mentiras se desdobram

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Voldemort acorda e Harry não está em lugar nenhum, mesmo que seu despertador ainda não tenha tocado. Ele lentamente se levanta da cama. O sofá tinha se transfigurado de volta em uma cadeira, mas o travesseiro e o cobertor de Harry ainda estão em cima dele, quase caindo no chão. Ele olha ao redor da capela, em sua cozinha e banheiro privativos, mas Harry não está em lugar algum.

Ele acha tudo incrivelmente estranho, mas talvez ele tenha que sair com pressa. Talvez algo tenha acontecido.

Qualquer que seja a desculpa que ele tenha inventado para o misterioso desaparecimento de Harry murcha em nada quando ele vê as rosas pisoteadas e o sangue no jardim. Ele pode sentir os restos de magia, tanto de Harry quanto de outra pessoa. Uma briga aconteceu no jardim, e a única coisa que ele consegue pensar é encontrar Harry.

Mas ele está longe de ser encontrado.

Ele pergunta às Irmãs sobre isso, e nenhuma delas viu Harry. James está preocupado, agarrado às vestes de Voldemort, e ele é o encarregado de levar o menino para a escola. As crianças estão preocupadas, ele pode ouvir vários bebês chorando, e muitos deles perguntam às Irmãs sobre Harry. Ele aprende a trocar fraldas e a acalmar um bebê chorando com as simpáticas e pacientes Irmãs do orfanato, e Voldemort tenta afogar suas preocupações em obrigações.

As crianças absolutamente o odeiam. Os bebês e crianças pequenas fazem birras quando ele tenta pegá-los. As crianças ficam o mais longe possível dele, com exceção de James, que insiste em sentar ao lado dele para almoçar assim que ele voltar para casa e acompanhar Voldemort o dia inteiro. Ele está com medo por Harry, sente falta dele, e Voldemort não sabe bem o que fazer quando chora por isso.

James acha que Harry pode ter se machucado, mas Voldemort não conhece uma única pessoa que poderia machucá-lo – pelo menos, não se eles tivessem ordens para não machucá-lo.

A maioria dos bebês está inconsolável, chorando o dia todo. As Irmãs correm pelo orfanato segurando-as, tentando descobrir o que elas precisam, e Voldemort agora percebe por que elas precisam tanto de Harry. Ele tenta lançar um feitiço calmante nos quartos do orfanato, mas as crianças parecem ainda mais agitadas por causa disso.

Voldemort não sai do orfanato preocupado. As Irmãs parecem apreciá-lo, mesmo que ele cause o caos sempre que se aproxima das crianças.

“Está tudo bem”, uma delas, Irmã Mary, diz a ele quando ele menciona isso. “Todos nós temos dificuldades com as crianças. Padre Harry tem talento para lidar com eles. Estamos felizes por você estar aqui, ou, pelo menos, que você se importa o suficiente com ele para ficar aqui e ajudar,” ela sorri. “Ele ficará feliz em ver um rosto amigável quando voltar para casa.”

"O que você acha que aconteceu?"

“Não tenho certeza. Mas eu acho... eu sinto que é algo ruim,” ela franze a testa. “Espero que ele esteja seguro. Mas se ele foi levado... Deus me livre.

Ela se vira para ele.

“Você deve entender, Sr. Gaunt, que eu trabalhei com outros padres antes de vir aqui. E nenhum deles era tão dedicado quanto o padre Harry. Se ele foi...” ela respira fundo. “Se ele foi levado, Deus o protegerá. Isso eu posso garantir.”

Voldemort nunca acreditou em Deus. Suas palavras não o acalmam, mas ele aprecia sua intenção. Ele a deixa para ir ao jardim e usa sua magia para consertar as flores pisoteadas, tentando não pensar no que aconteceu com Harry, esperando que ele volte.

Ele se pergunta quem o sequestraria, mas ele acha que não tem ideia. Se um dos repórteres desse seu endereço para outra pessoa, então não haveria nada que Voldemort ou Harry pudessem fazer para impedir. Voldemort se certificou de que seu endereço fosse escondido do público, mas os repórteres que iam ao Lar Harmonia e o viam sabiam que ele morava lá.

Voldemort se pergunta se ele terá que enviar seus Comensais da Morte em uma expedição para encontrá-lo.

O sol já está se pondo quando as portas do orfanato se abrem. Harry está ali, um de seus olhos inchado e completamente preto, hematomas se formando em seus braços. Ele está segurando seu próprio pijama esfarrapado. Voldemort tem que segurá-lo de pé para evitar que ele caia de cara no chão. Madre Felicity mantém as outras Irmãs calmas e as orienta sobre como ajudar Harry.

Eles o deitam na cama e, pela primeira vez, os olhos de Harry caem em Voldemort.

Ele parece bravo com ele.

"Você..." ele começa, a voz rouca, e as Irmãs se acalmam. "Você mentiu para mim", todos eles se voltam para Voldemort, os olhos arregalados. “Voldemort.”

Ele sente o coração na garganta, enquanto arregala os olhos. As Irmãs estreitam os olhos para ele.

"Harry…"

"Eu confiei em você", diz ele, fechando os olhos, incapaz de mantê-los abertos. “Cancelar a tutoria. Irmã Rose irá levá-lo até a saída, e, pelo seu bem, é melhor você nunca mais voltar aqui, Voldemort."

Uma das Irmãs, Rose ele assume, agarra seu braço e o arrasta para fora. Ela está com raiva dele também. Ao sair, ele pode ver a raiva das outras Irmãs direcionadas a ele. Os olhos da Irmã Mary estão cheios de lágrimas e decepção. Voldemort apara em sua mansão assim que ela o deixa. Ele cai de joelhos e esconde o rosto nas mãos.

Uma parte dele sente que a raiva de Harry não se justifica. Mas ele lembra a si mesmo que matou os pais do homem e durante todos os meses em que se conheceram, ele nunca disse nada a Harry. Ele deveria ter dito alguma coisa, era inevitável que Harry descobrisse.

A água em seus olhos é apenas o frio chegando até ele.

Talvez a poeira também.

Divine [ TRADUÇÃO ]Onde histórias criam vida. Descubra agora