cabine de confissão

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Harry acorda e se prepara para a missa. Não é uma capela grande, e não há muitas pessoas que se juntam a ele, apenas algumas das crianças mais religiosas. A maioria das Irmãs fica no orfanato para cuidar das crianças ou cozinhar, então o espaço é mais que suficiente. Assim que ele termina, ele anuncia que a cabine de confissão estará aberta pela próxima hora e sai para seu próximo posto.

Algumas das crianças vêm para a cabine de confissão. Mariah diz a ele que ela não reza há um pouco, Rosemary diz a ele que ela está se sentindo um pouco mal, e Markus pergunta se o padre Harry vai ficar bem, dizendo a ele que ele não gosta de ver ninguém. triste. Assim que terminam, ele espera que a próxima pessoa entre na cabine de confissão. Demora um pouco, e Harry quase pensa em sair para checar se ainda tem alguém lá fora, mas ouve passos se aproximando e a porta se abrindo.

“Perdoe-me, padre, porque eu pequei,” uma voz começa, uma voz que Harry conhece, e ele está meio decidido a abandonar seu posto. “Eu nunca confessei antes.”

Harry não tem coragem de responder.

“Eu nem acredito que você existe. Nunca fiz e provavelmente nunca farei”, continua Marvolo. “Mas eu pequei demais na minha vida. E tenho muito a confessar”, Marvolo respira fundo. “Quase trinta anos atrás, eu matei James e Lily Potter. Houve uma profecia, e um dos meus seguidores conseguiu ouvir metade dela. Ele me disse, é claro, e que meia profecia afirmava que seu primeiro filho, Harry Potter, seria o responsável pela minha morte.

Harry se força a permanecer em silêncio.

“Então eu fui lá pessoalmente. Matei os pais dele e tentei matá-lo. Mas… algo aconteceu e eu morri no lugar do menino”, explica Marvolo. “Ele ficou conhecido como o Menino Que Sobreviveu, o Salvador da Luz, aquele que era o único adversário para mim, o Lorde das Trevas Voldemort. O único capaz de me derrotar. Mas ele desapareceu quando era um mero bebê e foi declarado morto quando completaria doze anos, já que ninguém o conhecia, e ele não havia recebido sua carta de Hogwarts.

Marvolo respira fundo.

“As pessoas me culparam, é claro, porque quem mais o mataria? Mas eu nem estava vivo naquela época. E ele não estava morto. Acontece que ele não foi para Hogwarts porque achou que a carta era uma mentira, e Harry Potter não recebeu uma carta, porque seu nome foi mudado para Harry Evans,” ele diz “E eu sabia que ele estava vivo por anos, porque, o que quer que tenha acontecido quando tentei matá-lo, criou uma conexão entre nossas almas. E eu podia ver o mundo através de seus olhos quando tinha certas visões. Mas eu menti para todo mundo.”

Marvolo suspira.

“A verdade é que eu não sou o Lorde das Trevas Voldemort desde que morri. Não matei desde então. Quando voltei, voltei com um pouco mais de sanidade. E decidi lutar a guerra que vinha lutando com sangue, em vez disso, na política. Fiz as pazes com pessoas que antes eram minhas inimigas, me transformei no ministro que todos queriam. E nasceu o Marvolo Gaunt”, conta. “Mas o que todo mundo faria se eu dissesse a eles que Harry estava vivo? Eles saberiam com certeza que o Lorde das Trevas voltaria. E quem mais seria o Lorde das Trevas se não o homem que Alvo Dumbledore, o líder da Luz, os advertiu a não eleger?”

Harry ouve um barulho.

“Mas, é claro, mentiras são feitas para desmoronar. Ele foi encontrado. E eu decidi ser seu mentor. Eu sempre quis ser professor, e foi uma grande oportunidade para estudar o que a profecia significava e suas habilidades, caso ele decidisse me matar,” ele para por um breve momento. “O problema é que, depois de um tempo, fiquei muito perto dele. E eu amo ele."

Harry tem que se impedir fisicamente de ofegar.

“Eu amo o jeito que ele fala, eu amo o cheiro dele. Seus olhos verdes brilhantes, seu sorriso, seu jeito estranho de estar perto de outras pessoas. Eu amo o jeito que ele lê histórias em voz alta para as crianças. Eu amo o quão forte e determinado ele é. Adoro estar perto dele e ficaria ao seu lado para sempre, se a escolha me fosse apresentada”, diz Marvolo. “Mas eu não deveria ser capaz de amar assim. Eu nasci incapaz de amar. E pensei que isso fosse verdade para toda a minha vida, quase noventa anos de vida, já que nunca tive uma queda ou vi necessidade de ter um relacionamento romântico. Eu nem tenho amigos”, continua ele. “Mas tenho certeza de que isso é amor. Claro, eu tive que estragar tudo. Eu o machuquei. Eu machuquei Harry.”

Harry sente lágrimas inundarem seus olhos, e talvez Marvolo também esteja chorando, a julgar pela fungada ao lado dele.

“Eu menti para ele sobre o meu passado. Sobre as coisas que fiz. Nunca disse a ele. Nem queria dizer a ele. Tenho muito medo da morte e muito medo de perdê-lo. Eu sei que deveria, porque não posso voltar atrás nas decisões que tomei antes, e Harry ficou magoado por minha causa. Não teria mudado nada, porque eu o perdi de qualquer maneira. E agora, se realmente existe um Deus, e você está realmente lá fora, eu quero saber o que posso fazer para corrigir isso. O que devo fazer para que ele me perdoe?” Marvolo funga novamente, a voz ficando fraca. "Sinto muita falta dele. E eu o amo tanto, mas não quero machucá-lo nunca mais. Eu não sei o que fazer.”

Harry sai da cabine de confissão e caminha para o outro lado, com lágrimas nos olhos, e Marvolo simplesmente sai e se ajoelha na frente dele, a cabeça tocando o chão, tão degradado quanto Harry já o viu.

“Eu sinto muito, Harry. Sinto muito por ter traído você. Sinto muito por ter te machucado.”

Harry também se ajoelha e traz o homem em seus braços. Ele acha que os dois merecem chorar um pouco. Marvolo o abraça de volta, mais forte do que Harry o segura, e beija sua testa, logo acima de sua cicatriz, soluçando contra Harry.

"Por favor... por favor me dê uma segunda chance," ele respira contra Harry. "Eu vou provar a mim mesmo para você."

"Ok," Harry responde, a voz calma. "Ok."

Eles continuam ajoelhados no chão da capela por um tempo, incapazes de se soltar.

Divine [ TRADUÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora