Cap VII - Bolinhas

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Apesar dos empecilhos, o basquete feminino conseguiu ganhar a final e dedicou a vitória às Joaninhas. As líderes de torcida se recuperaram até que rápido e voltaram sedentas por vingança.

— Meninas, eu sei que vocês estão muito ansiosas pra fazerem aquelas chatinhas da dança pagarem — Dom começou. — E, sinceramente, não tô pensando muito nas consequências. Quero ideias e, por favor, que sejam perigosas.

As Joaninhas se olharam e sorriram malandramente. Elas gostaram da forma como a capitã havia falado e queriam uma vingança bem feita. Foi por causa das Abelhas que elas perderam a chance de se apresentarem em uma das finais mais importantes. Então, elas estavam cheias de planos perigosos prontos para serem executados.

— Acho que tenho uma ideia — Gabi disse.

— Desenvolva — Dom pediu.

Enquanto Gabi explicava, do outro lado da escola, mais especificamente no estúdio de dança, as Abelhas estavam finalizando o seu ritual para novas participantes veteranas. Assim como Grant explicou para as novas líderes de torcida sobre o que significava ser uma Joaninha e os seus valores, Galaretto também fez as apresentações para as novas dançarinas.

— Meninas, estamos felizes em receber vocês aqui — ela começou. — Nós somos uma equipe que busca melhorar o nosso desempenho, mas com muita diversão porque isso é bem importante. Aqui criamos laços para toda a vida. — Lara sorriu levemente. — O nosso símbolo é a abelha porque ela representa o que nós precisamos dentro da equipe: cooperação, lealdade, disciplina, organização, ordem e alma. Sem isso, não faria o menor sentido existirmos. Entenderam essa parte? — As novas assentiram. — Ok. É o meu último ano aqui e já temos a nova capitã: Renee Jensen. — A menina se levantou e todas bateram palmas. — É ela que vai guiar as Abelhas a partir de agora.

— Nossa nova Abelha-Rainha — Lim brincou e ouviu-se várias risadas.

— Espero conseguir manter o ótimo trabalho da Lara — Renee disse.

— Eu tenho certeza que vai — Lara a apoiou. — Para as novas, espero que se divirtam e que esse ambiente seja legal pra vocês. Para as veteranas, continuem dando o máximo a cada treino e competição. Vamos levar as Abelhas ao lugar mais alto do ranking.

As dançarinas bateram palmas e Lara sorriu, orgulhosa de si mesma. Ela não pretendia envolver as novas naquela vingança contra Dominique Grant, já que precisava de aliadas confiáveis para que tudo aquilo não chegasse em ouvidos errados.

No dia seguinte, as Joaninhas já tinham tudo preparado. A ideia de Gabi foi aceita pelo grupo porque foi considerada perigosa o suficiente para a vingança. Dom e as outras meninas organizaram tudo e a escolhida para executar foi Clarisse.

— Tem certeza que quer fazer isso? — Dom perguntou. — Se alguém pegar você, sabe que as consequências podem ser bem ruins, né?

— Eu sei e relaxa, Dom — a escolhida respondeu. — Sempre quis me sentir em um filme de ação.

Grant deu uma risada e abraçou a amiga. Depois disso, elas começaram a encher dois baldes com bolinhas de gude. As dançarinas estavam no estúdio treinando e as Joaninhas ficaram observando por um tempo. Elas precisavam do momento certo para atacar.

— Clarisse, pode ir quando se sentir segura — Dom deu o comando.

A menina piscou, elas se abraçaram mais uma vez e Clarisse pegou o balde. Ela estava vestida com uma das faxineiras da escola e entrou no estúdio. As Abelhas nem notaram a movimentação diferente, já que estavam concentradas na dança. A líder de torcida aproveitou o momento, passou perto delas e derrubou propositalmente os baldes cheios de bolinhas. 

As dançarinas sofreram para se manter em pé e algumas delas caíram. Como Lara estava bem na frente, ela não foi atingida com força, mas logo olhou para trás e viu a bagunça que havia sido feita.

