.

Uma das pessoas que se encontrava no carro popular chamado de "Manchado", observando todo o caminho pela janela até chegar à mansão, incluindo as palmeiras imperiais que adornavam o percurso, ficou em choque quando a construção imponente, tal e qual o sobrenome Cavalcante de Menezes, se apresentou à sua frente.

- Isso aqui é um hotel?

- Sei lá... Professor Léo disse que a gente tava indo pra casa dele.

- Professor Léo, professor, morando nessa casona? Oxe...

Enquanto os adolescentes no banco de trás tentavam entender o que acontecia, as dúvidas deles também eram as de Tainá, que segurava as duas mãos, dedos cruzados uns nos outros, meio tensa enquanto o carro se aproximava ainda mais dos portões da casa.

Quando o carro finalmente parou, próximo à uma espécie de estacionamento onde havia outros veículos, todos eles visivelmente caros, importados, o nervosismo de Tainá se ampliou.

Em tese, Léo a levaria para conhecer a sua casa e sua família. Era isso que ela estava esperando, não visita a uma mansão que parecia de algum artista, ou de alguém muito rico.

- Bem... Eu geralmente trago muito poucas pessoas para cá, porque até que elas entendam exatamente por que eu nunca conto sobre isso... Eu... Eu descubro coisas sobre elas e não dou o próximo passo. É um processo da minha terapia, tentar me abrir mais para as pessoas, e...

- Pode falar, Leonardo. Eu posso ouvir e entender completamente; você só não pode dizer para mim que é casado.

- Não! Não tem nada disso! Eu não sou casado não! Meus pais são! Eles até estão aí, esperando por você, vão te receber muito bem, receber os meninos bem... O que eu queria dizer, e eu acho que os meninos vão acabar ouvindo também... -Anderson e Lenita, no banco de trás do carro, pareciam bem atentos ao que ocorria no banco da frente .- Eu... Eu sou professor e dou aula, os meninos sabem disso... Mas eu não sou apenas isso.

- E você é o que exatamente? Você é dono dessa casa também? Como é que você paga o aluguel?

O rapaz levou a mão aos cabelos e coçou a nuca, antes de dizer:

- Eu uso meu sobrenome Assunção, que é de minha mãe, para as pessoas não quererem coisas de mim. Mas eu tenho outros dois sobrenomes em minha identidade. Meu pai se chama Alberto Cavalcante de Menezes, ele é dono de uma grande construtora chamada CDM/Calete, que é muito importante e-

- Eu já ouvi falar dessa construtora! Meus pais falaram uma vez... - Lenita parecia bem-informada sobre as notícias. - Um negócio aconteceu há muitos anos atrás, os gêmeos que trocaram de lugar! Fizeram até uma minissérie na TV!

- É... fizeram, mas mudaram tanto a história que... Na verdade, meus pais não tinham dado os direitos pra fazer a série, então pra evitar o processo, os produtores não colocaram nenhuma informação referente à nossa família, nem os nomes das crianças. Por isso... As crianças na minissérie não eram Léo nem Rebeca. Em resumo, eu sou Leonardo Cavalcante de Menezes. Meu pai é rico, eu sou rico

- Professor, o senhor é bilionário! - a frase de lenita foi o suficiente para Tainá engasgar e Anderson engolir em seco. Aquela visita, em tese, era tanto para Tainá conhecer os pais e irmãos de Leonardo, e Anderson se divertir um pouco com crianças de idade dele, e a oportunidade de levar mais um coleguinha.

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