POV: Sue
(...)
O sábado chegou e os meus pais estavam em casa. Quando fui tomar café, a minha mãe estava na cozinha. Sinceramente, sempre gostei de fazer as minhas refeições sozinha, tudo porque eles não paravam de falar da minha incrível e maravilhosa irmã: Tabitha Adams. Ela era claramente a preferida e eu me sentia bem afetada com aquilo. Porém, eu não podia falar absolutamente nada porque sempre ficavam contra mim.
— Susan, a Tabitha vai vir pra casa em alguns dias — minha mãe disse.
— Ótimo — falei sem empolgação nenhuma e peguei um pouco de café.
— Não quer ver a sua irmã?
— Claro que quero. — Eu nem olhei para a minha mãe e esperei que ela notasse que eu estava sendo irônica.
— Ela pode te dar algumas dicas de como melhorar o seu histórico escolar.
Comecei a caminhar para a porta da cozinha e revirei os olhos. Infelizmente, cruzei com o meu pai e ele me repreendeu dizendo:
— Por que nunca ouve os nossos conselhos?
— Eu ouço, mas quero que vocês me ouçam também.
— E o que você tem a falar?
Fiquei totalmente chocada com aquela pergunta, afinal, os meus pais não eram de dar abertura para mim. Respirei fundo e desabafei:
— Primeiro, parem de achar que eu e Tabitha somos a mesma pessoa. Nós somos diferentes, temos planos diferentes e fazemos coisas diferentes.
— Na época da escola, Tabitha era presidente de entidades estudantis — meu pai argumentou. — Você é líder de torcida, Susan.
— A capitã delas — corrigi. — E o que tem de errado nisso?
— O que isso vai agregar na sua vida?
— Muitas coisas. Eu coordeno o time, tenho que organizar as coreografias, buscar patrocinadores, animar a torcida.
— Você só dança — minha mãe disse como se nem tivesse escutado a minha explicação. — É uma coisa fútil, Susan. Isso vai te ajudar no que?
Passei a mão no cabelo, indignada com aquelas palavras. Sempre era aquilo: eles tentavam diminuir tudo o que eu fazia. Aposto que se fosse o contrário, Tabitha receberia apoio.
— Não é só dançar, mas vocês nem se esforçam pra entender o que eu faço como capitã das líderes de torcida — falei com o tom mais agressivo que o normal. — Mas nem vou perder o meu tempo tentando explicar de novo. Vocês nunca entenderiam mesmo.
Saí daquela cozinha antes que eu explodisse. Fui para o meu quarto e comecei a chorar. Apesar de ser uma verdadeira fortaleza na escola, em casa eu passava por problemas que estavam além de mim. Eu não podia forçar os meus pais a mudarem e eles definitivamente não queriam me entender.
Para me distrair, resolvi que o melhor era sair de casa e respirar um pouco de ar puro. Então, tomei banho para recarregar as minhas energias, coloquei roupas mais leves e saí de fininho. Não queria ver os meus pais e nem ficar naquela casa.
Comecei a andar pelas ruas e acabei parando no parque, lugar que achei que seria mais seguro para vagar e pensar na vida. Foi bom por alguns momentos. Era um gosto que eu não revelava para ninguém, mas eu adorava ficar perto da natureza. Eu tinha algumas plantas em casa e cuidava delas como se fossem as minhas filhas. Eu gostava de ouvir o som dos pássaros. Era um dos meus animais favoritos. Eles podiam voar e ser livres, além de sempre estarem acompanhados. E aí me veio a pergunta: por que não fazer a casa de pássaros com a Lily? Acho que eu só estava sendo preconceituosa, já que todos achavam ela estranha. É, eu estava a julgando sem nem conhecer. Porém, balancei a cabeça para os lados e afastei esse pensamento. Eu não queria ser vista com a garota estranha.
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Projeto Clichês
RomantiekEsse livro é um conjunto de 5 histórias clichês com sáficas como protagonistas. Tem amor a primeira vista (ou pelo menos uma curiosidade ao primeiro olhar), enemies to lovers, strangers to lovers... Enfim, temas clichês já bem conhecidos por todo mu...