— Mas que... — Galaretto começou a dizer e olhou para a faxineira, que já estava perto da saída e correu como se a sua vida dependesse disso. — Tá todo mundo bem?

— Não — Sol disse e colocou a mão no tornozelo. — Aqui e o meu braço estão doendo.

— Vamos pro hospital — Lara disse. — Depois, vou atrás da vadia da Grant. Ela não pode machucar uma de nós e achar que tá tudo bem.

— Teoricamente, nós demos lanches estragados pra elas — Renee disse.

— De que lado você tá? — Galaretto arqueou uma sobrancelha.

— Óbvio que do seu, mas sabíamos que mexer com as outras líderes de torcida seria perigoso. A Grant é capaz de qualquer coisa pelas Joaninhas, assim como você é por nós.

— Então a culpa disso aqui é minha? — Lara parecia irritada, mas sabia que tinha um fundo de verdade.

— Não, Lara — Renee disse no tom mais calmo que conseguiu. — Enfim, acho que a sua briga é com outra pessoa. Vamos levar a Sol pro hospital.

Lara respirou fundo algumas vezes e conseguiu se controlar. As Abelhas chamaram a enfermeira da escola e ela fez os primeiros socorros. Galaretto acompanhou Sol até o hospital e lá ela precisou engessar o braço, pois havia quebrado na queda. Aquilo só deixou a Abelha-Rainha ainda mais irritada com a líder das Joaninhas. Ela precisava dar um basta naquilo, mas não seria do jeito que Dom queria.

No dia seguinte, Dom foi até o vestiário com duas amigas. Lara, que estava observando todos os passos da sua inimiga, viu e foi atrás. Ela precisava falar com aquela garota. Assim que entrou no lugar, as Joaninhas se colocaram em posição de proteção em relação a Dom, que estava fechando o armário.

— Grant, preciso falar com você — Lara disse e olhou para as duas garotas que a acompanhava. — A sós.

Dom revirou os olhos e cruzou os braços. Depois, ela deu as instruções.

— Meninas, podem deixar que eu me viro aqui. Me esperem na quadra.

Hesitantes, elas saíram e Lara se aproximou de Dom. Elas sentiram aquelas mesmas faíscas no ar que sempre acompanhavam os seus encontros.

— O que você quer? — a líder de torcida perguntou.

— Você realmente não sabe?

— Deixa eu adivinhar: uma das suas abelhinhas se machucou e agora você quer ter a moral de me fazer sentir culpa sendo que quem atacou primeiro foi você.

— Como você tem a audácia de dizer que eu ataquei primeiro? — Lara deu mais dois passos na direção de Dom. — Você alterou as minhas notas e roubou o meu sapato. Eu só revidei.

— Mas eu nunca havia feito nada contra as Abelhas porque a minha briga não é com elas e sim com você. A partir do momento que você mexeu com as minhas Joaninhas, eu tive que descer o nível. Só revidei o que vocês fizeram com a gente.

Lara sabia que tinha tomado a pior atitude possível. Mesmo assim, ela não queria que Dom pensasse que ela tinha desistido. Então, a dançarina se aproximou ainda mais da líder de torcida, que encostou as suas costas no armário. Lara colocou uma mão no bolso da calça e apoiou a outra no armário, ficando bem perto de Dominique Grant. A tensão que ambas sentiam era quase palpável.

— Agora que a desgraça já tá feita — Lara começou —, acho que já deu de prejudicar as nossas meninas, certo?

— Certo. Vai tirar o seu nome da lista?

Galaretto soltou uma risada nasal.

— Isso nunca, Grant. — Ela olhou bem nos olhos da sua inimiga. — Apareça amanhã no campo de futebol depois das aulas. Vamos resolver isso. Só eu e você.

Dom tremeu por dentro, tanto por toda aquela proximidade com Lara como pela ansiedade de finalmente poder resolver aquela situação.

— Ok, Galaretto.

Depois disso, Lara deixou o vestiário e Dom respirou fundo algumas vezes para controlar o coração disparado. Ela não sabia o que a dançarina estava planejando, mas ela estava pronta. Ela queria dizer tudo o que estava entalado há muito tempo.

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