Cap VIII - O basta

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Lara e Dominique tiveram noites bem difíceis. Elas estavam ansiosas para o dia seguinte. Ambas tinham grandes expectativas e imaginavam como seria aquele diálogo. Dessa forma, os poucos cochilos que tiveram foram norteados pela imaginação das duas.

Quando amanheceu, elas se arrumaram ainda pensando naquele encontro. Dominique colocou uma calça com estampa militar, uma camiseta verde e uma blusa de frio vermelha e preta das Joaninhas, literalmente vestida para a guerra. Lara vestiu uma calça jogger preta e uma camiseta de botão azul escura. Elas estavam estilosas o suficiente para aquele embate e assim foram até a Kennard High School.

Ambas passaram as aulas com os seus respectivos grupos e tudo pareceu andar mais devagar, o que é comum da ansiedade. Depois, elas foram se encontrar no campo de futebol. 

Quando elas chegaram no ponto combinado, a seriedade predominava o rosto das duas.

— E aí? — Lara disse. — Como vamos resolver isso?

— Achei que você já soubesse. Afinal, quem combinou isso aqui foi você.

— Bom, primeiro quero saber se você tem alguma ideia.

— Você sabe que só tem uma maneira de me parar.

— Tirando o meu nome da lista?

— Exatamente. Olha só, você não é tão burra como eu pensei.

Lara revirou os olhos, mas focou no objetivo e respondeu:

— Isso eu não vou fazer. Desista.

— Não vou desistir porque eu sei o que eu quero e vou lutar por isso.

— Estamos disputando, Grant. Que medo todo é esse de perder?

— Só quero garantir o prêmio antes.

— Gosta de coisas fáceis, né? — a dançarina debochou. — Você é muito mimada. Olha as coisas que tá fazendo por uma coroa de plástico.

— Se é só uma coroa de plástico, por que você quer tanto? — Dom provocou.

Galaretto parou e respirou fundo. Na verdade, ela sabia os motivos, mas não queria admitir. Ela tinha algumas dúvidas dentro de si e resolveu questionar a líder de torcida.

— Grant, por que você me odeia tanto? Eu realmente não consigo imaginar um motivo pra isso, mas não deve ser só por causa da coroa.

— Você não sabe mesmo, né? — Lara negou com a cabeça. — É, a minha avó tinha razão. Quem bate nunca lembra, mas quem apanha... ah, Lara Galaretto. — Ela fez uma pausa dramática. — Quem apanha sempre lembra.

A dançarina ficou confusa. Ela não se lembrava de nada que havia feito para a líder de torcida.

— Do que você tá falando? — Lara resolveu perguntar.

Dom respirou fundo e pensou se era uma boa ideia revelar tudo aquilo que estava entalado há muito tempo. Era o momento que ela havia esperado e ela precisava tirar aquilo do peito. Então, Grant começou:

— Nós já fomos amigas inseparáveis quando éramos crianças. — Lara ficou estática, pois não se lembrava. — Nós duas tínhamos a dança em comum. Fazíamos balé juntas, mas você foi se destacando e me abandonou. — O tom odioso da líder de torcida não deixava dúvidas. — Você começou a andar com as meninas que eram melhores do que eu e nem se importava mais comigo. Você ganhava os prêmios de reconhecimento e... eu te admirava, Lara. — A dançarina continuou quieta e confusa. Dom começou a se entregar aos seus sentimentos e sentiu os seus olhos se encherem de lágrimas. — Eu achava que íamos crescer juntas, dançando, nos divertindo, aprendendo juntas como amigas, mas a fama subiu pra sua cabeça e você se afastou de mim.

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