Cap III - Grupos

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POV: Mackenzie Dallas

(...)

Depois do meu momento de dança ser interrompido, resolvi ir para casa, pois fiquei com medo de que mais pessoas pudessem aparecer por ali. Quando cheguei lá, a primeira coisa que fiz foi tomar um banho quente para tentar relaxar. Só para deixar claro, não fiquei brava com a Harper ou coisa do tipo. Na verdade, ela parecia ser a pessoa mais simpática daquela escola. Ela não foi como todos os outros que quiseram saber cada detalhe da minha vida no primeiro encontro. Acho que isso me fez ficar particularmente interessada em me aproximar mais dela.

Esperei a noite chegar porque precisava desabafar com a minha mãe. Gisele conseguiu um emprego no jornal da cidade, já que tinha feito faculdade de Jornalismo e parecia empolgada com a ideia. Ela adorava escrever. Enfim, assim que a minha mãe atravessou a porta, comecei a falar tudo o que precisava.

— Mãe, fala sério. — Cruzei os braços. — Não tinha outra cidade pra escolher não?

— Boa noite pra você também, Mackenzie. — Ela suspirou e franziu a testa. — O que aconteceu?

— Eu nunca vou me adaptar nessa cidade. As pessoas são super invasivas e eu sou um evento naquela escola. Falaram de mim nos anúncios da manhã. Que escola tem isso?

— Filha, é uma cidade pequena. As pessoas ficam eufóricas com novidades. Use isso ao seu favor.

— Não tem como. Eu tentei entrar pro time de dança, mas só tem meninos e eles não aceitam meninas. Eu quase briguei com um cara por causa disso hoje. Olha o tipo de confusão que eu tô me envolvendo porque as pessoas têm a mente fechada.

Minha mãe suspirou de novo e começou a caminhar até a cozinha. Eu a acompanhei.

— Tente mudar isso — ela disse e pegou um copo de água. — Você pode ser a nova garota, mas é a nova garota de uma cidade grande. Você tem potencial pra fazer grandes mudanças na escola.

Passei a mão no cabelo, desesperada porque a minha mãe não me entendia.

— Mãe, eu não quero isso. Não quero ter que lutar contra o sistema. Só queria dançar em paz, passar pelo ensino médio sendo uma pessoa comum e entrar em uma universidade com as boas notas que tenho.

— Fundar um time de dança pode te ajudar nas cartas de recomendação.

— Você nunca vai me entender — reclamei e cruzei os braços.

Gisele bebeu um pouco de água e suspirou pela décima vez naquela conversa.

— Mackenzie, eu cresci nessa cidade — ela começou. — Lake Charles tá longe de ser Nova York, mas acho que você precisa descer um pouco do pedestal e olhar pras pessoas que tem aqui. É uma realidade diferente e acho que você precisa viver isso. Vai ser bom pra você, confie em mim.

Eu a olhei com indignação, mas fiquei quieta. Resolvi ir para o meu quarto antes que eu falasse coisas que não deveria e deitei na cama. Eu queria chorar até dormir, mas nem isso eu consegui. Foi uma noite péssima onde a ansiedade e a aflição tomaram conta de mim.

No dia seguinte, eu esperava que a minha mãe fosse me levar para a escola, mas não foi isso o que aconteceu. No café da manhã, ela me deu as orientações:

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