Cap V - Garota estranha

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POV: Sue

(...)

Surpreendendo a todos os meus neurônios, Susan Adams resolveu realmente me ajudar no trabalho. Depois de uma aula de biologia, ela deixou um bilhete na nossa bancada com o número do telefone dela e uma mensagem:

“Me diz onde você vai fazer o trabalho e espero que seja discreta. Se alguém souber que tô fazendo isso, minhas ameaças não serão apenas palavras e dessa vez eu tô falando bem sério”

Soltei uma risada nasal. Eu não tinha medo nenhum dela. Acho que na verdade era uma sensação de pena. Ela parecia ter tudo, mas se importava demais com a opinião das pessoas. Claro que ser vista andando com a garota estranha ia pegar mal para ela. Como eu estava de muito bom humor e querendo a ajuda de alguém com aquele trabalho, resolvi aceitar aquelas condições e passei as informações por mensagens. Ela respondeu que apareceria no parque depois do treino das líderes de torcida.

Fiquei na biblioteca no período da tarde pesquisando sobre os pássaros que eu já tinha conseguido tirar foto. Comecei a montar um roteiro para o relatório e esperava que Sue também ajudasse naquela parte, mas nem ia cobrar. Também vi as fotos e comecei a editá-las, já que os computadores da escola tinham um programa que era ótimo para fazer isso. Porém, o meu trabalho foi interrompido quando um número desconhecido me ligou. Eu não atendi de primeira, mas na segunda vez, precisei atender.

— Alô?

— Lily! — Era a voz da Kari.

— Kari? Por onde você tá me ligando? — Ela não tinha celular.

— É o celular de uma amiga.

— Aconteceu alguma coisa?

— Não. Só queria dizer que te amo.

Soltei uma risada nasal e coloquei uma mão na testa.

— Kari, você é impossível. — Eu ri fraco.

— Você não me ama? — O drama em sua voz era claro.

— Claro que amo, mas eu tô ocupada agora, ok? Preciso desligar.

— Ok, Lily. Beijos.

Ela desligou e a bibliotecária me olhou com uma cara de "melhor ficar quieta ou eu te expulso daqui". Forcei um sorriso e voltei a minha atenção para o computador. Fiz um belo progresso.

Na hora marcada, fui para o parque depois de passar em casa para pegar os materiais. As madeiras já estavam cortadas, faltava apenas colocá-las no lugar, pregar, colar, enfim. Sue chegou alguns minutos depois e vinha com um moletom branco e uma calça legging.

— Oi, Sue.

— Oi. O que você vai fazer?

— Bom, as peças estão cortadas. Só falta colocar no lugar e pregar. Quer ajudar?

Eu sempre fazia aquela pergunta porque tinha fé que ela participaria. Susan tinha uma pose de durona, mas eu acreditava que era muito mais por não querer receber ordens de uma nerd do que falta de vontade de fazer o trabalho. Eu ainda queria entender o porquê daquele interesse repentino, mas não quis questionar. Tudo o que eu precisava era de uma mãozinha e seguiria o roteiro dela para conseguir.

— É o jeito — ela respondeu e deu de ombros. — O que eu preciso fazer?

— Só seguir isso aqui. — Mostrei o passo a passo no caderno. — Vou te orientando, caso precise e você queira.

Depois da explicação, sentamos na grama e começamos a montar a casinha. Sue parecia atrapalhada com as ferramentas, mas se esforçava e era aquilo que eu precisava. Óbvio que teve o momento da implicância porque não podia faltar entre a gente, mas a verdade é que eu estava começando a gostar de passar um tempo com ela. Algo dentro de mim queria que ela também gostasse, mas eu sabia que aquilo era impossível. Ninguém queria se aproximar de mim, então por que a garota mais popular faria isso?

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